segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Jornal Raizonline Nº 274 de 16 de Agosto de 2015 - Coluna Um - Daniel Teixeira - O despertar para a escrita

 
Jornal Raizonline Nº 274 de 16 de Agosto de 2015 - Coluna Um - Daniel Teixeira - O despertar para a escrita
 
Já tenho lido várias vezes, até em biografias de escritores ou poetas  com algum relevo ou mesmo muito, que para eles tudo começou com uma redacção ou um poema feito na Escola.
 
A professora (normalmente é uma professora) gostou muito do escrito, mostrou às colegas e estas por sua vez juntaram-se aos elogios e ali, desde logo, traçaram um destino, que a ser cumprido, será sempre lembrado pelo aluno.
 
Claro que nestas coisas, como em tantas outras, acabamos por nos lembrar até do texto, ou parte do texto, (quando é texto) que originou esta precoce atenção magesterial.
 
Não nos sentimos obrigados a dar continuidade àquilo que nos foi apontado em criança mas se eventualmente um outro sucesso se segue a este serôdio evento depressa surge na nossa ideia, ou na ideia de muitos, que «desde criança, etc. etc.» se teve uma queda para as letras, ou para outra arte que seja.
 
Daí as referências dos autores quando biografados.
 
Pois eu tive uma redacção, na 4ª classe (aos 9/10 anos mais ou menos), cuja professora, ainda felizmente entre nós, se encarregou de me augurar um futuro promissor nas letras.
 
Anos depois vim a bater numa outra professora que também gostava daquilo que eu escrevia e que chegou a encarregar-me, em conjunto com outro colega, de fazer uma elegia histórica já nem me lembro a quem ou ao quê.
 
Fé assim solidificada com alguns anos de intervalo achei que era mesmo na escrita que estava o meu futuro, não propriamente a título profissional, mas como hobby preferencial.
 
Não me tenho dado muito mal nesta actividade que aqui agora procuro demonstrar mais uma vez (entre milhares que já passaram) mas há uma curiosidade que eu gostaria de apontar.
 
Em desenho artístico achava que sempre fui uma nulidade. Faço pintura e desenho desde há cerca de 50 anos, recebo alguns cumprimentos e elogios de pessoas que percebem mesmo do assunto, mas sempre considerei esta actividade artística como uma actividade paralela e o complexo da nulidade sempre me perseguiu: «Este gajo diz isto, que está bom, para não me deprimir» pensei eu durante muitos anos, muitos mesmo.
 
Pois aqui há cerca de dois anos encontro-me com um colega de escola há muito não visto que me diz passados uns minutos de bate papo : «É pá, o que eu admirava era a tua correcção de traço no desenho e aqueles efeitos de côr que tu conseguias fazer...».
 
Pensei que ele estava a gozar comigo porque não me lembrava de ter tido alguma referência doutoral nesse campo: tive uma vez uma maçã esverdeada no quadro de honra da sala, recordei para mim mesmo, mas mais nada. A média era chapa baixa, enfim...
 
Mas não era engano dele não senhor, eu até não era mau de todo a desenho embora o professor não me gramasse muito sabe-se lá porquê.
 
E esta minha potencialidade, durante 50 anos praticada por mim como arte menor subiu alguns degraus na minha consideração.
 
Assim e fazendo jus àquilo que gostaria de ter escrito na minha campa (daqui a muitos anos, claro) na minha opinião o epitáfio ideal seria este:
 
«Fartou-se de escrever pensando que era essa a sua arte e desenhou e pintou sem consciência de que o sabia fazer.»
 
Daniel Teixeira
 
 
 
 

O preço do brincar - por Tom Coelho

 
O preço do brincar
* por Tom Coelho
 
“A melhor maneira de formar crianças boas é fazê-las felizes.”
(Oscar Wilde)

Um catálogo de produtos encartado em um jornal ou uma visita a uma loja de brinquedos podem levar pais a uma espantosa constatação: brincar nunca foi tão caro.
 
É impressionante o preço médio dos produtos e como os mesmos somente se mostram acessíveis à maioria da população graças ao artifício do pagamento parcelado. Brinquedos fabricados em produção seriada, permitindo-lhe uma drástica redução dos custos, porém com valores literalmente exorbitantes e até injustificáveis.
 
