A CHEGADA - Por Arlete Piedade - Conto Bilingue (Português e Espanhol)
Este conto ficou em 5º Lugar, no IV Concurso Artístico «Histórias de Natal» promovido pelo Centro de Estudos Culturais de Petrópolis - RJ (Brasil).
Era já noite alta, as estrelas brilhavam no céu escuro e límpido, iluminado pelo brilho das constelações e nebulosas que se recortavam claramente naquele firmamento esplendoroso de luz e quietude.
José caminhava desde há vários dias e noites apenas com pequenas paragens para os animais descansarem, e sua esposa e o Menino comerem algum parco alimento que lhe permitisse prosseguir naquela viagem, cujo fim ele esperava alcançar nos dias seguintes.
As suas pernas cansadas prosseguiam no entanto com um ritmo próprio como se não pertencessem ao mesmo corpo e fossem comandadas por algum mecanismo desconhecido de um tempo futuro, ou talvez passado, José não sabia, mas sentia que elas não lhe pertenciam e alguma força superior as comandava em seu lugar e lhe fazia sentir aquela urgência em prosseguir sem descanso até o Menino estar seguro em terra egípcia.
Olhou para trás brevemente, alertado por algum ruído diferente e quase imperceptível e viu sua esposa que dormitava sentada no burro exausto que no entanto ia também arrastando as suas patinhas desabituadas daquele piso, e envolvido na manta que o protegia do frio noturno do deserto, o pequeno vulto do filho de Maria, mas a quem ele amava com um amor tão forte que sentia que daria a sua vida para o proteger e a sua mãe.
Um pequeno vulto negro no céu, se destacou por breves momentos contra o brilho da noite estrelada e José pensou que fosse uma ave noturna e em breve esqueceu, enquanto prosseguia incansável rumo ao sol nascente cujos clarões da aurora já começavam a pincelar o céu com rosas e violetas sob um fundo dourado.
Em breve o sol esplendoroso e ardente iria subir rapidamente no céu e cada dia era mais difícil prosseguir viagem sob o calor sufocante.
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