sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Crónicas e ficções soltas - Alcoutim - Recordações XIV - Por Daniel Teixeira - Os animais



Crónicas e ficções soltas - Alcoutim - Recordações XIV - Por Daniel Teixeira - Os animais

Animais, em Alcaria Alta, por aquilo que fui entendendo, e talvez não fosse e não seria mesmo em termos lógicos diferente noutros sítios serrenhos, eram, os animais, medidos pelo seu grau de utilidade. O conceito de animal de estimação era dividido entre a ideia da utilidade do animal acrescentado pelos relatos das suas proezas ou manifestações da sua esperteza.

Por exemplo, a minha avó tinha cerca de uma dezena de gatos e por isso não havia ratos, nem lagartixas entradas pelas pedras e poiais, nem osgas esgueiradas pelas inúmeras frestas das casas, frestas estas que inventariaria começando logo em cima das nossas cabeças, na cobertura interior (hoje chama-se de forro), feita de canas atadas entre si, o chamado caniço.
Os gatos estavam na sua grande parte apenas presentes às horas das refeições roçando-se pelas nossas pernas e miavam e como eles miavam, era uma verdadeira des - sinfonia. Eram corridos mas voltavam logo: era praticamente impossível controlar todo aquele «rebanho».No inverno eram verdadeiros gatos borralheiros aquecendo-se perto das brasas e das cinzas. A maior parte das vezes íamos encontrá-los nas redondezas da casa, muitas vezes mesmo de barriga ao sol outras de mira paciente em algo que andasse por ali e lhes fornecesse algumas proteínas.

A minha avó gostava muito de uma gata, contudo, e contava dela uma proeza que deve conter alguma coisa de fábula evidente, mas vindo da minha avó, uma mulher rija e de poucos carinhos acaba por valer ainda mais: uma noite cansada de a ouvir miar (alguns tinham direito a dormir aos pés da cama) tinha-lhe jogado um sapato e gritado que «se tinha fome que fosse caçar». Deixou-se dormir e depois acordou com ruídos estranhos vindos do buraco na parede por onde os gatos entravam e saiam daquele quarto directamente para a rua. Levantou-se e foi dar com a gata arrastando uma lebre «tinha ido mesmo caçar, como ela lhe dissera !».

De acrescentar que por experiência própria sei que acontece por vezes encontrarem-se lebres que por uma razão ou outra não correm, deixando-se antes ficar escondidas atrás de ervas ou ramagens. Com os meus amigos «tínhamos» um cão pequenito que era especialista no farejo e que levantava a caça para os galgos que mais que uma vez abocanhou coelhos e lebres nestas situações e nem de outra forma poderia ser porque em corrida não dava para meia gaitada.



quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Escolhas - Um Conto/Novela de VIRGINIA TEIXEIRA - Parte V



Escolhas - Um Conto/Novela de VIRGINIA TEIXEIRA - Parte V

A casa na Inglaterra foi ideia dela. O que mais queria era sair deste pais de pobreza, mas não sabia para onde. França jamais. Espanha era perto demais. A Inglaterra devia ser bonita. Ele nunca lhe disse que não. Foram viver para uma propriedade no interior da Inglaterra, numa casa vitoriana que ele deixou que ela decorasse como bem quis.

Com o divórcio, decerto iria perder muito dinheiro, mas tentaria fugir disso o mais possível. Durante meses ninguém soube sequer onde estavam e o Dr. teve tempo de esconder jóias e riquezas. O engraçado é que, se chorou muito nos primeiros dias pelo que fez à sua família, quando deixou de chorar pareceu ser totalmente feliz.

Jamais voltou a ver os filhos, apesar de falar bastante deles. Mandou-lhes uma quantia reduzida durante o resto da sua curta vida, mas não lhes respondeu as cartas. Eram cartas raivosas, de filhos destroçados, de uma família totalmente despedaçada, e ele sentia-se cobarde demais para enfrentar aquelas palavras.

Pedia a Leonor que lesse as cartas, no caso de haver algo de importante, e não queria saber de mais. Ela leu as primeiras, as outras deitou-as fora. Não valiam a pena. O passado tinha de ser esquecido, pelos dois, e ela ajudá-lo-ia a fazê-lo.

No mês seguinte a ter saído de Portugal, enviou o primeiro cheque à mãe. Nunca foi descontado. Nem o segundo. Nem muitos outros, até que, vários anos mais tarde, começaram a ser descontados. Ela nunca soube porquê, a mãe não lhe respondia às cartas, mas ficou um pouco mais contente por isso.

Na altura começou a pensar em voltar, em ver a família, apenas para quebrar o vazio, mas levou muitos anos a faze-lo realmente. Entretanto a mãe morreu, mas os cheques continuaram a ser descontados e ela nunca soube, nem imaginou. O pai, em França, estava enterrado numa vala qualquer, e a mãe descansava no cemitério da terra.

E ela em Inglaterra, rica e quase feliz. Feliz tornou-se mesmo quando o Dr. morreu, cinco anos depois de terem comprado a casa. Entretanto já ela colocara quase todas as suas posses no nome dela, e a velhice que o atacara fora tão súbita que nos últimos três anos fora mais uma enfermeira que amante daquele homem.

O fogo dele extinguiu-se, mas continuava apaixonado por ela. Não a criticava por nada que fizesse, e não a via senão como uma menina linda e inocente. Mal sabia ele que nunca fora inocente… Ela estava rica, e era tudo aquilo que sempre quisera.

Destruíra pelo caminho duas famílias, e gostaria de se conseguir lamentar por isso, mas a verdade é que se sentia vitoriosa em tudo. Dera o seu corpo a um velho que não se cansara de a ferir sob o pretexto do amor e de uma paixão grande demais, mas conseguira tudo aquilo que tinha querido.


 

Histórias...mais que histórias - Por Karolina Felipe - Superando seus limites; Respostas para a vida



Histórias...mais que histórias - Por Karolina Felipe - Superando seus limites; Respostas para a vida
Superando seus limites
As pessoas que fazem diferença neste mundo são aquelas que acordam, procuram pelas circunstâncias que querem...
Não esperam que as coisas aconteçam, mas fazem as coisas acontecerem.
Quem escolhe o caminho da diferença, faz a diferença.
No entanto, a maioria leva uma vida que não gostaria...
Ao invés de conduzir sua vida, o que fazem?

Estão sempre culpando suas circunstâncias, se sentem vítima, refém, prisioneiros de seu destino.
Vivem uma vida limitada, em trabalhos que não motivam mal remunerados, vazios ou um tédio interminável.

Então, qual é a solução? Fazer as coisas de forma diferente, ver com outros olhos!
Muitos fazem as coisas da mesma maneira e esperam que os resultados sejam diferentes. Preciso é deixar as experiências velhas de lado pra deixar chegar as novas.

