quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Crónicas e ficções soltas - Alcoutim - Recordações XIII - Por Daniel Teixeira - O Medo



Crónicas e ficções soltas - Alcoutim - Recordações XIII - Por Daniel Teixeira - O Medo

Uma parte grande das minhas crónicas sobre os meus períodos anuais de estadia na minha infância e juventude - e depois como adulto já de forma esporádica - no Monte de Alcaria Alta têm sido na sua grande parte (ou quase todas mesmo) resultado do facto de ter conhecido o Blogue Alcoutim Livre dirigido pelo amigo que dá pelo pseudónimo de José Varzeano.

O José Varzeano por aquilo que entendo não sendo natural do Concelho de Alcoutim (é de Santarém) para Alcoutim foi trabalhar (seguramente na função pública), por lá casou e pela minha ideia casou em dois sentidos: com uma alcouteneja e com Alcoutim.

Não tenho grandes recordações assim mais antigas de Alcoutim (do meu tempo de jovem) e era mesmo uma terra que algumas vezes evitávamos por razões «técnicas» que posso explicar mais à frente. Por outro lado Alcoutim (Vila) por ser a sede do Concelho era a sede burocrática, a terra da papelada, dos impostos. A Guarda Fiscal facilitava a seu gosto a passagem para San Lucas (como dizíamos) sem passaporte, numa passagem de barco a remos. Nunca lá fui, eu, a San Lucas.

As razões «técnicas» que referi atrás que nos levavam a fugir de Alcoutim eram de ordem « buro - gástrico - emocional». Alcoutim ficava à direita do cruzamento dos Balurcos que era por onde a camioneta seguia vinda de Vila Real de Santo António e chegada aí fazia o caminho em direcção a Alcoutim que fica lá abaixo à beira do Rio Guadiana voltando ao mesmo lugar no seu regresso para seguir então em direcção a Martinlongo.

Nós apeávamo-nos mais à frente dos Balurcos na paragem de Alcaria Alta prosseguidos que eram os restantes 30 Kms sensivelmente que iam de Balurcos a Alcaria Alta - Paragem, esta já perto do cruzamento que levava a Giões.

Pois bem, evitar ir a Alcoutim era uma operação que tinha uma relação forte com o facto de se fazer um intervalo no verdadeiro suplício que era percorrer aquelas estradas de autocarro naquele tempo. Chamavam-se camionetas e havia seguramente uma aposta dos concessionários dos percursos no sentido de mandarem para esses lados os chaços mais antigos e em piores condições que tivessem. O cheiro a gasóleo era praticamente insuportável ao qual se juntava algum cheiro a um vomitado quase inevitável mesmo que a chamada ao gregório fosse feita através das janelas.



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