O pior é que as crianças são bombardeadas diariamente, em especial através da televisão, por meio dos diversos canais infantis disponíveis, com campanhas publicitárias envolventes que despertam nos pequenos dois sentimentos quase incontroláveis: o desejo, consciente e ligado ao objeto, e o impulso, inconsciente e associado a uma representação mental.
 
Como resultado disso, os adultos sentem-se cerceados, de modo que o máximo que conseguem é impor limites, ensinando seus filhos a fazerem escolhas, a partir do argumento de que não se pode ter tudo o que se deseja. Mas há outras lições e reflexões possíveis...
 
Tive o privilégio de viver minha infância com a liberdade de frequentar as ruas. Assim, jogava futebol com os colegas, empinava pipa, brincava de esconde-esconde, bolinha de gude, queimada ou pega-pega com as demais crianças do bairro, mesmo após o pôr-do-sol. Eram tempos nos quais a violência urbana não espreitava a cada esquina, onde os veículos respeitavam limites de velocidade nas ruas residenciais, e quando vizinhos de fato dialogavam.
 
Hoje vivemos encastelados em edifícios ou condomínios, porém isolados, pouco compartilhando com aqueles que moram no entorno. Nossas agendas densas e o tempo cada vez mais curto, fazem-nos terceirizar o lazer. Assim, os jovens vivem aficionados a equipamentos eletrônicos, hipnotizados por seus videogames, tablets e smartphones, enquanto os mais novos são entregues a uma miríade de brinquedos temáticos que proporcionam prazer de curto prazo. O brincar, tão essencial à formação psicossocial e motora, tornou-se sinônimo de consumismo.
 
Mais do que rememorar brincadeiras do passado, precisamos resgatar a simplicidade imanente à natureza infantil. Crianças divertem-se com desenhos feitos com papel e lápis, com pequenas obras de arte feitas a partir de materiais recicláveis, com histórias contadas ao pé do ouvido. Em última instância, tudo o que querem é companhia, carinho, afeto e atenção. Tudo isso não nos custa nada, sendo o que efetivamente pode entreter, ensinar e edificar valores para toda a vida.

* Tom Coelho é educador, palestrante em gestão de pessoas e negócios, escritor com artigos publicados em 17 países e autor de sete livros. E-mail: tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite: www.tomcoelho.com.br e www.setevidas.com.br.


 

Lendas - Lady Godiva

Lendas

Lady Godiva

Em Coventry vivia-se um tempo difícil. O sol não aquecera os pomares, fazendo com que as azeitonas e as vinhas não produzissem o suficiente para que se fizesse com fartura o azeite e o vinho. A miséria do povo era tão latente quanto à modéstia de jóias que as mulheres da nobreza traziam sobre o corpo, ou as vestes modestas que faziam dos seus habitantes os menos abastados de toda a Inglaterra.

Como se não bastasse a penúria vivida, a insatisfação assolava os habitantes, cada vez mais empobrecidos pelos altos impostos cobrados pelo conde Leofric, senhor absoluto daquele feudo. Grande parte do alimento colhido naquela estação ingrata, saía da boca do povo para que se pagasse os impostos ao nobre senhor. A fome pairava afoita pelas casas, pelos campos, por Coventry.

O conde Leofric era casado com uma das mulheres mais belas de toda a Inglaterra. Lady Godiva era serena, cabelos sedosos, longos e dourados como os raios do sol. Seus olhos eram azuis como o mar, traziam uma expressão de infinito que seduzia ao marido e todos os súditos em volta. Lady Godiva era de uma bondade imensa. Servos e escravos eram tratados por ela com dignidade. Não se furtava da caridade e de ajudar aos desvalidos e desprovidos da grandiosidade da vida e da sua opulência secular.

Um dia, os servos trouxeram diante do conde um camponês que fora apanhado a roubar nabos da horta de Leofric. Levado diante do conde, o infeliz declarou que cometera aquela imprudência extrema por não ter nada para comer, que os últimos grãos que colhera foram usados para pagar os impostos devidos. Que os cinco filhos pequenos choravam de fome, atormentando-o toda a noite. Ao ouvir os relatos do infeliz, Lady Godiva comoveu-se, convenceu o marido a não punir o infeliz, fornecendo ainda, alimentos para os seus filhos. Mesmo irritado, o conde acedeu com a bondade infinita da mulher.

