Jornal Raizonline nº 149 de 5 de Dezembro de 2011 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - Finalmente estamos no Natal
Embora esta quadra se alargue cada vez mais, força por vezes de razões que não são só comerciais, certo parece que ser que este período vai mantendo as suas características e as suas especificidades por todos relatadas nas suas diversas vertentes.
Os poetas, de uma forma geral, sempre trataram muito mal o Natal desde o início deste século pelo menos: de uma forma geral a ideia do comercialismo que lhe está agregado como fazendo parte dos festejos tem ensombrado sempre as opiniões de poetas e de uma forma geral dos artistas.
Embora seja uma época excelente para venda de livros, de cd's e tudo o mais que possa estar relacionado com o tamanho do sapatinho natalício, ou da meia, conforme os usos, e do pé de meia conforme as possibilidades, o artista ao sentir que o seu trabalho é objecto de venda marquetizada sente-se ferido no seu orgulho pessoal.
Em rigor, o artista, o verdadeiro artista, não vende o seu trabalho: coloca-o à disposição do público e este compra-o: tudo se passa como se entre «produtor» e consumidor não houvesse uma relação deste mundo, quer dizer, o processo passa por uma fase que transcende o tradicional sistema de trocas vogando entre os dois intervenientes no processo por caminhos que indo além deles são mesmo do Além.
Você vai vender muitos livros? Muitos Cd's? Digamos que o público gosta do trabalho, entende o que escrevi ou canto, ou toco: eu, em rigor, não vendo o meu trabalho artístico, estou para além disso tudo, até tenho um manager e ele é que trata disso tudo...eu artistico...ele vende, eu até não tenho intervenção no processo. Assim é quase sem mais nem menos...
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