Jornal Raizonline nº 138 de 19 de Setembro de 2011 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - Fazer e ir fazendo
«Ir fazendo» : estes dois termos, são normalmente conotados com a lentidão (do fazer), com uma actuação que aqui na minha terra tem o seu expoente máximo no «já agora logo faço amanhã». Esta terminologia tem esta conotação eminentemente negativa no plano da acção, relaciona-se com preguiça, com falta de vontade, com lassidão.
Não vou lembrar, para combater esta ideia o famoso «ócio grego» que permitiu a construção de tantas pérolas de sabedoria e inúmeras voltas à roda da mesa, como se costuma dizer. Uma parte substancial da metodologia descritiva e por arrasto a qualitativa tem as suas ancestrais bases no facto de os gregos, e outros lembrados pelos gregos, depois pelos romanos, terem tido TEMPO para por vezes discutirem futilidades (na nossa perspectiva).
O tempo, por vezes, junto com a concentração acaba por melhorar decisões, opções que se tomam, para reparar em factores agregados e levá-los em conta, enfim...para fazer melhor aquilo que talvez mais depressa (com menos tempo) se fizesse bem, mas não tão bem...
Vivemos numa sociedade que criou essa balela de que «time is money» como se o dinheiro fosse das coisas mais importantes e como se o único objectivo das pessoas fosse obter «money». Como as coisas estão ultimamente e vão estar mais tempo neste momento mais importante do que ter o money virtualmente correspondente a um quilo de batatas é ter esse quilo de batatas em espécie, quer dizer, em não - money, elas mesmas, descascadas ou não.
Pois bem, se o tempo é normalmente visto como uma atraso na vida ele é também visto como sendo um excelente conselheiro. Também, nestes tempos, e desde há uns anos para cá, tem-se procurado compensar o nosso apressado espírito actuante com «aulas» de concentração, momentos de reflexão ou ausência total dela através da tentativa do vazamento do pensamento.
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