Crônica de Abílio Pacheco - Brincar é criar vínculo
Em Belém (do Pará), o Natal tem uma data para chegar: logo após o Re-círio. Duas semanas após o círio, é o dia em que se faz algo muito semelhante ao dia de reis. Todo e qualquer elemento decorativo referente ao Círio, principalmente o cartaz de Nossa Senhora colocado na porta de casa, é retirado.
Eu fiz isso este ano e fui zanzar numa importadora pertinho de onde moro. Saí carregando comigo uma palestra que havia assistido em DVD. Perca tempo com seu filho, de Pe. Léo – Canção Nova.
Carregando comigo na memória e junto com ela uma cena que havia visto no condomínio há poucos dias. Sabe esses carros de brinquedo que cabem a criança dentro? Pois bem, vi um desses a controle remoto. A minha hipótese de que os pais compram brinquedos para si depois que os filhos nascem já havia encontrado respaldo ao ver pai e mãe brincando com um helicóptero de modelismo junto com o filho de 14 meses.
Ouvindo as lições de Padre Leo sempre vindas com boas narrativas ou interpretações de narrativas, bíblicas ou não (no DVD citado, a história da chapeuzinho vermelho interpretada sob a ótica das relações familiares é digna de nota), fez-me – mais tarde – lembrar-me de um episódio quando eu lecionava numa escola particular em Marabá.
Eu lecionava redação e a proposta de atividade do livro era para ser feita junto com os pais, aliás com o pai. Os pais desses meus alunos eram muito ocupados e não tinham tempo a perder com baboseiras de escola ou de ficar de conversa com os filhos. A atividade, portanto, tinha tudo para não dar certo.
Só o autor do material didático não havia percebido isso. Alguns alunos nitidamente haviam falseado a entrevista (eles mesmo me confessaram depois), poucos realmente haviam feito a atividade com o pai, mas tinha uma menininha tristezinha que não fizera. Professor, papai é muito ocupado.
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