Depois dos acontecimentos, Lady Godiva andou por todos os cantos de Coventry. Montou em seu cavalo, atravessou as muralhas, rondando por toda a parte. Descobriu que a fome assolava o lugar. Que grande parte dos alimentos colhidos iriam para os impostos do conde. Compadecida com o sofrimento daquele povo, Lady Godiva prometeu a si mesma intervir e a ajudá-lo.

Quando retornou ao castelo, encontrou o marido no estábulo, a supervisionar a alimentação das bestas. Lady Godiva desceu do seu cavalo. A respiração arfava de cansaço. Mesmo assim, encontrou forças para contar ao marido da tristeza e miséria que se abatia sobre Coventry. Falou com tanta ênfase que as lágrimas afloraram-lhe os olhos, derramando-se sobre as faces. O conde ouviu a mulher, que lhe implorava para que abaixasse os impostos. Não se deixou comover, mas as lágrimas da esposa, a sua veemência em defender os oprimidos, fizeram com que Leofric tentasse um ardil. Usando da sua inteligência sarcástica, ele esboçou um sorriso irônico e disse à mulher:
 

-Muito bem, já que insistes tanto na defesa deste povo, comovendo-me com as lágrimas que destroem a cor do céu dos teus olhos, concedo-te o pedido. Mas para que se realize, imponho-te uma condição, que a próxima vez que fores cavalgar, tu o faças sem roupas, completamente nua pelas ruas de Coventry.
-Tenho a tua palavra de que se o fizer, irás cumprir a promessa?
-Minha amada, se cavalgares nua pelas ruas de Coventry, não só abaixarei os impostos, como perdoarei a dívida aos mais necessitados.
-Que assim seja feito.

Leofric sorriu para a mulher. A promessa fora-lhe fácil fazer, difícil seria Lady Godiva cumprir a condição que impusera. Estava confiante de que ela desistiria e, ao sentir-se culpada, deixar-lhe-ia em paz com aquelas lamúrias.

Mas Lady Godiva trazia no coração uma bondade maior do que qualquer moral estabelecida pela mesquinhez dos homens. Lady Godiva mandou que os seus servos avisassem ao povo do seu sacrifício para salvá-los dos impostos e da fome. Pediu que durante a sua cavalgada penitente, todos os moradores deixassem as ruas e que se fechassem em suas casas. Comovido com a grandiosidade de Godiva, o povo de Coventry aceitou atender-lhe o pedido.

Assim, Lady Godiva desafiou a ironia e mesquinhez do marido. Despiu as vestes no estábulo, montou, completamente nua, o seu belo cavalo. Cavalgou por todas as ruas de Coventry de cabeça erguida, sem que ninguém ousasse observá-la. Somente Jack, o moleiro, não resistiu de contemplar tamanha beleza edênica. Contrariando a todos os moradores, abriu uma fresta da janela da sua casa, ao olhar tamanha beleza nua a desfilar pelas ruas, viu uma grande luz sobre os seus olhos, que foram cegados para sempre.

Ao retornar da cavalgada, Lady Godiva encontrou o conde à espera. Comovido, ele vestiu as roupas à mulher, depois se ajoelhou aos seus pés, reafirmando a palavra dada. Levantou-se e beijou a mulher.Leofric retirou os impostos altos dos ombros do seu povo. Naquele ano as colheitas foram abundantes em Coventry.

O azeite jorrou nos lagares, o trigo transformou-se em pães quentes sobre as mesas, e o vinho abençoou as refeições. Lady Godiva passou a ser amada pelo seu povo, até mesmo por Jack, o moleiro, que depois da luz da nudez da mulher sobre o cavalo, não viu mais nada na vida.



Poesia de Pedro Du Bois - SILÊNCIO - LADOS

 
Poesia de Pedro Du Bois

 
SILÊNCIO



A reafirmação do ocaso

sucessivo ao decorrido. Tempos

eleitos em esquecimentos. Torpor

                                       e formato.



A recondução do corpo ao silêncio

originário. O primeiro sinal de vida

escrito no todo universal.



            A solidão se completa

            em esquecimento

                  e silêncio.
 
