São Paulo em Minicontos
PAULISTANO BLUES
Sou paulistano por excelência. Estou só! Sou como recém-nascido jogado na lata do lixo. Não tenho pai, não tenho mãe, não tenho irmãos, não tenho amigos... Apenas uma lata de lixo pode ser a Mãe que não me nega o Leite da Sobrevivência. Sou alimentado em seus peitos doces e sujos, onde encontro a cumplicidade vital. Encontro abrigo. Encontro a paz que mata todas as minhas fomes, minhas sedes. Peitos docemente sujos, imundamente doces! No lixo orgânico e não - reciclável, encontro a estranha poesia que me faz existir de fato. Agora, trago no bolso todas as armas que me farão vitorioso numa Luta Armada de Palavras! As armas, eu as encontrei na lata do teu lixo, enquanto de muito longe me vinha um Blues... Paulistano Blues...
Rê Reta
Quase não tinha «peito». Chamavam-na de «Rê Reta». Agora, cheia de si, desfila pelas ruas da Vila Madalena com a tal da «autoestima» elevadíssima: 360 ml de silicone em cada peito, pagos em seis «suaves» prestações. Vitoriosa e feliz da vida, Renata aguarda Lucas retornar de Boca Raton, quando, vingativa que é, esfregará em sua cara os agora «peitões». Lucas nem imagina o «tamanho da surpresa» que o espera quando retornar à Pátria Amada! Será, meu caro? Nesses tempos de «redes sociais», fica dificílimo surpreender alguém!
No centro da Metrópole
No centro da Metrópole, crentes de todas as espécies pregam a conversão para os «infiéis». Há até crente dividido entre Elvis Presley e Jesus Cristo: Não sabe se fala de um ou do outro, e o Espetáculo é a Indefinição! A Indefinição é o Espetáculo! Em meio ao fuzuê, artistas de rua apresentam-se sonhando com um bom lugar na TV (apesar da INTERNET, todos ainda almejam um lugarzinho na TV). Muita «pregação» e outro tanto de «música» que faz surgir, entre as moradoras de rua, dançarinas que animam o Show da Vida: Rosinhas, Tátis, Ritinhas...
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