sábado, 24 de setembro de 2011

Quando eu fui raptado por extraterrestres - Reflexão de Michel Crayon



Quando eu fui raptado por extraterrestres - Reflexão de Michel Crayon
Era assim um dia a atirar para o normal, nem muito sol nem chuva, com temperatura a atirar para a zona dos vinte centígrados e isto em pleno Outono com folhas a caírem das árvores aos montões e para aí uma meia dúzia de nabos nos jardins a juntar folhinhas com aquelas pás que não são pás, assim com uns dentes de arranhar e cristalino assobio feliz, plantados quase geometricamente ao longo dos jardins gémeos que por sua vez distavam da estrada quase a mesma coisa em metros.

Havia um gajo que estava verdadeiramente desalinhado em relação aos outros, para aí um meio metro mas como assobiava rouco acabei por dar o desconto e nem sequer lhe chamei a atenção e continuei o meu caminho pelo passeio atapetado de folhas secas como o caraças e que já deviam pelo menos uma semana ao Newton das maçãs.

Nas árvores, agora semi-despidas, assim perto da humana e já tiritante calça e camisa singela, alguns pássaros teimavam em cantarolar de quando em vez, saltitando despreocupados pelos ramos como se para eles tanto se lhes desse ser Outono ou outra coisa qualquer.

Dentro de semanas e como as coisas iam, as árvores estariam verdadeiramente despidas de folhagem e eles, pássaros, se calhar lá continuariam na mesma mas aí mais atentos às velhotas e aos velhotes que levam pacotinhos de alpista, milho e outros cereais para despejarem pausadamente em lugares estratégicos com as mãos envoltas em luvas de lã grossa uns e tipo cabedal preto outros, isso depende.

Pois bem e deixando a descrição paisagística, que até não está má de todo, faltando os putos a berrar e as senhoras de carrinho de bebé, os polícias de guarda ao banco, as pessoas que vêm das Finanças, os modernos pedintes do euro ou do cigarrinho e mais alguns elementos do mobiliário urbanístico, como caixas de lixo, placards publicitários, cocó dos cães, dos pombos, etc. deixando tudo isto vou então entrar no meu rapto, no rapto da minha pessoa pelos extraterrestres dos quais toda a gente tem um medo terrível.

Os meus, aqueles que me raptaram, contrariamente ao tradicional nestes casos não desceram em discos voadores em processo descendente folha de papel, não deitaram luzes ofuscantes nem me chuparam por uma passerelle luminosa.



 

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