(Pedro Du Bois, inédito)


LADOS



Na peça dos fundos
deposito o que não quero

que me acompanhe



no fundo do quarto
depósito as jóias



aos interesses maiores

deposito flores plastificadas

nas memórias arquivadas

dos inoxidáveis seres

desprovidos de passado



nos desinteresses

reverbero cânticos

e desprezo no rito

a sensação vazia

do conflito: entre

orações descubro

o texto analisado

no espúrio tempo

desconexo da vaidade



Faço o que me é pedido

perdido em estrelas

vistas em céus

anilados: anilhado

o pássaro se descobre

em céus abandonados



do que faço a pedido

relembro a ensolarada

tarde das tradições:

       antes do poente

     na desorientação

                 do corpo



Quando é hora

acordo em sonhos

e me desfaço do corpo

ao relento: na afirmação da gratidão
sou descrente emotivo



sendo hora do quando

me encontrar no bastante

faço do enjôo o sábado

aferido em descanso



Irrealizado termo
usado no subterfúgio

dos automóveis
em estreitas estradas:

o cotovelo do lado de fora

na sequência quilométrica



o termo correto na irrealização

do esteta no conforto da história:

habito a vida anterior do trajeto

e me recuso em novidades



ao morrerem malvadezas

se estendem sob o solo
no aguardo do perdão



malvadezas morrem

em perdões e se reabilitam

nas bondades contrariadas



Busco a fotografia publicada

na revista há tantos anos:

testemunho no aguardo

do desvelo com que notícias

praticam vaidades



a fotografia busca

representar em ânsia

a permanência: desbota

e envelhece personagens



Arrasto o tronco caído

sobre ao leito: não posso

estragar a rodovia no permitir
a interrupção da viagem



o tronco arrastado

permanece: leito desdobrado
na fluidez do trânsito

concatenado das saídas.





(Pedro Du Bois, inédito)


 
http://pedrodubois.blogspot.com
 
 
 


Poesia de Virgínia Teixeira - Vidas passadas - Caminho forjado - Sonhei que morrias

 
Poesia de Virgínia Teixeira
 
Vidas passadas
 
A minha alma deambula neste caminho agreste
Como tantas outras vezes deambulou noutras vidas
A minha alma procurou-te sem saber até que vieste
E a sede e a fome amansaram, por ti ávidas
 
Milhares de vidas percorri sem te encontrar
Milhares de vidas percorri apenas para te perder
Milhares de vidas roguei por ti sem me aperceber
Milhares de vidas gastas só para te procurar
 
E quando nos encontrámos, em cada vida passada
E me amaste por apenas um momento, ferozmente
A minha alma encontrou o seu porto e acreditou ter nele pousada
 
E quando nos perdemos, em cada vida passada
E nos despedimos com o olhar marejado e a alma pesada
Proferi mais uma vez a promessa de te procurar eternamente...

Caminho forjado
 
A amazona forja o seu próprio caminho,
Com uma espada de ferro incandescente
De um lado ao outro como um remoinho,
Cortando o mato bravio compassadamente
 
Desbrava o seu próprio caminho a guerreira
Com golpes desferidos com aparente bravura
De um lado ao outro, numa apaixonada cegueira
Abatendo as ervas daninhas e roseiras sem censura
 
A amazona assim desvenda o caminho da sua sina
Com golpes desferidos à falta de um caminho desimpedido
Cegamente, sem saber o que está para lá de cada colina
 
Marcando cada passo com uma grossa lágrima em pérola transformada
Sem hesitar, avança, com o seu peito de mulher aberto ao desconhecido
Não crente, não esperançosa, mas incapaz de se admitir derrotada!

 
Sonhei que morrias
 
Esta noite sonhei que morrias...
Encontrei-te deitado num caixão com aroma a eternidade
As mãos repousadas no peito que já não movias
E as pálpebras cerradas a esconder o teu olhar de tempestade...
 
As lágrimas corriam pelo meu rosto contorcido
E a minha voz transformada num grito alucinado
Som de besta selvagem, de espirito perdido...
Abracei o teu cadáver jurando manter-te acorrentado
 
Prometi-te o meu coração estraçalhado no peito
O meu corpo e a minha alma abandonadas à sua sorte
Deitei-me devagar junto a ti no teu eterno leito
 
E beijei-te como uma menina bravia que saboreia a morte
Envolvi-te com o desespero de mulher endoidecida
E ali restei, ao teu lado, eternamente adormecida...
 

