quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Sobre o Capote de Nicolai Gogol - Texto / análise de Daniel Teixeira



Sobre o Capote de Nicolai Gogol - Texto / análise de Daniel Teixeira
Este conto / novela de Nicolai Gogol é um dos trabalhos que eu considero mais importante para uma análise deste escritor russo. De notar que não é minha pretensão ver Gogol exclusivamente por esta lupa / texto.

O motivo, ou os motivos, o enredo ou os enredos da novela são, em certo sentido insignificantes, como insignificante é toda a história realçando-se o dom pela escrita do autor e o seu sentido de composição e também o seu esforço para conseguir transformar uma história quase banal, repleta de banalidades, no sentido literário do termo que não tanto no sentido humano, numa história que acaba afinal por ser bem conseguida e acaba por alcançar os seus objectivos.

Aos objectivos da história iremos indo em frente dedicando desde já esta parte do nosso texto a um pequeno resumo inventariador daquilo que nos interessa.
Compreende-se logo o interesse do escritor em retirar toda a relevância ao protagonista da novela, começando desde o início com o episódio da escolha do seu nome pela sua mãe perante as sugestões calendarizadas dos padrinhos:

«— Que castigo! — disse a senhora. — Que nomes! Nunca ouvi coisa assim. Varada ou Varukh, ainda enfim, mas Triphilyi e Varakhasiy, não!
Passaram para outra página e encontraram Pavsikakhiy e Vakhtisyi. — Agora percebo — disse a velha senhora, — que isto é o destino. E uma vez que assim é, o melhor será dar-lhe o nome do pai. O nome do pai era Akakiy, portanto que o filho se chame também Akakiy.»

Realcemos:
1- a expressão da mãe de Akakiy: «Agora percebo, que isto é o destino!»
2- a utilização por Gogol do termo «velha senhora» (talvez um erro de escrita) a uma mãe que acabava de dar à luz,
3- a ausência de outra referência ao pai senão o seu cargo, sabendo-se assim também na mesma altura que quando do nascimento de Akakiy ela era viúva.



 

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