Respostas para a vida

O dia mais belo: hoje.
A coisa mais fácil: errar.
O maior obstáculo: o medo.
O maior erro: o abandono.
A raiz de todos os males: o egoísmo.
A distração mais bela: o trabalho.
A pior derrota: o desânimo.
Os melhores professores: as crianças.
A primeira necessidade: comunicar-se.
O que traz felicidade: ser útil aos demais.
O pior defeito: o mau humor.
A pessoa mais perigosa: a mentirosa.
O pior sentimento: o rancor.
O presente mais belo: o perdão.
o mais imprescindível: o lar.
A rota mais rápida: o caminho certo.
A sensação mais agradável: a paz interior.



 

Poesia de Jorge Simões - Filosofundo; Canção do Desterrado; Transbordancial

Poesia de Jorge Simões - Filosofundo; Canção do Desterrado; Transbordancial

Filosofundo

Filosofar, filosofar sonhos dentro, até acordar
Ao som real (se não genial) do despertador
A rastejar, rastejar vida fora, até cabecear
E outra vez filosofar o que calhar sob o cobertor
Não é que a dor se apague com a luz da cabeceira

Canção do Desterrado
Canta o desterrado algures, nalgum mapa
O canto sufocado da vida que lhe escapa
Entre rachas, raivas e entre rotas tortas
Dos dias compridos das fechadas portas
Bússolas, sextantes, réguas, nada usa

Transbordancial
Primadonafrase minha dona primavera
Primitiva vera prima toda doce como Eva
Minha fruta sumarenta minha ideia primeva
Flor de primo choro morno derramado em cada era
Como a hera que arrebata em si signos sons sinais
Sempre verdes sempre tenros sempre ternos sempre iguais

Leia este tema completo a partir de 3/10/2011

Coluna de Manuel Fragata de Morais - MEMORIAS DA ILHA - CRONICAS - A BRIGA



Coluna de Manuel Fragata de Morais - MEMORIAS DA ILHA - CRONICAS - A BRIGA

Casados há pouco mais de um ano, tiveram a primeira briga há dias.
Não foi amuo, não. Foi mesmo briga e da séria, que só não deu reunião de família porque ela, a Rosa, a tinha toda no Kunene. E família grande, diga-se. O mais baixo dos irmãos kwanyama tinha um metro e noventa de altura e quase outros tantos de largura.

Ainda bem para o Celestino, agora banido para o sofá da sala de visitas por duas semanas.
Duas semanas?... é que a Rosa tinha o espírito de Mandume, forte e guerreiro, e não pactuava com ninguém que ofendesse a sua fé e religiosidade.
Por questões da fé é que o marido foi banido para o sofá da sala de visitas?

Sim! E se olharmos para a questão sob o ponto de vista da Rosa, teremos que conceder que ela teve carradas de razão. Sobretudo quando se entender que o Celestino, mais ou menos ateu, se vira forçado a casar em cerimónia religiosa pela Igreja Católica quando a barriga da Rosa começou a crescer. A questão do crescimento da barriga não foi assim tão problemática, que necessitasse de negociações aturadas, estavam de facto apaixonados um pelo outro e queriam viver juntos, todavia a Rosa procedia de uma família antiga de gente muito religiosa, que já produzira três padres e dois cónegos ao longos dos anos. Casaram-se, pois, pela Igreja, com todo o cerimonial que uma ilustra família podia almejar para a primeira filha casadoira.

O Celestino, mesmo o nome favorecendo, teve dificuldades enormes para mastigar o pouco do catecismo que teve que aprender para o efeito, tendo passado ainda pela comunhão e pelo crisma. Jurou que um dia haveria de se vingar, não fosse ele também filho de Deus.

Enquanto viveram no Sul, frequentou assiduamente a Igreja, ia todos os domingos com a esposa e a família à missa. Mas não conseguiram que comungasse. Após várias tentativas, quando um bom domingo o viram mastigar a hóstia com tanto rancor que até fazia caretas, com metade dos comungantes a olharem estupefactos, foi imediatamente dispensado e liberado pela família, envergonhada.




Coluna de Manuel Fragata de Morais - O FANTASTICO NA PROSA ANGOLANA - José Mena Abrantes - O Pião



Coluna de Manuel Fragata de Morais - O FANTASTICO NA PROSA ANGOLANA - José Mena Abrantes - O Pião

O Pião

Na ínfima fracção de tempo que decorreu entre o clarão imenso do raio que lhe rachou o crânio e o estrondo que ainda hoje perdura nos ouvidos de muitas testemunhas, M.L. lembrou-se finalmente onde escondera o pião novo de madeira, comprado com o dinheiro que durante semanas fora roubado discretamente da gaveta da cómoda da irmã de sua mãe.

Apesar de já terem passado mais de quarenta anos, M.L surpreendeu-se menos com a recordação do que o facto de se ter podido esquecer durante tanto tempo.
Que memória a minha, comentou para si próprio, dirigindo-se calmamente para a direcção certa.

No dia em que o vi com um pião novo, depois de me ter andado a pedir dias e dias seguidos para lhe comprar um – disse a mãe em pranto, sem saber por que carga de água isso lhe vinha à cabeça precisamente naquele momento – tive um pressentimento que lhe ia acontecer algo de muito mau na via. Meu pobre filho!... E fungava, inconsolável.

O pião ainda estava efectivamente no mesmo local. Sem o brilho e a lisura de antigamente, prometia, no entanto, girar bojudo e leve na palma da mão aberta. O bico de ferro enferrujara, naturalmente, mas isso não tinha assim muita importância.

Altas horas da noite, enquanto cochichavam risos em surdina à volta do caixão tapado, de onde volta e meia saía um ligeiro odor a carne queimada, todos os amigos foram unânimes em recordar a sua tremenda habilidade para atirar o pião nos tempos de escola primária.

Lembraram-se mesmo do dia em que ganhara uma aposta, sozinho contra a escola quase inteira, pondo o pião a girar durante um tempo inacreditável em cima de uma moeda de cinco tostões.


terça-feira, 27 de setembro de 2011

1º EVENTO DE POESIA / LITERATURA DO SEIXAL

ART’ANIMA SEIXAL ASSOCIAÇÃO CULTURAL

APRESENTA
1º EVENTO DE POESIA / LITERATURA DO SEIXAL
Dia 1 de Outubro de 2011, pelas 15.00 horas
Local: Sociedade Filarmónica Democrática Timbre Seixalense

- Seixal

PROGRAMA
15.00 hrs

- MESA DE HONRA:

Joel Lira - Nat. Amora; Maria Alexandrina Pereira -Natural de Setúbal; Maria Emilia Daniel Leitão - Gouveia / Santarém;
Drª Alcione Scarpin - Nat. de S. Paulo / Brasil; Luís Filipe Estrela - Setúbal; Rosélia Martins - Nat. Loulé /
Povoa St. Adrião.

