No tempo do Inverno - Crónica de Arlete Piedade
Com esta primeira semana de chuva e frio que marca o início efetivo do Outono em tempo real, uma vez que pelo calendário já começou há mês e meio, recordo-me de outros invernos e recuo de novo, até ao tempo da minha infância.
Uma das primeiras recordações que tenho do Inverno, foi de um dia de queda intensa de granizo, tão forte e em tanta quantidade, que tapou todo o peitoril da janela, da sala de nossa casa na aldeia, de onde eu espreitava do lado de dentro, muito surpreendida e também desejosa de abrir a janela e brincar com aquelas bolinhas brancas e frias.
Claro que a minha mãe não deixou, e imagino que me terá tentado explicar que podia constipar-me. Mas essa parte já não me lembro, só imagino, pela comparação com o que os pais costumam fazer com os filhos.
Recordo também quando ia para a escola, atravessando os campos pelas estradas rurais, com as outras crianças, dos campos cobertos de geada, todos brancos e do encanto que sentia com toda aquela brancura e da luz do sol nascente, cujos raios incidiam nos cristais, fazendo brilhar esplendorosamente toda a paisagem.
Mas era muito frio e as nossas mães, para nos aquecerem as mãos e os sapatos antes de sairmos de casa, na falta de luvas e outros agasalhos, colocavam pedras redondas entre as brasas da lareira, para aquecerem, as quais depois enrolavam em papeis de jornal, para levarmos nas mãos e nos aquecerem.
O pior aconteceu, quando uma das pedras estava quente demais e pegou fogo ao papel, provocando apenas um susto, pois de imediato a criança a jogou fora.
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