domingo, 13 de novembro de 2011

Jornal Raizonline nº 146 de 14 de Novembro de 2011 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - Respeitar as nossas raízes



Jornal Raizonline nº 146 de 14 de Novembro de 2011 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - Respeitar as nossas raízes

 A maioria das pessoas que vê o seu tempo do passado numa forma positiva e encara de bom grado uma rememoração sobretudo da infância. Infâncias despreocupadas, infâncias protegidas no seu curso pelos mais velhos, possibilidade de brincar e chegar a casa com a certeza de ter o jantar na mesa, enfim, tudo isso é (foi) uma vida que deixou marcas brilhantes que ainda hoje se procuram fazer reluzir, dar lustro e em certo sentido, reviver pela memória.

A minha infância não foi nem melhor nem pior do que a dos outros, encurtada já na fase semi-juvenil pela necessidade de trabalhar, mas lembro-me perfeitamente do Chico, um moço agora para aí com um metro e sessenta, ser o campeão nas corridas que fazíamos. Era mais pequeno que nós embora da mesma idade, levantava a cabeça para a frente como se cortasse a meta ao longo de todo o percurso e lá ia ele para a vitória.

Eu, como não lhe ganhava, em teoria nem devia falar nisto para preservar o meu prestígio, a minha imagem, sobretudo porque esta questão não sendo segredo de estado também não é do conhecimento das pessoas que me lêem. Em rigor deveria falar das coisas em que fui melhor que ele e / ou que os outros e não das coisas em que fui menos bom ou em que fui pior...mas não vou falar nisso mesmo.

Prefiro enveredar por um outro plano no discurso que ultrapassa de uma forma também airosa tudo isso, todas essas pequenas frustrações que nem chegaram a ser frustrações de longa duração: tanto eu como os outros acabámos por chegar à conclusão que ele era melhor na corrida e acabámos por andar ao lado dele nas situações em que a velocidade nas pernas era importante.



Sem comentários:

Enviar um comentário