sábado, 24 de setembro de 2011

Tudo o que você sempre quis saber sobre:Fernando Pessoa, e não encontrou.- Texto e Recolha da Redacção - OS GRAUS DA POESIA LIRICA



Tudo o que você sempre quis saber sobre:Fernando Pessoa, e não encontrou.- Texto e Recolha da Redacção - OS GRAUS DA POESIA LIRICA
O primeiro grau da poesia lírica é aquele em que o poeta, de temperamento intenso e emotivo, exprime espontânea ou reflectidamente esse temperamento e essas emoções. E é o tipo mais vulgar do poeta lírico; é também o de menos mérito, como tipo.

A intensidade da emoção procede, em geral, da unidade do temperamento; e assim este tipo de poeta lírico é em geral monocórdico, e os seus poemas giram em torno de determinado número, em geral pequeno, de emoções.

Por isso, neste género de poetas, é vulgar dizer-se, porque com razão se nota que um é «um poeta do amor», outro «um poeta da saudade», um terceiro «um poeta da tristeza».

O segundo grau da poesia lírica é aquele em que o poeta, por mais intelectual ou imaginativo, pode ser mesmo que só por mais culto, não tem já a simplicidade de emoções, ou a limitação delas, que distingue o poeta do primeiro grau.

Este será também tipicamente um poeta lírico, no sentido vulgar do termo, mas não será já um poeta monocórdico. Os seus poemas abrangerão assuntos diversos, unificando-os todavia o temperamento e o estilo.

Sendo variado nos tipos de emoção, não o será na maneira de sentir. Assim, um Swinburne, tão monocórdico no temperamento e no estilo, pode contudo escrever com igual relevo um poema de amor, uma elegia mórbida, um poema revolucionário.

O terceiro grau da poesia lírica é aquele em que o poeta, ainda mais intelectual, começa a despersonalizar-se, a sentir, não já porque sente, mas porque pensa que sente; a sentir estados de alma que realmente não tem, simplesmente porque os compreende.

Estamos na antecâmara da poesia dramática, na sua essência íntima. O temperamento do poeta, seja qual for, está dissolvido pela inteligência. A sua obra será unificada só pelo estilo, último reduto da sua unidade espiritual, da sua coexistência consigo mesmo.

Assim é Tennyson, escrevendo por igual «Ulisses» e «The Lady of Shalott», assim, e mais, é Browning, escrevendo o que chamou «poemas dramáticos», que não são dialogados, mas monólogos revelando almas diversas, com que o poeta não tem identidade, não a pretende ter e muitas vezes não a quer ter.

Leia este tema completo a partir de 26/9/2011

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