 
 

A FAMÍLIA TECO-TECO - Conto Infanto-Juvenil de Avómi (Cremilde Vieira da Cruz)

A FAMÍLIA TECO-TECO

Conto Infanto-Juvenil de Avómi (Cremilde Vieira da Cruz)
Ia eu muito contente apanhando pedrinha aqui, florinha ali, olhando as árvores, sorrindo às ervinhas, quando ouvi uma vozinha muito fininha que pedia socorro. Corri para o local donde vinha a voz e deparei-me com um coelhinho que chorava.

- Que te aconteceu, coelhinho?- perguntei-lhe.
- Tive um acidente - respondeu o coelhinho - Parti uma patinha quando fugia dum caçador maroto que queria matar-me, para fazer uma boa almoçarada. O mais grave é que, depois de tanto fugir, não sei onde estou, e não consigo orientar-me para voltar para casa. Os meus pais e irmãos devem estar desesperados.

- Deixa-me ver a tua patinha!... Ah, isto está feio! De certo terás que ir ao veterinário para te tratar e é melhor fazê-lo quanto antes, porque se o não fizeres, podes ficar com a patinha aleijada.
- Terei que ir ao veterinário?! O que é isso?
- O veterinário é um Senhor que trata os animais; é o médico dos animais.
- Ah, nunca tinha ouvido falar!
- Mas o que eu mais queria, era encontrar a minha casa e a minha família. Longe dos meus familiares, sinto-me muito triste.

- Vais dizer-me onde vivem os teus pais e depois de teres a patinha tratada pelo veterinário, levar-te-ei a casa. - disse eu.
- O meu pai é o Senhor Teco-Teco e a minha mãe a Senhora Teco-Teco. A nossa casa é na quinta do Senhor Conde de... Ai que me esqueci do nome do Senhor Conde!... - disse o coelhinho.
- E como se chama a quinta? Se me disseres o nome da quinta e onde fica...
- A quinta fica num Monte e chama-se Quinta da Corticeira.

A nossa toca é muito espaçosa e gostamos muito de lá viver, porque temos sempre ervinhas frescas e aguinha muito limpa, sem precisarmos de ir para longe da toca. A água corre num riacho ali ao pé e faz um barulho tão bonito, que até parece que canta.
- Não te preocupes, que não será difícil encontrarmos os teus pais, pois pelas indicações que me dás, havemos de lá ir ter.
 

- Que bom! Estou tão desejoso de chegar a minha casa e tão preocupado com os meus pais! Eles devem estar aflitíssimos e muito tristes.
- Então vamos lá visitar o Senhor Dr. Pereira que é um veterinário meu amigo, e ele tratar-te-á cuidadosamente. A tua patinha ficará boa num instante. Vem cá para o meu colo, não quero que te esforces a andar. A tua patinha não deve estar partida, mas sim muito magoada, pois se estivesse partida não poderias andar.

Fomos ao consultório do Dr. Pereira que vive numa aldeia ali perto e ele observou logo a patinha do coelhinho Teco-Teco.
- Isto não é nada de grave. A tua patinha está apenas magoada. Vou pôr-te uma pomadinha e daqui a pouco estarás pronto para uma corrida.
 

- Obrigado, Senhor Dr. - disse o coelhinho - O Senhor é muito simpático e bom. Se soubesse o susto que apanhei, quando vi aquele caçador a apontar-me a arma!... Nunca tinha corrido tanto na minha vida. A minha sorte foi ter-me magoado quando já estava bastante longe dele, senão...
Esta amiga socorreu-me e trouxe-me aqui para o Senhor Dr. tratar a minha patinha, pois se assim não fosse estaria ainda no meio do mato, perdido e cheio de dores.
- Onde moras? - perguntou o veterinário.
- Moro na Quinta da Corticeira.

- Essa quinta é muito perto daqui! Estás a ver aquele Monte? É ali a Quinta da Corticeira.
Como estás muito cansado e a nossa amiga também deve estar, levá-los-ei no meu carro, para evitar que subam o monte a pé.
- Obrigado, Senhor Dr. Pereira! Estou tão contente por o ter conhecido!