15.10 hrs - Saudação do Presid. Direcção da Art’Anima Seixal – Assoc. Cultural - 15.15hrs -

INTERVENÇÕES DA MESA

: 15.55 hrs -

ACTUAÇÃO DO GRUPO ANIMAE VOX – 1ª actuação

16.05 hrs -

Chamada ao palco dos 1 Grupo de 5 participantes:

Arlete Piedade – Nat. Abrã / Santarém; Luís da Mota

Filipe – Nat. Anços / Montelavar / Sintra; Sara da Costa – Nat. Cano / Seixal; Cidália Laranjo – Nat. Vidago / Aveiro;
José Luís Cordeiro - Nat. Santarém / Alpiarça. -

16.25 hrs -

ACTUAÇÃO DA SOPRANO

LUCINA SILVA, acompanhada pelo guitarrista José Carita – representação da Casa

do Povo de Corroios - 1ª actuação.

16.35 hrs -

Chamada ao palco do 2º grupo de 5 participantes:

Pinhal Dias – Nat. Amora / Seixal; Margarida Canto - Nat.

Lisboa / Sintra: João Noronha - Nat. Aldeia de Paio Pires / Seixal; Isabel Fontes – Nat. Lisboa / Lisboa; Joaquim
Silva - Nat. Matosinhos / Porto -

16.55 hrs -

ACTUAÇÃO DO GRUPO ANIMAE VOX - 2º Actuação.

17.05 hrs -

Chamada ao palco do 3º Grupo de 5 participantes:

Maria José Lacerda – Nat. Vila Real / Lisboa; Victor Dias

- Nat. Torres Novas / Seixal; Isabel Reis – Nat. Massarelos / V. N. De Gaia; Paulo Edson - / Seixal; Ana Cristina
Videira - Nat. Lisboa / Seixal -

17.25 hrs -

ACTUAÇÃO DA SOPRANO

LUCINA SILVA c/guitarrista José Carita 2º E 3º acto. 17.40 hrs -

Chamada ao palco do 4º Grupo de 7 participantes:

Pedro Nobre - Nat. Alemanha / Sesimbra; Carla Gomes –

Nat. Angola / Barreiro; Eurico Leote – Nat. Albufeira / Mem Martins; Maria Isabel Rodrigues – Nat. Palmela / Palmela;
Maria Melo - Nat. Porto / Loures; Joaquim Evónio - Funchal / Lisboa; Fátima Nascimento – Nat. Lisboa /
Entroncamento -

18.05 hrs -

ACTUAÇÃO DO GRUPO ANIMAE VOX – 3º Actuação

18.30 hrs – Fecho dos trabalhos.

ENTRADA
LIVREENTRADALIVREENTRADALIVREENTRADALIVREENTRADALIVREENTRA
Apoio:
C.M.Seixal – Junta Freg. Seixal e Junta Freg. Arrentela - Soc. Filarmónica Timbre Seixalense – Comercio do Seixal
e Sesimbra – Popularfm 90.9 – Raizonline – Os Confrades da Poesia.

domingo, 25 de setembro de 2011

Jornal Raizonline nº 139 de 26 de Setembro de 2011 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - A memória esse bem «natural»



Jornal Raizonline nº 139 de 26 de Setembro de 2011 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - A memória esse bem «natural»

Memórias, sim, sempre memórias e sempre memória. Embora neste último dia 21 se tenha assinalado o dia da doença de Alzheimer, (Ver artigo aqui) doença esta que se define essencialmente pela ausência de memória ou por falhas nela, o certo é que compreendemos também por isso melhor aqueles que infelizmente não podem usufruir desta nossa aptidão que infelizmente utilizamos por vezes de forma indevida ou não damos à mesma o tratamento de honra que ela merece.
As memórias como quase todas as coisas podem dividir-se em memórias boas e más memórias (o bem e o mal estão sempre presentes). Algumas destas, as últimas, as más, são para esquecer ou para ignorar, dizemos nós quase sempre. Para pensar desgraças basta-nos o presente, também dizemos. No entanto existe um capital grande de aprendizagem de vida que está também contida nas nossas memórias sejam elas boas ou más. Há até quem diga que se aprende mais com os erros (ou más memórias) do que propriamente com as certezas (as boas memórias).
As coisas não são bem assim, como será claro: as boas memórias ensinam tanto como as más memórias. No nosso jornal e na nossa rádio, embora por vezes isso não seja muito evidente numa primeira leitura, trabalhamos essencialmente com a memória, com o conhecimento adquirido, com aquilo que se sabe e com aquilo que se vai sabendo de novo: vamos criando nova memória ou coisas que podem ou não ficar nas memórias. Um risco sempre a criação...existe sempre o risco, de ficarmos ou não na memória.
Como exemplo e porque vem a talhe de foice, o Fernando Pessoa, com o seu Poema (longo e muito organizadinho) a Mensagem ficou em 2º lugar no Concurso a que concorreu e ficou na memória: o concorrente que ganhou o prémio, que ficou em primeiro  lugar não ficou na memória. Para se saber quem ele foi é preciso procurar bem e para saber o que ele escreveu provavelmente nem se consegue.



Recordar o Raizonline - Trabalhos de Numeros de Arquivo - COLUNA DE JOSE GERALDO MARTINEZ - OS FINS DO MUNDO



Recordar o Raizonline - Trabalhos de Numeros de Arquivo - COLUNA DE JOSE GERALDO MARTINEZ - OS FINS DO MUNDO


Publicado inicialmente na EDIÇAO EXPERIMENTAL DE NOVEMBRO DE 2008.

Recebi, ainda outro dia, um e-mail de gozação, falando do fim do mundo! Sim, isto mesmo! O fim do mundo, pelo fato de Lula estar explicando as mudanças na ortografia!

Brincadeiras à parte ! Lula não deixa de ser exemplo de um homem inteligente ou é fácil qualquer um chegar à presidência da república e comandar um continente deste tamanho? Além de comandar, não ficar devendo em nada a outros presidentes tidos como letrados!

Será que os académicos estão acima do bem e do mal? Aliás, quantas cadeiras não foram compradas ou negociadas? No programa do Jô, outro dia, inúmeras histórias foram contadas a respeito, sem citar o nome do entrevistado !

Não estou aqui levantando a bandeira do Lula, tão pouco do seu PT. Estou querendo entender esta parte de brasileiros que insistem nas piadinhas com o nosso presidente. Burro?
Um homem metalúrgico, vindo lá dos fundões do nordeste chegar à presidência?

PRECISAMOS AMAR!
Precisamos amar urgentemente!
Um ser qualquer...racional, irracional, mineral, vegetal...Exercitar em nós esse sentimento adormecido chamado amor em toda sua plenitude e vigor... Não apenas este limitado entre um homem e uma mulher! Amar as coisas que nos cercam de um modo geral.

A televisão mostra o nosso querido Estado de Santa Catarina embaixo d'água, contabilizando até agora noventa e nove mortes e oito cidades em estado de emergência ! O que tem haver connosco aqui do Estado de São Paulo onde o sol nos leva à praia e rios piscosos, a tragédia que passeia lá pelo sul, desabrigando e matando pessoas que não conhecemos ? Isto não é tarefa minha ?

Do governo que já accionou o exército e seus homens com helicópteros, além da defesa civil que já se organizou com ajuda humanitária àquela população assolada pela tragédia ? Segundo esta mesma defesa civil são mais de setenta e oito mil , seiscentas e cinquenta e seis pessoas desalojadas!

