Recordar o Raizonline - Trabalhos de Numeros de Arquivo - JORNADA CREPUSCULAR - A tradição das Tertúlias nos Cafés - Por Mário Matta e Silva
GOETHE deixou escrito que os cafés «são uma espécie de clube democrático (…) onde se pode ficar sentado durante horas a discutir, a escrever…»
Em Veneza, o Florian, guarda memórias de Byron, Dickens, Proust, Yourcenar, e muitos outros que mantinham ali os seus grupos. Em Paris, o Procope, não só guarda memórias revolucionárias, como as de carismáticos visitantes que lá tertuliaram, como, Diderot, Montesquieu, Baudelaire, Verlaine…
Balzac resumiu assim tudo o que se podia, ao tempo, considerar sobre cada um dos cafés que frequentavam: «O café é o parlamento do povo.»
Esta frase não exclui a vivacidade dos grupos, formando elites, estilos, gostos, à volta das mesas onde o café arábico era alvo da degustação e do prazer, numa cumplicidade com o ambiente respirado e partilhado, de Arte Nova, entre espelhos, o ferro trabalhado, colunas, estátuas, mesas de mármore ou de madeira, cadeiras de boa madeira ou de couro.
Os cafés, a partir do último quartel do Sec. XVIII, (talvez por influência mais directa dos intelectuais estrangeirados) tornaram-se por certo no primeiro fórum socialmente plural. Muita poesia ou prosa, manifestos, tratados e abaixo-assinados foram construídos, lidos e discutidos pelas mesas dos cafés em várias épocas, nos mais dispares locais.
Porto, Coimbra, Lisboa, têm a sua tradição feita de boémios, de estudantes, de poetas, sustentando em suas mesas conversas acaloradas, piadas, anedotas tertúlias animadas…
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