Quando chegar a casa vou dizer aos meus pais que o Senhor é o melhor médico do mundo e, tenho a certeza que a partir de agora, a Família Teco-Teco há-de vir ao seu consultório sempre que houver qualquer problema de saúde.

Avómi

(Cremilde Vieira da Cruz)



domingo, 16 de agosto de 2015

Anedotas - Recolhidas na Net - (Facebook sobretudo)

 
Anedotas - Recolhidas na Net - (Facebook sobretudo)
 
O Maridão
.
Um grupo de homens está na sauna, quando eis que um telemóvel começa a tocar:
- Alô
- Querido
- Sim querida
- Está na sauna
- Sim estou
- Sabe o que é, estou em frente a uma loja de roupa que tem um casaco de vison magnifico, posso compra-lo?
- Quanto custa
- Só 3.000 €
- Bem está bem compra
 
- Ah que bom, outra coisa, acabei de passar no concessionário da mercedes e vi o ultimo modelo, é fantástico, falei com o vendedor que faz um ótimo preço.
- Qual é o preço
- Meu amor são só 150.000 €
- Bom ok mas por esse preço tem de ter todas as opções.
- Pode deixar eu trato brigado queridão. Olha outra coisa só
- O quê
- Hoje passei em frente á imobiliária e reparei que aquela casa que vimos o ano passado está a venda, lembras-te dela? Aquela que tem jardim, churrasqueira completamente isolada naquela praia magnífica lembras?
- Lembro sim quanto custa?
- Meu querido somente 650.000€ agora
- Bom pode comprar mas pague no máximo somente 620.000 €
- Está bom amor, obrigado és um maridão até logo beijos
- Até logo
 
Ele desliga o telemóvel e pergunta aos outros...
...
...
...
- ALGUEM SABE DE QUEM É ESTE TELEMOVEL?

 
 
Correndo à chuva

Uma mulher tinha um caso amoroso enquanto o marido estava a trabalhar. Um dia de chuva estava na cama com o amante quando, para seu horror, ouviu o carro do marido a estacionar à porta de casa.
"Meu Deus!...Rápido! Agarra as tuas roupas e salta pela janela!...O meu marido chegou mais cedo!"
"Não posso saltar lá pra fora, está a chover muito!"
"Se o meu marido te apanha aqui, mata-nos aos dois!Ele tem mau feitio e uma arma, a chuva é o menor dos teus problemas!"
Então ele agarra as roupas e salta pela janela.
Enquanto corre pela rua fora, à chuva, vê-se no meio duma maratona, organizada pela Câmara Municipal.
Estando nú, com as roupas debaixo do braço, tenta correr bem no meio da multidão.
 
Passado um bocado, um pequeno grupo começa a olhá-lo com curiosidade.
"Corres sempre nú?"
"Oh, sim!Dá-me uma grande sensação de liberdade!" -responde já ofegante.
 
Outro corredor aproxima-se dele:" Corres sempre a carregar a tua roupa debaixo do braço?"
"Oh, sim!Desta maneira posso vestir-me logo no fim da corrida e meter-me no carro para ir para casa!"
 
Então um terceiro corredor olha um bocadinho mais para baixo e pergunta:
"Corres sempre utilizando um preservativo?"
 
"Não...Não" -gagueja ele- "Só quando chove!"

 
GESTÃO POR OBJETIVOS
 
Era uma vez uma aldeia onde viviam dois homens que tinham o mesmo nome: Joaquim Gonçalves.
Um era sacerdote e o outro taxista.
Quis o destino que morressem no mesmo dia.
Quando chegaram ao céu, São Pedro esperava-os.
- O teu nome?
- Joaquim Gonçalves.
- És o sacerdote?
- Não, o taxista.
 
São Pedro consulta as suas notas e diz:
- Bom, ganhaste o paraíso. Levas esta túnica com fios de ouro e este ceptro de platina com incrustações de rubis.
- Podes entrar.
- O teu nome?
- Joaquim Gonçalves.
- És o sacerdote?
- Sim, sou eu mesmo.
- Muito bem, meu filho, ganhaste o paraíso.
- Levas esta bata de linho e este ceptro de ferro.
 