Quando eu digo que precisamos amar urgentemente , é para não nos acostumarmos com notícias deste tipo e acharmos sempre distantes de nós! é para termos aquele nó na garganta quando uma mãe, na televisão, desolada olhando a casa que ruiu pela enchente e perdeu tudo, segurando um garotinho no colo.



«Gente Pobre», Primeiro Romance de Dostoievski - Silas Correa Leite



«Gente Pobre», Primeiro Romance de Dostoievski - Silas Correa Leite


«Gente Pobre», Primeiro Romance de Dostoievski
A marca do gênio já no nascedouro literário
Silas Correa Leite

«Gente Pobre» é o romance de estreia de toda a importante obra literária de Dostoievski, e que o revelou de imediato como escritor de grande futuro, inaugurando um estilo introspectivo-psicológico sem igual até o seu tempo histórico.
«A vontade de escrever é tão forte quanto a aversão pelas palavras.
Odiamos as palavras porque demasiadas vezes encobrem o vazio e a vileza. Desprezam as palavras porque empalidecem diante da emoção que nos atormenta. E, no entanto, outrora, a palavra significava dignidade humana e era o melhor bem do homem – um instrumento de comunicação entre pessoas» - Gustaw Jarecka
O romance Gente Pobre, escrito quando Fiodor Dostoievski tinha apenas 25 anos, é um poderoso livro de crônica social e entreditos, marco de um início que seria uma carreira literária retumbante.
Duas personagens centrais, um humilde funcionário público e uma costureira que trocam correspondências entre si. «Jovem Dostoieviski: a síntese da arte e da verdade» (Bielinsk).
Uma caracterização da pobreza à moda russa, daqueles tempos tenebrosos muitas vezes depois retratados com outras tantas tintas. Em São Petersburgo, os problemas diários relacionados com a habitação, a comida e o vestuário, e todo o sombrio entorno decorrente clarificado na obra marcada. O frio e a frieza de uma sociedade que ignora os pobres. Crítica social contundente, comendo pelas beiradas narrativas. Segundo alguns historiadores, uma das obras que mandou o autor para a cadeia siberiana.
Obra aparentemente sentimental, num entender primário que seja, em narrativa que propositalmente parece ser de simples crônicas, feito trocas de cartas (sentimentos, sonhadores, gente pobre; tristezas retratadas com primor), entre Makar Aleksieivitch, servidor público, e Varvara Aleksieievna, órfã desonrada – mais o subsolo da vida, inflexões, inquietações; a intimidade sagrada da penúria compartilhada.
O miniobscuro retratado por miseráveis anônimos, essa gente miúda, anômalos, entre minitristezas, desavessos, a quase ralé no subúrbio de uma São Petersburgo. Cartas-janelas abertas entre escombros de sombras, zombarias, desprezos, toda uma obscuridade material. A agudeza de percepção já então determinante.
Gente Pobre é o inicio do ciclo literário geral de Fiodor Dostoievski (Noites Brancas, Os Irmãos Karamazov, 1879), o maior escritor do mundo de todos os tempos.
Eram os 25 anos de um gênio então já se apurando na escrita, despertando assim, para sentir seu tempo e as humilhações da época, desesperos; um olhar sobre todas as coisas da sofrida gente. E ainda as citações: O russo, o mais rico dos dialetos eslavos, porque se conhece sua origem (Mikhail Lomonorov), «a riqueza, a expressividade e a concisão do latim e do grego».



COLUNA DE ABILIO LIMA - Noticias da Semana e Agenda da Semana



COLUNA DE ABILIO LIMA - Noticias da Semana e Agenda da Semana
Corno de Africa: nova ajuda humanitária para fazer face à seca
Ao mesmo tempo que se assiste a um agravamento dos efeitos da seca no Corno de África e que a fome se estendeu oficialmente a uma sexta região do Sul da Somália, a Comissão Europeia confirma a concessão de uma verba suplementar de 60 milhões de euros no âmbito da sua resposta de emergência, o que eleva a cerca de 160 milhões de euros a sua contribuição financeira total. Desenvolvimento em IP/11/1017.

Africa do Sul: Comissão lança novo programa de saúde de 126 milhões de euros para lutar contra o HIV e a tuberculose
O comissário europeu do desenvolvimento, Andris Piebalgs, visitou a África do Sul de 13 a 16 de setembro para tratar de assuntos relacionados com a cooperação para o desenvolvimento entre a UE e a Africa do Sul e visitar projectos-chave a fim de observar no terreno como se desenrola a cooperação UE-Africa do Sul. Durante a sua estada, lançou, juntamente com o ministro sul-africano da saúde, um importante programa de cuidados de saúde financiado pela UE para ajudar o Governo da África do Sul a permitir que mais cidadãos tenham acesso a melhores serviços sanitários. Na ocasião, participou também na quarta Cimeira anual Africa do Sul-UE. Desenvolvimento em IP/11/1016, MEMO/11/591.
Relatório 2011 sobre as finanças públicas: crise coloca viabilidade das finanças públicas no centro das preocupações políticas
A crise económica provocou uma degradação considerável das finanças públicas dos países membros, tornando hoje a viabilidade da dívida num dos principais desafios da UE. Paralelamente, a vigilância orçamental da UE é actualmente objecto de uma grande reforma. O relatório de 2011 sobre as finanças públicas na UEM traça a evolução recente no domínio das finanças públicas, analisa novos métodos de avaliação da viabilidade da dívida e descreve as alterações relativas à vigilância orçamental na UE. Estas reformas, que são resultado das lições extraídas da crise, colocam a prevenção e a redução da dívida no centro da vigilância orçamental da UE. Desenvolvimento em IP/11/1019.
Serviços audiovisuais em linha: relatório da Comissão aponta necessidade de mais medidas para proteger as crianças
Num relatório apresentado a 13 , a Comissão Europeia avalia o modo como os países membros estão a aplicar as recomendações da UE que pretendem garantir que as crianças tirem proveito do mundo digital com confiança e segurança. Os países membros e a indústria têm redobrado os seus esforços para aplicar as recomendações da UE de 1998 e 2006 sobre a protecção dos menores que utilizam os serviços audiovisuais em linha. Mas as medidas tomadas têm sido, de um modo geral, insuficientes.(Desenvolvimento em IP/11/1026)



José Varzeano - Velhas, pequeno «monte» da Freguesia de Giões



José Varzeano - Velhas, pequeno «monte» da Freguesia de Giões
Pequena Nota
Para terminar o périplo pela freguesia de Giões, resta-me referir o «monte» das Velhas.
O primeiro que abordei foi o de Clarines e fi-lo na revista STILUS.
Neste espaço comecei por fazê-lo em relação a Alcaria Alta, depois Marim e por último Farelos.
Atendendo a que desapareceram há muito Cacelinha e Mingordo (moinho gordo) Minhova e Carrascal que eram referidos em meados do século XIX e que se tratavam praticamente de um ou dois fogos e que é dos nossos dias o abandono do Viçoso que em 1976 ainda tinha onze habitantes, resta-nos o «monte» das Velhas que com Marim são os menos habitados da freguesia.

