Poética de Ilona Bastos - Não sei ; Olhares; A Vinha e a Esperança
Não sei
Não sei se mais aprecio o veludo acolchoado dos pinheiros mansos a cobrir a encosta, se a desenvoltura flamejante dos pinheiros bravos a estamparem-se contra o eucaliptal.
Só sei que uma súbita emoção me toma quando avisto o verde escuro das copas contra o céu azul soberbamente nublado.
Deixem-me o verde, deixem-mo, depois de tudo ir.
Deixem-me os ramos dos pinheiros, a seiva,
O mato, as sebes, quando for hora de partir.
Deixem-me os vários tons, as formas,
As mais incautas plantas, mesmo se tudo ruir.
Olhares
Tudo se resume a um olhar sobre o mundo e ao desvendar das maravilhas que encerra.
Já em criança o fazia: colhia flores, apanhava pedrinhas, folhas, conchinhas, e trazia-as para casa.
Acabavam, depois, por secar entre as folhas de um livro, perder-se ou ir parar ao cesto dos papéis, essas jóias tão acarinhadas.
Agora não! Encontrei um cofre, que é este blog. Aqui coloco as folhas e as flores que trouxe da rua. Aqui os guardo, expondo-os aos olhos do mundo, os vídeos que me comoveram, as músicas que me deliciaram, os excertos de livros que se me tornaram inesquecíveis.
Eis, portanto, as minhas jóias - o meu cofre!
A Vinha e a Esperança
Agora, é a videira que se enche de parras e de uvas,
que cresce, afoita, num reboliço de gavinhas,
limbos, pecíolos, bainhas, e que se expande sobre o muro,
galgando-o magnificamente, desafiando a rua,
debruçando-se, viçosa, com seus cachos caprichosos,
sobre os carros, as carrinhas e os apressados peões.
Nada teme esta videira citadina, tão tranquilamente verde,
tão essencialmente terra, água e sol, tão fiel a si mesma!
Leia este tema completo a partir de 9/1/2012
Sem comentários:
Enviar um comentário