sábado, 15 de outubro de 2011

O Príncipe de Ofiúco - Novela de Arlete Piedade - III Capítulo – A Maldição



O Príncipe de Ofiúco - Novela de Arlete Piedade - III Capítulo – A Maldição
Acomodando-se melhor no largo sofá de pele, Youssef tentou serenar e ouvir até ao fim a história que o velho rei se dispunha a contar-lhe.
E Kristian continuou:
- A rainha dos homens-insectos, era uma linda senhora, chamada Silfana, e pediu uma reunião comigo, para fazermos um acordo de paz, depois dos seus homens ocuparem durante a noite todos os nossos postos-chave.

E prosseguiu: - Sem outra opção e encantado pelas suas maneiras gentis e delicadas, concordei em recebê-la, estranhando como podia uma criatura tão bela, ser rainha de seres tão horríveis como esses homens-insectos.
Ela chegou e dispensou a sua guarda que ficou patrulhando o corredor, enquanto a recebia nos meus aposentos pessoais, saudoso da companhia de uma mulher, já que a minha rainha, como deveis estar recordado, faleceu pouco depois do nascimento dos nossos filhos gémeos, que também há muito me abandonaram.

E emocionado Kristian continuou em voz embargada:
- Silfana revelou-se uma senhora gentil e meiga que me convidou para me sentar a seu lado no sofá. Em seguida pegou-me na mão e perguntou se podia tocar a minha barba, pois disse nunca ter visto um homem assim com uma barba tão encantadora, que parecia tão macia e branca como flocos de algodão do seu país.

E continuou: - Impressionado perguntei-lhe qual era o seu país, pois ignorava que os homens insectos tivessem uma pátria e ela contou-me enquanto brincava com a minha barba, que não pertencia á mesma raça.

Disse-me em seguida que a sua mãe era uma terrena, raptada da sua terra pelo rei dos homens-insectos e ela o produto desse casamento forçado, que tinha tomado o comando depois da morte de seu pai numa cruel batalha num planeta distante.
Silfana confidenciou-me que o seu maior desejo, era voltar a ser completamente humana, mas só o poderia conseguir quando encontrasse um humano que a tomasse como esposa e a amasse verdadeiramente e então ficaria liberta para sempre daquele fardo.

Surpreendido perguntei-lhe qual o fardo, pois que ela era tão bela, uma mulher fascinante, de cabelos dourados, olhos verdes meigos e dóceis, e então ela contou-me a maldição dos homens-insectos.
Todos eles pareciam humanos enquanto as suas emoções se mantinham calmas e controladas, mas quando se exaltavam no calor da batalha, ou perante um insulto, ou qualquer outra emoção que lhes fizesse ferver o sangue, fosse boa ou má, ressurgia o insecto, e perante essa influência, não se podia prever qual o seu comportamento e o seu aspecto também mudava.

Asas surgiam nas suas costas, antenas cresciam nas suas fontes, a sua pele engrossava e ficava rija, os seus olhos ficavam divididos, a sua força crescia, a sua voz sibilava e ciciava…



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