Tomando como ponto de partida a sede do concelho e percorrendo a EN nº 122-1 às Quatro Estradas tomamos a nº 124. Após oito quilómetros percorridos chegamos à aldeia do Pereiro e depois de passarmos por dois entroncamentos, um à direita e outro à esquerda vamos encontrar novamente um à direita que tem a indicação de Velhas – 1 Km.

A estrada estreita e asfaltada, cujo troço é identificado com o nº 1046, desenvolve-se quase sem curvas ainda que as rectas sejam em vários planos. A sua esquerda segue o traçado telefónico cuja colocação do primeiro telefone público teve lugar em 1988, ocorrendo também no mesmo dia a inauguração do fornecimento de água por intermédio de fontanários o que deu origem a grande festa em que participaram o Presidente da Câmara, Cavaco Afonso, o Director Regional das Telecomunicações do Sul, o Chefe da Area de Telecomunicações de Faro e outras Entidades. (1)
Esta estrada foi repavimentada em 1996. (2)

Conhecemos este monte em 1976 onde chegámos através do velho caminho. Nesta altura e fazendo fé numa estatística efectuada pelo Centro de Saúde de Alcoutim tinha cinquenta habitantes.
Contra o que é hábito por estas paragens, a pequena povoação situa-se em local plano, notando à entrada algum arvoredo de porte razoável.

Curiosa a colocação de um sinal de proibição de circular a mais de 20 km/hora!
Imperavam as habitações de pedra e barro, caiadas e listadas com barras de cores. Poiais e pátios. Nas ruelas ainda se podem ver velhos fornos de cozer pão e fornalhas (pilheiras) tudo já desactivado mas que faziam parte do quotidiano de há cinquenta anos.



Culinária e Doçaria por Karolina Felipe - Empadinha; Mousse de Maracujá; Pão de Cebola



Culinária e Doçaria por Karolina Felipe - Empadinha; Mousse de Maracujá; Pão de Cebola

Empadinha

Ingredientes:
Massa:
500 gramas de farinha de trigo
250 gramas de banha
1 pitada de sal|
2 ovos
Recheio:
cheiro verde e pimenta do reino a gosto
cebola, alho, tomate picado a gosto
ervilhas, azeitonas e palmitos picados
½ litro de água aproximadamente
200 gramas de farinha de trigo
2 ovos cozidos
sal a gosto

Mousse de Maracujá
Ingredientes:
Gelatina:
1/2 xícara de água morna (100ml.)
1/2 xícara de suco de maracujá (100ml.)
2 1/2 folhas de gelatina branca
1 colher (sopa) de açúcar
1 maracujá
Mousse:
1 xícara de água quente (200ml.)
1 1/2 xícara de suco de maracujá (300ml.)
6 folhas de gelatina branca
3 claras
5 colheres (sopa) de açúcar

Pão de Cebola
Ingredientes:
Farinha 01 quilo
Agua 600 ml
Fermento fresco 50 grs.
Sal 20 grs.
Açúcar 60 grs.
Margarina Bolo 50 grs.
Ovo 01 unidade
Arkady 20 grs.
Creme de leite 01 lata
Recheio:
Cebola cozida e moída 01 quilo
Creme de cebola 01 pacote
Creme de leite 01 lata
Margarina Bolo 100 grs.
Sal a gosto

Leia este tema completo a partir de 26/9/2011

Culinária e Doçaria por Karolina Felipe - Acarajé; Arroz Chinês; Boeuf Bourguignon



Culinária e Doçaria por Karolina Felipe - Acarajé; Arroz Chinês; Boeuf Bourguignon


Acarajé


Ingredientes:
Deixe o feijão de molho de um dia para o outro em bastante água:
2 xícaras cheias de feijão macassa (ou fradinho)
1 colher de chá de sal
1 dente de alho socado
Escorra bem o feijão guardado a água para uso futuro.
Embrulhe o feijão num pano de prato e esfregue vigorosamente para remover as peles. Cate bem e retire todas as peles.

Coloque metade do feijão no copo do liquidificador e junte:

Arroz Chinês
Ingredientes:
2 colheres (sopa) de cebola picada
1 colher (sopa) de margarina
2 xícaras (chá) de arroz cru
2 caldos de galinha concentrados
2 xícaras (chá) de água quente
2 colheres (sopa) de cebolinha verde picada
2 ovos batidos
1 1/2 colher (sopa) de molho de soja

Boeuf Bourguignon
Ingredientes:
1 ½ kg. de carne (filé mignon ou alcatra), limpa e cortada em cubos de aprox. 50grs
1 litro de vinho tinto Bourgogne
1 cebola grande picada
3 folhas de louro
2 talos de salsão picado
1 maçinho de tomilho
5 ml de azeite de oliva
50 gramas de banha de porco
1 cebola picada
2 dentes de alho picados
2 cenouras grandes em palitos
2 colheres (sopa) de farinha de trigo
1 bouquet garni fresco
2 colheres (sopa) de extrato de tomate
1 litro de caldo de carne
salsinha picada
sal e pimenta do reino

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sábado, 24 de setembro de 2011

Página de Michael Ginobili - Em colaboração com : Michael Ginobili  e Autocinetrip - Bradley Cooper pode viver novo «O Corvo»; Fúria sobre Rodas 3D; Pânico 4 ; Sony vence briga para distribuir «James Bond»; Terror cult «Martyrs» ganhará remake



Página de Michael Ginobili - Em colaboração com : Michael Ginobili  e Autocinetrip - Bradley Cooper pode viver novo «O Corvo»; Fúria sobre Rodas 3D; Pânico 4 ; Sony vence briga para distribuir «James Bond»; Terror cult «Martyrs» ganhará remake

Bradley Cooper pode viver novo «O Corvo»

Segundo o Hollywood Reporter, Bradley Cooper está em negociações para viver o protagonista do reinício da franquia «O Corvo».
O ator se reuniu com o diretor Juan Carlos Fresnadillo de («Extermínio 2») para discutir o projeto, e se deram muito bem.
Cooper deve entrar no lugar deixado por Mark Wahlberg, enquanto Fresnadillo entra no lugar de Stephen Norrington, diretor de «Blade» e do fraco «A Liga Extraordinária».
O novo filme não será uma refilmagem, mas sim um recomeço. Levará mais para o lado do super-herói sombrio.

