O Véio - Conto em «caipirês» por Antônio Carlos Affonso dos Santos (ACAS)
Eu tava bão inté aquela hora. Inda intentei chamá minha fia, mais ela num mi iscuitô. Inté pensei que podia pelejá co´as dô, passano um café forte ô um chazim de capim santo.
Mais a dô num passava. Era uma dô no peito que só veno. Inda agorinha ela mi bateu nas paqüera! Num pudia nem respirá. Oiei nu patacão pindurado adetrais da porta. Era duas hora da madrugada.
Pros lado do quarto da fia num iscuitava nada, deviam de tar durmino. Saí do meu jirau cum cochão de páia. Pensei de í no quintar tomá ar fresco. Distramelei as duas parte da porta e rompi no quintar.
Lá fora tava crarinho, parecia que um farolete tava alumiano a casa, os teiado, os chiquero coás marroa gorda, os pulero cheio de ligorna e ródia, tudas ela quietinha.
Só o galo índio deu um cocorocô quarqué, bem de mansinho. A lua tava linda, cheia, intera.
Lembrei que fazia ano que num arreparava que a lua era tão bunita. Senti saudade da finada minha mié, que tinha a mania de cantá verso quando a lua tava cheia.
Eu tava ca cara moiada. Me admirei um poco. Já tenho quase sessenta ano nas costa e inda sinto saudade de alguém que já se foi faiz cinco ano.
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