Texto poético de Virgínia Teixeira - Um oceano
A nossa história foi diferente, talvez mais banal do que queremos imaginar, mas ainda assim, existiu e, por algum tempo, os nossos mundos tocaram-se, fundiram-se e foram diferentes.
Por algum tempo pensámos um no outro ao acordar, e ao adormecer.
Brincámos de faz de conta e fingimos um futuro que nunca acreditamos realmente poder ter. Um futuro que, acho, nunca sequer quisemos de verdade. Falámos o bem e calámos o mal. Amámo-nos de verdade, porque só conhecíamos porções de nós, fechámos os olhos ao resto. E, ainda assim, valeu a pena.
E, ainda assim, daqui a dez anos, vamos lembrar, por um motivo qualquer, uma música, uma palavra, o que vivemos, e vamos sorrir.
Não temos como não sorrir, se nos salvámos um ao outro, se nos entregámos quanto pudemos a este encontro.
Nunca te vi, não sei como é o teu rosto, a que sabe o teu beijo, mas sei que te amei. Sei que, se tivesse te tocado, se te tivesse sentido em mim, não ia conseguir esquecer o teu cheiro.
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