domingo, 1 de janeiro de 2012

Coluna de Manuel Fragata de Morais - MEMORIAS DA ILHA - CRONICAS - POPULACIONAMENTO



Coluna de Manuel Fragata de Morais - MEMORIAS DA ILHA - CRONICAS - POPULACIONAMENTO
O «Correio da Semana» último, em posição de merecido destaque, mostrava um patriarca vigoroso e benguelense que, por mares nunca antes navegados, produzira até ao presente minuto a módica ninhada de sessenta e dois filhos.

Em profundo grito de emoção, clamei orgulhoso por esta ditosa pátria que tal protonauta gerou. Quisera ter engenho e arte, para em verso fino e pleno de verve, conclamar os cidadãos a colecta pública que, de maneira impoluta, permitisse o erguer, na praça citadina maior, de reveladora estátua através da qual a pátria, tão falha de filhos, agradeceria o gesto disseminador e altruísta

Poder-me-ão chamar de cínico, brincalhão, o que quiserem, todavia juro-vos que nunca estive tão sério.

O nosso país é, e sê-lo-á por algum tempo, potencialmente rico pelo simples facto de sermos apenas cerca dez milhões de habitantes. E se considerarmos a bordoada que de momento mutuamente nos distribuímos, só me posso sentir feliz por tão baixa população.

Imagine-se, utilizando a matemática do patriarca, um homem para três mulheres, como ele fez, daria dois milhões e meio de machos garanhões e permanentemente em cio, a fazerem filhos como em linha de montagem, a sete milhões e meio de fêmeas reprodutoras, e digam lá, se a sessenta e dois filhos por tríade paridos, não haveria agora infinitamente muitos mais sopapos distribuídos, uma Jamba muito mais vasta com milhões de prisioneiros de guerra, e não só, e todo um mar por aí fora?...


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