José Varzeano - Peter o inglês que veio para ficar...
Pequena nota
Nunca falámos com Peter ainda que quando nos cruzávamos havia sempre um aceno de cabeça como saudação.Com a passagem dos anos, tornou-se uma pessoa carismática de Alcoutim, não tenho sobre isso a menor dúvida.
A quando do seu falecimento fizemos referência ao facto na nossa rubrica «Viagens sem Regresso» com os poucos elementos que dispúnhamos, mas entendíamos que era necessário escrever mais alguma coisa.
Como sabíamos que a nossa amiga, Dra. Alexandra Gradim cimentou uma amizade com Peter Francis, convidámo-la a escrever esse texto. é isso que temos o prazer de apresentar aos nossos leitores agradecendo à Dra. Alexandra Gradim o seu contributo.
JV
Escreve : Alexandra Gradim
Se estivesse entre nós, Peter completaria hoje (21 de Fevereiro de 2011) 77 anos. Os nossos destinos de pára-quedistas em Alcoutim (designação dada pelos alcoutenejos, àqueles que assentam «arraiais» na sua terra) cruzaram-se no seu barco Golden Miller, aportado no cais fluvial, por entre o entusiasmo infantil de duas dezenas de criaturas que procuravam comunicar na sua língua.
Ha cerca de 10 anos passei uns dias em Alcoutim, juntamente com os meus dois filhos. Instalamo-nos na Pousada da Juventude. Um dia de manha fomos dar uma volta pela vila e paramos numa pequenina esplanada a tomar um cafe. A nosso lado estava um senhor sentado a ler o jornal. Viemos a saber que era medico (suponho Dr. Joao Dias). Entretanto, apareceu um senhor de barba farta tripulando uma moto; era o Peter. Cumprimentou o medico, e passados uns minutos estavamos ja todos envolvidos na conversa. O medico passado pouco tempo teve de se ausentar, mas o Peter ainda ficou. Descreveu a sua odisseia e justificou por que veio ali parar. Viajou de Inglaterra para Alcoutim a bordo de um veleiro, que pelos vistos, nem era dele. Aproximava-se o meio dia e tinhamos de ir almoçar a Tia Anica, em Martim Longo. Convidamos o Peter, que logo acedeu. Nao quis a boleia do nosso carro: era alergia aos automoveis; veio com a sua inseparavel companheira: -a moto. La fomos entao em direcçao a Martim Longo. A Tia Anica ja nos esperava e tinha pronto um excelente menu com que resolveu presentear-nos: -incluia trufas de aperitivo e pato assado no formo a moda da Tia Anica. Tudo delicioso. Sei que o Peter, sem parar de mastigar, conseguiu estar sempre a falar acerca das curiosas e desconcertantes peripecias da sua vida. Uma autentica odisseia. Nos dias seguintes la nos fomos encontrando de quando em vez: recebeu-nos no seu potente veleiro, levou-nos a a observar um sitio proximo, onde o se dedicava a uns trabalhos de investigaçao arquealogica.
ResponderEliminarAcabaram as nossas ferias, mas ficamos de la voltar. Pelo telefone ainda tivemos alguns contactos. Infelizmente, o tempo foi passando e so agora tivemos a triste noticia do falecimento do comandante Peter: partiu para uma viagem sem regresso Ele era um "special one". Que descanse em paz.