domingo, 1 de janeiro de 2012

Coluna de Manuel Fragata de Morais - O FANTASTICO NA PROSA ANGOLANA - MANUEL RUI - ALICE NO PAIS DELA!



Coluna de Manuel Fragata de Morais - O FANTASTICO NA PROSA ANGOLANA - MANUEL RUI - ALICE NO PAIS DELA!
 


Alice tinha regressado do país das maravilhas.

Regressara num avião boeing. Chegara à sua terra «senhores passageiros».

E contava à família tudo de maravilhoso que ela vivera no país das maravilhas. E Alice era, agora, a pessoa mais importante da família. Todos a rodeavam para lhe ouvir as maravilhosas estórias que ela vivera no país das maravilhas.

Os mais velhos, então esses, pasmavam de olhar na Alice e seu pai e a sua mãe era só orgulho mimado a desbaratar-se de rosto babado. Que filha exemplar!

Que deixou o país das maravilhas nesse voltar o coração para ao pé dos seus. Pobres. Quase sem rumo. Sempre na espera de qualquer coisa nova. E Alice era uma novidade.

E, por isso, quando se começou a fazer da terra de Alice um país e se arranjou um rei, insígnias e bandeira, logo alguém pensou que aquele país estava dotado para ser das maravilhas. Porque era muito rico, falavam. E as pessoas tinham muita esperança.

Daí que o rei convidasse logo Alice para ocupar a pasta da economia, o que Alice aceitou e tomou posse.

Mas Alice não se deu com essa pasta e, em menos de três meses, quase arruinou o ministério.

O rei, que era muito discreto, decidiu afastar Alice por conveniência de serviço, quer dizer, Alice convinha a outro serviço, quer dizer, Alice convinha a outro serviço diferente, era por ele solicitada.

E o rei falou:

«Alice. Você foi fadada para fazer carreira. Esse é o seu destino e temos pouca gente com experiência do país das maravilhas. Por isso vou colocá-la no ministério da agricultura.»

«Rei. Desculpa tratar-te por tu. Mas tu sabes, pá, que eu só aceitei porque desejo fazer carreira, pá. Estou ou não estou nomenclaturizada?»



 

Sem comentários:

Enviar um comentário