O povo cigano e a aculturação - Por Virgínia Teixeira
O povo cigano, cuja história é tão antiga que muita controvérsia tem gerado até quanto à sua génese (provavelmente da India, de escravos que fugiram e se espalharam pelo mundo) é um dos exemplos mais flagrantes no nosso País de um povo que tem vivido o processo de aculturação. Não se refere apenas a aculturação como comummente se concebe, num conceito mais similar à assimilação, mas também de mecanismos de perfeita separação da cultura maioritária, de alguma marginalização e até mesmo de integração (Berry, 1997, cit. por Verkuyten & Wolf, 2002).
No caso de Portugal é no século XVI que surgem as primeiras referências escritas sobre ciganos (Magano, 2007), já na altura ligadas à hostilidade e perseguição contra eles. Desde então vários castigos foram praticados contra esse povo, desde «a condenação às galés, deportações para as ex-colónias portuguesas e até a condenação à morte» (Maia Costa, 1995, cit. por Magano, 2007, pp. 3).
O povo cigano, enquanto cultura minoritária no seio de outras culturas, lutou durante séculos para manter a sua herança cultural, de forma tão arreigada que facilmente se percebe uma separação relativamente à cultura maioritária, e um «fechamento» em si mesmos que se expressou numa cultura de clã que funciona praticamente como uma comunidade autónoma, com uma organização social única, com leis e um tribunal próprio, tendo ainda uma língua particular decorrente de um encontro de diferentes dialectos (Benites, 1997, cit. por Alexandre, 2003), o Romanó ou Romani.
Podemos ainda distinguir três grupos principais: os Rom, os Sinti ou Manush e os Gitanos ou Cale que tem um dialecto particular, o caló (Alexandre, 2003).
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