Fúria sobre Rodas 3D

Nicolas Cage parecia estar disposto a afundar sua carreira. Seus últimos filmes são tão ruins, que aparentemente o ator escolhia os piores roteiros propositalmente, para perder os fãs. A boa notícia é que, dos últimos filmes do ex-grande astro de ação, este é o menos pior.
«Fúria sobre Rodas» é uma homenagem aos filmes de ação oitentistas, que misturavam ação, suspense e piadas, nunca se levando a sério. Para os saudosistas, o longa é uma viagem muito divertida: encharcado de sangue e cenas nojentas, sexo, nudez gratuita, piadas infames e muita, muita ação.
Cage aqui se torna o novo Chuck Norris, com caras e bocas de homem mal, caretas que ele nunca tinha mostrado antes. O deleite do filme se dá pela bela Amber Heard, muito talentosa a atriz não é ofuscada pelo veterano Cage em nenhum momento, e deve ganhar grande destaque em Hollywood nos próximos anos.
O elenco de apoio também está muito bem, e extremamente caricato: temos o vilão muito malvado (Billy Burke), o cara que caça o herói e é horrivelmente irônico (William Fichtner), e todos os outros possíveis personagens clichês. A química entre Cage e Heard, mesmo que em nenhum momento seja romântica, é ótima.



São Paulo em Minicontos - PAULISTANO BLUES



São Paulo em Minicontos - PAULISTANO BLUES

Um desses meninos que usam roupa social e óculos, mal saído da adolescência e que parece «fazer» Administração, ou Direito, ou Economia... Um menino com destino à Estação Paulista deixa as lágrimas rolarem livremente, quando disse a um amigo, outro menino com o mesmo perfil, que seu namoro com Ana chegara ao fim.

- Ana é linda, mas ainda é muito «menina», faz tudo o que a sua mãe manda. Por mais que me doa, não a quero mais... Sentenciou o menino mal saído da adolescência.
Um menino, desses que usam roupa social e têm cara de bebê. Um menino, desses para quem as mulheres querem dar colo...

Dia desses, no ponto da Brigadeiro Faria Lima, um menino vestido de preto dos pés à cabeça, antes de entrar no buzão, pergunta ao motorista se aquele ônibus passa em frente à Galeria do Rock.
- Não! O «ponto final» deste ônibus é na Praça Ramos. Mas de lá até a Galeria do Rock é um «pulo» – respondeu o motorista. O menino, todo de preto e «arrastando correntes», entrou no ônibus que o deixaria nas proximidades da tão festejada Galeria do Rock, mas lamentou por ter que andar um pouco até o destino desejado.

- Porra, meu! é cada uma que me aparece: Será que ele quer que o ônibus entre na Galeria do Rock?! - Resmungou um passageiro, crendo que o «menino de preto» não o havia escutado.
- Cala a boca, cuzão! Eu não estou falando com você - retrucou o «menino» - totalmente «Heavy Metal» - Corpo e Mente, Correntes e Indumentária Preta!

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Quando eu fui raptado por extraterrestres - Reflexão de Michel Crayon



Quando eu fui raptado por extraterrestres - Reflexão de Michel Crayon
Era assim um dia a atirar para o normal, nem muito sol nem chuva, com temperatura a atirar para a zona dos vinte centígrados e isto em pleno Outono com folhas a caírem das árvores aos montões e para aí uma meia dúzia de nabos nos jardins a juntar folhinhas com aquelas pás que não são pás, assim com uns dentes de arranhar e cristalino assobio feliz, plantados quase geometricamente ao longo dos jardins gémeos que por sua vez distavam da estrada quase a mesma coisa em metros.

Havia um gajo que estava verdadeiramente desalinhado em relação aos outros, para aí um meio metro mas como assobiava rouco acabei por dar o desconto e nem sequer lhe chamei a atenção e continuei o meu caminho pelo passeio atapetado de folhas secas como o caraças e que já deviam pelo menos uma semana ao Newton das maçãs.

Nas árvores, agora semi-despidas, assim perto da humana e já tiritante calça e camisa singela, alguns pássaros teimavam em cantarolar de quando em vez, saltitando despreocupados pelos ramos como se para eles tanto se lhes desse ser Outono ou outra coisa qualquer.

Dentro de semanas e como as coisas iam, as árvores estariam verdadeiramente despidas de folhagem e eles, pássaros, se calhar lá continuariam na mesma mas aí mais atentos às velhotas e aos velhotes que levam pacotinhos de alpista, milho e outros cereais para despejarem pausadamente em lugares estratégicos com as mãos envoltas em luvas de lã grossa uns e tipo cabedal preto outros, isso depende.

Pois bem e deixando a descrição paisagística, que até não está má de todo, faltando os putos a berrar e as senhoras de carrinho de bebé, os polícias de guarda ao banco, as pessoas que vêm das Finanças, os modernos pedintes do euro ou do cigarrinho e mais alguns elementos do mobiliário urbanístico, como caixas de lixo, placards publicitários, cocó dos cães, dos pombos, etc. deixando tudo isto vou então entrar no meu rapto, no rapto da minha pessoa pelos extraterrestres dos quais toda a gente tem um medo terrível.

Os meus, aqueles que me raptaram, contrariamente ao tradicional nestes casos não desceram em discos voadores em processo descendente folha de papel, não deitaram luzes ofuscantes nem me chuparam por uma passerelle luminosa.



 

Tudo o que você sempre quis saber sobre:Fernando Pessoa, e não encontrou.- Texto e Recolha da Redacção - OS GRAUS DA POESIA LIRICA



Tudo o que você sempre quis saber sobre:Fernando Pessoa, e não encontrou.- Texto e Recolha da Redacção - OS GRAUS DA POESIA LIRICA
O primeiro grau da poesia lírica é aquele em que o poeta, de temperamento intenso e emotivo, exprime espontânea ou reflectidamente esse temperamento e essas emoções. E é o tipo mais vulgar do poeta lírico; é também o de menos mérito, como tipo.

A intensidade da emoção procede, em geral, da unidade do temperamento; e assim este tipo de poeta lírico é em geral monocórdico, e os seus poemas giram em torno de determinado número, em geral pequeno, de emoções.

Por isso, neste género de poetas, é vulgar dizer-se, porque com razão se nota que um é «um poeta do amor», outro «um poeta da saudade», um terceiro «um poeta da tristeza».

O segundo grau da poesia lírica é aquele em que o poeta, por mais intelectual ou imaginativo, pode ser mesmo que só por mais culto, não tem já a simplicidade de emoções, ou a limitação delas, que distingue o poeta do primeiro grau.

Este será também tipicamente um poeta lírico, no sentido vulgar do termo, mas não será já um poeta monocórdico. Os seus poemas abrangerão assuntos diversos, unificando-os todavia o temperamento e o estilo.

Sendo variado nos tipos de emoção, não o será na maneira de sentir. Assim, um Swinburne, tão monocórdico no temperamento e no estilo, pode contudo escrever com igual relevo um poema de amor, uma elegia mórbida, um poema revolucionário.

O terceiro grau da poesia lírica é aquele em que o poeta, ainda mais intelectual, começa a despersonalizar-se, a sentir, não já porque sente, mas porque pensa que sente; a sentir estados de alma que realmente não tem, simplesmente porque os compreende.

Estamos na antecâmara da poesia dramática, na sua essência íntima. O temperamento do poeta, seja qual for, está dissolvido pela inteligência. A sua obra será unificada só pelo estilo, último reduto da sua unidade espiritual, da sua coexistência consigo mesmo.

