Jornal Raizonline nº 147 de 21 de Novembro de 2011 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - Estamos (somos) nós indignados ou não?
Participei / assisti neste último sábado a uma conferência / debate realizada pela Civis (Faro - facebook) onde o tema a desenvolver era «Os novos Movimentos sociais»: o texto da ordem de trabalhos é este que se segue:
«Na sequência da crise económica e financeira, do agravamento das condições sociais e da desconfiança face à classe política, os cidadãos saíram à rua para contestar, para mostrar a sua indignação, para protestar, para reivindicar!
Fruto da sociedade de informação e da facilidade de acesso às redes sociais, os novos movimentos sociais ganham expressão e adeptos.
Será esta uma nova forma de democracia participativa? Onde falhou a democracia representativa? Onde falharam o Estado, os partidos políticos, os governos? Falta massa crítica ou liderança? Que influência e instrumentos têm estes movimentos para a mudança de paradigma? Para onde caminham estes movimentos e com que objectivos? Encontrarão estes movimentos as soluções para os problemas e desafios que enfrentamos?
Estas e outras questões serão o objecto de reflexão e debate que contará com a análise multidisciplinar do Professor António Covas, da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve, da Professora de Ciência Política da Universidade Católica Elisabete Azevedo, do Sociólogo Nelson Dias, do Advogado João Vidal e dos protagonistas de alguns destes movimentos.»
Sem querer ir para além da minha função como cronista neste jornal devo ser (indignado ou não) aquilo que se define normalmente como caixa de ressonância do evento: ou seja, devo trazer para aqui, sem floreados nem observações críticas um resumo daquilo que foi dito e ouvido. Mas não me vou ficar por aí porque não me parece que tratando-se neste evento de questões cívicas eu deva ficar isento ou impossibilitado de agir (escrever) civicamente.
E, antes de mais, devo dizer que na sua grande parte, o tema dos «indignados» foi aflorado em pelo menos duas perspectivas importantes para mim e que merecem realce: de um lado confessou-se que «ainda era cedo» para saber quais os contornos dos movimentos sociais, o que é verdade na minha opinião, e por outro lado procurou-se defender a presença ou ausência de organização nestes movimentos.
Quando se fala em organização fala-se em estrutura, hierarquia, em metodologia, em ordem, em enquadramento de uma forma geral. Na minha opinião temos ainda alguma dificuldade em aceitar que possa haver organização dentro da aparente desorganização quando no fundo tudo começa assim: antes de se ser não se pode ser.
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