sábado, 24 de setembro de 2011

Conto - Visita Sombria - Por Emerson Wiskow



Conto - Visita Sombria - Por Emerson Wiskow

- Daqui a pouco elas virão sacolejando suas línguas de serpentes. São como répteis com suas línguas loucas e nojentas.
- Sim!... Elas tentam nos seduzir. Se retorcem como se não tivessem ossos. Insinuam-se cheias de luxúria.
- Acho bom você preparar seu rifle!
- ééé... Vou deixar minha arma pronta. Preparada para quando chegarem.
O velho Marcelino engatilhou sua arma fazendo um som seco no meio da noite. No bairro ninguém colocava a cara para fora de casa depois que a noite chegava. As ruas ficavam vazias e silenciosas como se uma peste tivesse se abatido sobre a cidade. Tudo começou quando elas apareceram. Sempre no meio da noite.

- Hé, hé, hé... Dessa vez vamos pegá-las. Estamos prontos pra elas! - disse o velho Marcelino alisando o longo cano do seu rifle.
- Vamos com calma! Você sabe, elas são muito perigosas. São matreiras como o demônio e podem nos enganar se não tomarmos cuidado - retrucou o velho Luiz com uma expressão desconfiada e tensa. Seu rosto parecia se retorcer na penumbra.

- Dessa vez não vou deixar escaparem! - exclamou Marcelino exaltado enquanto espremia um cigarro entre os lábios murchos.
- Eu sabia que um dia elas voltariam!
- Nunca pensei que essas coisas realmente existissem! - retrucou o velho Marcelino.

- Você não leu os velhos livros? São coisas muito antigas, sempre existiram e agora resolveram aparecer por aqui. Surgem lentamente, lindas, com suas línguas dançantes e seus corpos que parecem não terem ossos. Sabem muito bem do poder que possuem. Nos hipnotizam enquanto movimentam seus corpos daquela forma.
- é, mas dessa vez vamos fodê-las! Estou preparado para elas.
- Ei! Você ouviu isso?
- Fique quieto!
- Ei... Ouça esses sons. Parecem línguas sibilantes.



 

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