quinta-feira, 6 de outubro de 2011

PAULO LEMINSKI, O Poeta ou O Mito - Texto de Silas Correa Leite



PAULO LEMINSKI, O Poeta ou O Mito - Texto de Silas Correa Leite
Em palestras, congressos, debates, eventos artísticos, e mesmo em conversas literárias, por assim dizer, em bares, forfés e baladas ou raves lítero-culturais que sejam, volta e meia, lá vem um jovial e imberbe ledor iniciante ou teen, me cobrar: - O que eu penso sobre o poeta Paulo Leminski?

Em alguns textos e mesmo poemas, tive a oportunidade de comentar a veia e a época Leminskiana, importante, sem dúvida, pelo catatau de trabalhos que o poeta de Curitiba andou aprontando, mesmo não tendo lido o que, dizem, é a melhor obra dele, o Catatau propriamente dito. E até fiz homenagens a
Paulo Leminski que brilhou merecidamente e marcou época, inclusive, pelo caetanear, midiática.
Bem, andei sondando Paulo Leminski a partir do conterrâneo cartunista Itarareense Luiz Solda, também a propósito poeta como ele, mas que se afastou da fauna notívaga curitibana, da boemia etílica encancarada, enquanto Leminski ficou e morreu de overdose de poemas, loucuras, andanças literárias, criacionices, não necessariamente nessa ordem.
Pois é, Leminski via poesia em tudo. Ele era a Poesia. Ele era poeta diuturnamente. Sacava lances que ninguém via, sondava prismas só para ele existentes, meio zen-polonês-paranaense, pés vermelhos, meio olho mágico, meio mão criativa, rápido no coldre das idéias, isso tudo num tremendo criador que, pelo jeito, ficou o mito, a fama, depois que Caetano o levou para as lides da MPB e assim, o Leminski que era meio cult virou meio pop, não necessariamente também nessa ordem.
E morrendo ficou a dúvida: seria ainda melhor poeta se continuasse vivo e criando, ou foi melhor morrer no auge como Cazuza ou Renato Russo, do que virar chulo e brega como uns e outros, Cauby, Lobão, Roberto Carlos e quetais?
Fui-me a comparar Leminski. Sondei os dez melhores poetas do Brasil. Enumerei-os, naturalmente, de Drummond a Bandeira, de Jorge de Lima a João Cabral de Melo Neto, de Carlos Nejar a Castro Alves, só para citar alguns dos melhores mesmo.
Bem, os dez melhores estão muito acima de Leminski, mesmo datados, no conjunto da obra, os melhores do Brasil, esses citados e outros. Fui aos vinte. Aos trinta. Sondei, pesquisei.
Um poeta pós-moderno, letrista, zen-budista o que fosse, e que foi, Leminski ainda não está entre os cem melhores poetas do Brasil, muito abaixo de Hilda Hist e Cecilia Meireles, beira a Helena Kolody mas, até mesmo a sua musa e poeta-esposa, Alice Ruiz, ainda viva, viçando, bonita e brilhante, hoje ultrapasssa em muito com qualidade poético-cultural o maridão Leminski.
Foi o que senti, saquei, encasquetei, que me desculpem os Leminskianos de passagem. Não é porque morreu, que continua. Não é porque morreu que não foi grande. Mas não está entre os cem melhores da poesia brasileira de todos os tempos.
Muito dos assim ditos novos, de Chacal, Roberto Piva ou mesmo Arnaldo Antunes, estão acima dele hoje. Alguns tiveram seus traços, linhas. Seguiram-no, no inicio do historial todo.



 

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