quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Conto de Natal - «Ti Zé dos Chaços e o Farrusco» - Por Arlete Piedade



Conto de Natal - «Ti Zé dos Chaços e o Farrusco» - Por Arlete Piedade 

 O Ti Zé dos Chaços, tinha acabado de chegar á sua pobre cabana, perdida no meio da mata. Construída sobre umas velhas ruínas, tinha sido usada pelos madeireiros quando estes ainda vinham trabalhar por ali a abater as árvores, como os pinheiros e eucaliptos.

Mandou calar o seu fiel cão ao qual chamava Farrusco; tirou da cabeça um boné de piloto de Formula 1 que lhe tinha sido oferecido por um velho campeão seu amigo, assim como uma velha capa alentejana, que era o seu único agasalho. Depois de várias tentativas, conseguiu acender a fogueira, com a lenha molhada que tinha apanhado á chuva e colocou a panela ao lume para fazer uma sopa para o jantar dele e do cão.

 Quem tivesse conhecido o Ti Zé dos Chassos uns anos atrás, dificilmente o reconheceria agora. Tinha sido um bom mecânico de automóveis com um ordenado razoável. O meio social onde se movia, era vasto, pelo que tinha muitos amigos e algumas amigas.

Mas não podia esquecer aquela noite de Natal há muitos anos, quando resolveu aceitar o convite dos amigalhaços do futebol e das corridas, para celebrarem mais uma vitória e copo atrás de copo, conversa atrás de paleio, esqueceu-se por completo que era noite de Natal e que a sua Maria, grávida e quase a completar o tempo, o esperava para a consoada, apenas na companhia do cachorro que lhe tinha oferecido para ela não se queixar tanto das suas noitadas.




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