O sacerdote diz:
- Desculpe, mas deve haver engano.
- Eu sou o Joaquim Gonçalves, o sacerdote!
- Sim, meu filho, ganhaste o paraíso.
- Levas esta bata de linho e...
 
- Não pode ser! Eu conheço o outro senhor.
- Era taxista, vivia na minha aldeia e era um desastre! Subia os passeios, batia com o carro todos os dias, conduzia pessimamente e assustava as pessoas.
Nunca mudou, apesar das multas e repreensões policiais.
E quanto a mim, passei 75 anos pregando todos os domingos na paróquia.
Como é que ele recebe a túnica com fios de ouro e eu... Isto?
 
- Não é nenhum engano - diz São Pedro.
- Aqui no céu, estamos a fazer uma gestão mais profissional, como a que vocês fazem lá na Terra.
- Não entendo!
 
- Eu explico. Agora orientamo-nos por objectivos. É assim: durante os últimos anos, cada vez que tu pregavas, as pessoas dormiam.
- E cada vez que ele conduzia o táxi, as pessoas começavam a rezar.
 
- Resultados! Percebeste? Gestão por Objectivos! O que interessa são os resultados, a forma de lá chegar é completamente secundária...

 
Um padre estava a distribuir bíblias
 
Um padre estava a distribuir bíblias para as pessoas venderem e ajudarem as obras da igreja. De repente, chega um gago a oferecer os seus serviços.
-Pa...pa..dre, eu ga..go...gosta...taria de aju...ju...dar a ve...ve..nder bi...bi...bíblias:
Comovido com a tentativa de colaborar, o padre deu umas poucas bíblias ao gago.
No final da tarde, durante o acerto de contas, o padre ia perguntando aos colaboradores.
-Você quantas vendeu?
-Vendi duas.
-E você?
-Vendi uma.
 
-E você, quantas vendeu? - Perguntou ao gago.
-Eu va..ve..ndi tu..tudo.
-Tudo? - Espantou-se o padre - mas como?
 
-É sa..simples: Eu cha..chegava pa..pra pe...pessoa e pa..pe..perguntava: o se..senhor va..vai ca...comprar a bi..bíblia ou quer que...que eu leia?

 
Visitas domiciliares
 
MEDECINA NO MEIO RURAL
 
Um velho doutor que sempre trabalhara no meio rural, achou que tinha chegado a hora de se aposentar depois de ter exercido medecina mais de 50 anos !
Ele encontrou um jovem médico para o lugar dele e sugeriu ao novo diplomado que o acompanhasse nas visitas domiciliares, para que as pessoas se habituassem a ele progressivamente.
 
Na primeira casa uma mulher queixou-se que lhe doía muito o estômago. O velho doutor respondeu-lhe:
- Sabe, a causa provável e que você abusou nas frutas frescas... Por que não reduz a quantidade que consome ?
 
Quando sairam da casa o jovem disse:
- O senhor nem sequer examinou aquela mulher... Como conseguiu chegar ao diagnóstico assim tao rápido ?
- Oh, nem valia a pena examina-la... Você notou que eu deixei cair o estetoscópio no chão ? Quando me abaixei para apanha-lo, notei que havia meia duzia de cascas de mangas, um pouco verdes, no balde do lixo. É provável que isso lhe deu as dores. Na próxima visita você se encarrega do exame.
 
- Humm ! Que esperteza ! Eu penso que vou tentar empregar essa técnica. Na casa seguinte, eles passam vários minutos a falar com uma mulher ainda jovem.
Ela queixava-se de uma grande fadiga:
- Eu sinto-me completamente sem forças...
 
O jovem doutor disse-lhe então:
- Você deu provavelmente muito de si para a igreja... Se reduzir essa actividade, talvez recupere um pouco da sua energia.
 
Assim que deixaram aquela casa, o velho doutor disse para novo:
- O seu diagnóstico surpreendeu-me... Como é que chegou a conclusão que aquela mulher se dava de corpo e alma aos trabalhos religiosos ?
 
- Eu apliquei a mesma técnica que o senhor me indicou:
Deixei cair o meu estetoscópio e, quando me abaixei para o apanhar, vi o padre debaixo da cama...!!!