sábado, 12 de novembro de 2011

Recordar o Raizonline-Textos de numeros de arquivo - NOS SERTAO DO BRASIL - Crónica em «caipirês» por ACAS



Recordar o Raizonline-Textos de numeros de arquivo - NOS SERTAO DO BRASIL - Crónica em «caipirês» por ACAS

As coisa num ia bem! Sór brabo pra mais de quatro mêis. Lá nos piquete, o gado magricela e os matungo, era só pele e osso. Até no córgo do brejão, já se via os efeito da estiage. No poção, bem na curva do córgo, adonde as traíra vão tomá sór e os lambari de rabo vermêio e os tambiú acudia aos magote até quando uma fôia caía nágua, era só desolação.

Tudo o que as vista arcança e vê agora é aquele mundão de meu Deus de pexes boiano, tudo de barriga pra cima, puxano o fôrgo sem ar. Arguma coisa o cão fez pra ficá assim! Eu era um bacurim e vi isso tudo. Eu tava dijunto cum a minha mãe e as cumadre dela e mais um mundão de criança e muié dos colonho da fazenda. Nóis tudo carregava uma garrafa dágua cada um. Nóis tava numa porcissão pra São Pedro fazê chovê, rezano e cantano uns hino.

 ...«Nossa Senhora saiu/com seu manto na cabeça/Nossa Senhora saiu/Com seu manto na cabeça/O manto dela caiu/Bem na rua da tristeza/ A seca tá muito grande/Chuva Deus num qué mandá/A seca ta muito grande/Chuva Deus num qué mandá/Manda as chuva que nos móia/Nem si fô pra consolá »...
E nóis seguia as estrada de terra batida, os carreadô, as senda. Tudo quanto era Santa Cruz das estrada nóis parava, rezava dez Ave-Maria e Deiz Padre-Nosso e cantava os hino. Quanto acabava, despejava um poco da água da garrafa em cima da santa cruz.





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