Jornal Raizonline nº 156 de 30 de Janeiro de 2012 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - Explorar o diferente pode resultar
Uma das preocupações que provavelmente já nasceu comigo é a de evitar a rotinização das tarefas, sejam elas quais forem, ou, na melhor das hipóteses, fazer com que a rotina, a mecanização, seja um auxiliar da razão, do raciocínio, dando-lhe descanso e libertando esse raciocínio ou a razão em abstracto para outras tarefas.
O processo, como todos os processos, de uma forma geral, é / são de alguma forma coisas que já existem em nós ou que nós vamos construindo, aferindo, testando, ao longo dos tempos. Sem ser socrático / platónico e sem acreditar nessa coisa de dar à luz o que já existe de forma quase genética, encontro-me por vezes a meio caminho dessas concepções sem no entanto chegar a essa fatal e predestinada filo - mania.
A capacidade do ser humano para se confrontar com a novidade e com os potenciais problemas que ela pode colocar tem milhões (curto modo) de soluções e nós, como seres inteligentes que nos consideramos, optamos livremente ou tão livremente quanto o quadro apresentado nos permite por uma ou outra solução entre várias (milhares de milhões, agora nesta parte do texto já).
Assim, e referido isto, tenho dificuldade em entender o pronto a vestir intelectual, o fast food da sapiência, as gavetinhas que se abrem e fecham em determinadas alturas dos nossos campeonatos pessoais.
Inversamente também me aflige a dispersão das ideias, a idiotice maníaca, a falta de travão, a corrida desenfreada para a meta sem ter em conta a medida dos percursos. Num caso e noutro procuro ser compreensivo, procuro ser tolerante e acho que sou, porque vivo nesta sociedade e não noutra que seria para mim a ideal e que malfadamente não existe senão em mim...também era melhor que a minha papinha mental viesse já feita e que tudo o que se passa à minha volta me tivesse a mim como ponto de encosto: ficaria a sociedade seguramente muito mal servida.