Jornal Raizonline nº 140 de 3 de Outubro de 2011 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - Fazer bem sem olhar ao «porquê»
Há o velho ditado, que raramente se sabe ser cumprido, que diz «fazer o bem sem olhar a quem» que serve de mote, se quisermos, ao título acima e ao texto que já vai seguindo.
Na verdade existe seguramente em cada um de nós a intenção de fazer sempre bem, nem de outra forma se entenderá que as coisas possam ser. Fazer sempre bem naquele sentido de fazer bonito, harmonioso, profundo, enfim...não quer dizer necessariamente que exista forçosamente uma preocupação ética aqui metida neste contexto mas seguindo os livros sabemos que esse requinte ético está implícito neste contexto.
Fazemos bem, ou procuramos fazer o nosso melhor, porque isso é também fazer «o bem» em termos morais e nem de outra forma também poderia ser: cultivar o belo pode querer dizer em forma mais corrente cultivar o bem feito na sua amplitude e complexidade. Não é preciso ser «perfeccionista» como se usa dizer para seguir este caminho do bem...realizado.
Ora, se todos de uma forma geral fazemos bem, damos o nosso melhor, porque razão por vezes as coisas saem mal ou menos bem pelo menos? Bem...o principio é simples: há coisas que nos ultrapassam, que ultrapassam a nossa capacidade e que sem nós nos apercebermos por vezes dão o seu toque negativo nos nossos esforços e aí não há nada que nos possa valer precisamente porque nem nos apercebemos por vezes da influência negativa desses mesmos factores.
Fazer arte, naquele sentido em que nós a fazemos todos, com maior ou menor aceitação ou com aceitações diferenciadas, conta também com isso, com os tais efeitos negativos que não sabemos nem o que são nem donde vêm. Sabemos quase imediatamente que quando não temos as condições «históricas» ou curriculares para fazer determinadas coisas não as fazemos ou aprendemos a fazê-las.
Neste caso de que falo acima, neste caso concreto, não se trata de não saber ou não conseguir por uma deficiência que esteja já em nós: é mesmo algo que nos ultrapassa. Mas, se formos dar uma olhada por toda a história, neste campo da arte mesmo, ao verificarmos que dadas obras de dados autores, em qualquer campo, são mais conhecidas que outras o que dizemos?
O mesmo, ou seja, dizemos o mesmo que devemos dizer a nós mesmos: as musas (no caso da poesia) não estavam com eles na altura e não estão connosco nesses precisos momentos.
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