Assim é Tennyson, escrevendo por igual «Ulisses» e «The Lady of Shalott», assim, e mais, é Browning, escrevendo o que chamou «poemas dramáticos», que não são dialogados, mas monólogos revelando almas diversas, com que o poeta não tem identidade, não a pretende ter e muitas vezes não a quer ter.

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EU CAPRICORNIO... - Dueto Poético de Deth Haak e Arlete Piedade




EU CAPRICORNIO... - Dueto Poético de Deth Haak e Arlete Piedade

EU CAPRICORNIO...

Cadencioso em vírgulas de amor precipitado,
Na aura atmosférica buscar o amado, lavrando
A terra disseminando letras, em amor adubando
Abecedário. Bordando exclamações no amor conquistado...
Capricórnio... O refrescar da brisa brava
De osculados abarcamentos adejados,
Estratagemas valsados, nadando montanhas
Imagéticas, dos lúdicos oceanos acutilados.
Alma verte línguas incandescidas, nos vulcões
Platinados em emoções esquecidas, nas lições
Esquivadas. Fogueira do amor em brasa viva!
Tórrido na corrosiva natureza envolve a vida...
Zéfiro petrificado lume, imprimindo borbotados
feelings Herácliticos de saturno, em sóis ocultos
Na construção do drama humano. Transbordados
Na elocução densa, articulação dos poetas líricos.


Capricórnio...senhor de dragões em chamas,
campeador de causas alheias, negras tramas
triste coração dolorido que lágrimas derramas
Capricórnio...fraterno de seres sem temores
ternamente acaricias da noite, os moradores
solidão é a tua companheira de lutas e dores
Capricórnio...vencedor das trevas, habitante
das altas montanhas, de enigmas, intrigante
de pobres e tristes mortais, solícito ajudante


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POESIAS DE VALDO SANTOS



POESIAS DE VALDO SANTOS

pelas pedras soltas
de uma calçada
desfeita pela traição..
caminha um poeta
na solidão..
... carrega no seu olhar
a tristeza de mais um dia passar
nas suas olheiras
repousam as amarguras
de uma vida atribulada
na sua mão trémula
pelo bater desalinhado
de seu coração.
ele guarda aquela lágrima
que nunca deixou cair no chão..
em sua outra mão, sua bengala
o auxilia..já lhe pesa os anos
e o dia..
no seu bolso dorme a caneta
que em tempos sua tinta
sobre palavras de amor



Fui poeta por um dia
num poema de alegria
quando descrevi a saudade
através de uma rima de felicidade..
dei formas á paixão
usei as palavras do meu coração
tocadas pelos meus sentimentos
fiz nascer das sementes desta harmonia
todos os desejos de uma vida
usei a cor do teu olhar, para cobrir
os espaços vazios que eu podia deixar
escrevi em cada minha letra os meus
desejos de te conquistar
dei vida aos meus sonhos
descrevi-os em versos de amar,
contornei a minha dor
usei as mais belas expressões


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Conto - Visita Sombria - Por Emerson Wiskow



Conto - Visita Sombria - Por Emerson Wiskow

- Daqui a pouco elas virão sacolejando suas línguas de serpentes. São como répteis com suas línguas loucas e nojentas.
- Sim!... Elas tentam nos seduzir. Se retorcem como se não tivessem ossos. Insinuam-se cheias de luxúria.
- Acho bom você preparar seu rifle!
- ééé... Vou deixar minha arma pronta. Preparada para quando chegarem.
O velho Marcelino engatilhou sua arma fazendo um som seco no meio da noite. No bairro ninguém colocava a cara para fora de casa depois que a noite chegava. As ruas ficavam vazias e silenciosas como se uma peste tivesse se abatido sobre a cidade. Tudo começou quando elas apareceram. Sempre no meio da noite.

- Hé, hé, hé... Dessa vez vamos pegá-las. Estamos prontos pra elas! - disse o velho Marcelino alisando o longo cano do seu rifle.
- Vamos com calma! Você sabe, elas são muito perigosas. São matreiras como o demônio e podem nos enganar se não tomarmos cuidado - retrucou o velho Luiz com uma expressão desconfiada e tensa. Seu rosto parecia se retorcer na penumbra.

- Dessa vez não vou deixar escaparem! - exclamou Marcelino exaltado enquanto espremia um cigarro entre os lábios murchos.
- Eu sabia que um dia elas voltariam!
- Nunca pensei que essas coisas realmente existissem! - retrucou o velho Marcelino.

- Você não leu os velhos livros? São coisas muito antigas, sempre existiram e agora resolveram aparecer por aqui. Surgem lentamente, lindas, com suas línguas dançantes e seus corpos que parecem não terem ossos. Sabem muito bem do poder que possuem. Nos hipnotizam enquanto movimentam seus corpos daquela forma.
- é, mas dessa vez vamos fodê-las! Estou preparado para elas.
- Ei! Você ouviu isso?
- Fique quieto!
- Ei... Ouça esses sons. Parecem línguas sibilantes.



 

O Príncipe de Ofiúco - Novela de Arlete Piedade - II Capítulo – A chegada



O Príncipe de Ofiúco - Novela de Arlete Piedade - II Capítulo – A chegada
Ao fazer a aproximação final ao espaço - porto, e pousando suavemente a sua companheira de tantas jornadas, naquele planeta escuro e sombrio, ainda na sua mente inquieta se revolvia o mistério da princesa amaldiçoada e qual seria o seu papel naquele enigma.

Recebido com uma guarda de honra enviada pelo Rei, que o escoltava agora pelos iluminados corredores, foi reparando nas diferenças que havia nos ambientes em que passava.

As cores das paredes agora eram mais suaves, de cor das rosas e outras cores claras, viam-se algumas pinturas que embora indefinidas, quebravam a monotonia dos murais, a iluminação era mais suave e um som baixo mas agradável, semelhante a música longínqua, fazia-se ouvir, como fundo aos passos marciais dos soldados.

Não havia dúvida….havia mão feminina por ali agora…como seria essa princesa? E quem seria a sua mãe? Se ela era filha do Rei, mas a sua esposa havia falecido há tantos anos atrás…mais um mistério que seria desvendado em breve…

Depois de atravessar vários corredores, que iam ficando mais luxuosamente decorados, á medida que o se iam aproximando do Palácio Real, viu ao longe a entrada magnificamente esculpida na rocha negra do interior do planeta, da fantástica teia de grutas que serviam de morada àquele rei agora a braços com um problema tão enigmático.

Misteriosas figuras de antigos guerreiros e monstros estranhos, se destacavam na entrada que resplandecia á luz feérica dos lasers multicolores que pincelavam a negra rocha como se de uma tela surreal se tratasse, e os sentinelas com as suas roupas luxuosas e suas faces negras, pareciam mais outras esculturas, mas estas vivas.

Ao aproximar-se da escadaria que dava acesso á entrada, viu que o Rei Kristian em pessoa, se aproximava para o receber.




Fundação Logosófica – Em Prol da Superação Humana - São Paulo - Conceito logosófico de «vontade» - (Carlos Bernardo González Pecotche – RAUMSOL)



Fundação Logosófica – Em Prol da Superação Humana - São Paulo - Conceito logosófico de «vontade» - (Carlos Bernardo González Pecotche – RAUMSOL)
A palavra vontade é uma das mais utilizadas para exprimir a conduta que cada um adota diante dos problemas que se lhe apresentam ou das circunstâncias que, num sentido ou noutro, o levam a agir. Esta palavra é também a que goza, por assim dizer, de um raro prestígio no léxico da moral corrente; entretanto, quantos são os que realmente possuem vontade e governam por si mesmos sua vida física e espiritual?

Quem não conheça como atuam os pensamentos e não saiba diferenciar os alheios dos próprios não poderá, a nosso juízo, alegar que é dono de si mesmo e, por conseguinte, de sua vontade, já que o governo de sua mente será sempre compartilhado – e não iríamos muito longe se disséssemos que totalmente exercido, em alguns casos – por pensamentos que não são seus.

Para ser efetivamente dono da vontade, é necessário primeiro ser dono da própria mente. O exemplo mais claro que se pode apresentar a esse respeito é o de uma casa com seus moradores e com os que a freqüentam, parentes, amigos, etc. O dono da casa é quem permite a entrada e a permanência destes, e cuida para que nela reinem o bem-estar e a harmonia. De modo algum admitiria que qualquer recém-chegado tomasse a batuta e dispusesse segundo seu capricho os lugares, móveis, valores, etc., nela existentes. Como se vê, na vida corrente ninguém toleraria uma situação semelhante; entretanto, no que concerne à sua «casa mental», quase todos a toleram, e até com certa complacência.

Muitos vivem submetidos a verdadeiras tiranias impostas por sugestões derivadas do ambiente, confundindo os ditames de qualquer um desses hóspedes (pensamentos alheios), quase sempre indesejáveis, com atuações provenientes de uma vontade cuja firmeza apregoam com ênfase a cada passo. As vezes, essas tiranias provêm do «que os outros vão dizer», terrível bloqueio moral que oprime o livre - arbítrio no sentido da responsabilidade individual.



 

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Textos poéticos de Joaquim Nogueira



Textos poéticos de Joaquim Nogueira

«…queria expor a totalidade do meu ser no teu corpo; deitar-me nele e descansar… esperar a manhã seguinte sem alterar a forma de sentir… vibrar apenas com o facto de me saber em ti pousado ao de leve, de mansinho, como se lá não estivesse… delirar com os teus movimentos e sentir o meu corpo mover-se ao som dos teus… olhar-te os seios e sorrir nos teus mamilos… ver teu ventre quieto, dolente, ali à minha frente… tua sedosa pele em cheiros de jasmim ou de rosa pétala… deixar-me levar pelo teu sonho e pelo teu respirar… ondular… marear… vogar… fluir, ser e estar… e quando do sono o teu ser acordar eu olhar teus olhos matinais e neles me afogar… suster a respiração e desfalecer nos teus braços…»

planar
«...acordei nas asas dos teus sonhos e mirei-me nas águas tranquilas do teu mar... senti-me afagado pela ternura dos teus olhos e deixei-me planar no aroma do teu beijo... voei forte do meu norte para o teu colo e sorri vendo teus braços abertos numa espera sedenta de vida... afoguei-me em ti e deixei-me morrer no teu sentir...»

«Um até já, meu amor, que por amor se corre e por amor se não percorre... um até já, meu amor, pelas correrias que correste e pelas paragens à minha espera... um até já, meu amor, pelo amor caminhado, pelo amor parado como os dias que correm á nossa frente e nos arrastam irremediavelmente para essa morte... a morte do amor que de amor morreu no dia em que em vez de um até já, me disseste adeus...»

?...na verdade, sendo a morte uma certeza... a vida continua...
...dediquei, ontem, o meu Mural à morte da Amiga Helena Raposo...
...fica a lembrança e que descanse em paz...
...hoje é um novo dia e os vivos têm de viver...




Poemas de Ivone Boechat - AMIZADE; AMOR; AMOR PROPRIO



Poemas de Ivone Boechat - AMIZADE; AMOR; AMOR PROPRIO

AMIZADE

A amizade
é o mais belo afluente do amor,
ela ajuda a resolver,
com paciência,
as complicadas equações
da convivência humana.
A amizade
é tão forte quanto o amor,
ela educa o amor,
sinalizando o caminho da coerência,

AMOR
Amor é chama
que incendeia
os meus motivos,
é o agasalho
que sustenta
o meu calor,
é o clamor
que se reclama
a todo instante,
é a loucura
desse amor
constante,
que me liberta

AMOR PROPRIO

O pensamento é um barco à deriva,
solto nas ondas da vida,
procurando a luz farol,
quando se balançam preconceitos,
cada qual rima do seu jeito,
seguindo o calor do próprio sol.
As nuvens da dúvida, da
desistência, da incerteza,
desorientam,
o medo, às vezes, seduz...
Não! Deixe que brilhe mais forte

Leia este tema completo a partir de 26/9/2011

Ivone Boechat - Alô, é Jesus!



Ivone Boechat - Alô, é Jesus!

Se o telefone tocasse, hoje, na sua casa e, quando você atendesse, pensando que fosse um amigo de sua convivência diária, aquela voz terna que você nunca ouvira antes lhe dissesse: «Alô, é Jesus».
O primeiro impulso seria, talvez, desligar o aparelho, todavia, algo muito estranho impediu-lhe dessa reação e você resolveu ouvir, atentamente.

- Sim, sou eu, Jesus Cristo!
Como está sua família? Eu não precisaria perguntar-lhe, porque sei de todas as coisas. Quero ouvir isto de você.
- Hein, como está sua família, seu lar? O tempo de vida aí, na Terra, é cronometrado por instrumentos celestiais de alta precisão e o aconselho a gastá-lo muito bem. Aquele vazio da discussão inútil, da agressividade, da incompreensão, foi contado como tempo de vida. Não se desconta, no tempo, nenhum segundo mal vivido.
- Alô, você está me ouvindo? Não desvie sua atenção. A ganância, o egoísmo, o individualismo, o ódio, embaçam a visão espiritual e o impedem de avistar o Calvário. Comece a trabalhar na limpeza da vidraça de seus olhos cansados de olhar na direção contrária.
- Você sabe que não preciso de nenhum telefone para me comunicar com ninguém.
-Mas, não desligue o telefone, quero ainda lhe falar. Eu sei que você sonhou com uma casa luxuosa, no melhor bairro, na rua mais valorizada, no melhor estilo e conseguiu.
Agora, você está sofrendo as conseqüências: barulho estridente, fumaça, poeira, e é obrigado a conviver com tudo isto. Não se prenda a nada, não se desespere, porque os bens da Terra só lhe trazem angústias e aborrecimentos.
-Não fique triste, tão aflito assim, com as futilidades que o cercam. Se você não conseguiu trocar o carro por outro mais bonito, lembre-se de que este seu o transportará por muito pouco tempo.