domingo, 5 de fevereiro de 2012

Jonas, o reciclador - Conto de Humberto Teixeira



Jonas, o reciclador - Conto de Humberto Teixeira 

Todos nós sabemos que a reciclagem está na moda, na berra e etc. e que dizer-se hoje que se recicla o que quer que seja, normalmente os restos das merdas que se gastam em casa, é um sinal de consciência ambiental apurada, é assim como que um certificado de habilitação para o futuro, um pensamento conscientemente projectado para as novas gerações e assim sucessivamente.

Os putos e pitas aparecem na televisão, nas praias e praticamente em tudo quanto é sítio para fazer limpeza nuns casos às matas, para dar chás aos fumadores da areia ou para fazer propaganda a um conjunto de recipientes de cores variadas que servem para meter plástico, cartão ou vidro, não forçosamente por esta ordem, mas não esclarecem onde se mete uma coisa que tenha, por exemplo, 50% de vidro e 50% de plástico vistos a olho.

Já o pilhão, então o pilhão é um must da nossa intelectualidade propagandística porque funciona assim como a pedra no sapato da nossa consciência: ele existe, o pilhão, mas nós não o vemos não porque ele não seja visível mas porque não nos esforçamos o suficiente para o ver: ou seja, se os recipientes de várias cores fazem parte do nosso dia a dia, se eles se impõem ao nosso olhar mais ou menos perscrutante, já o pilhão, esse depósito de carvão, mercúrio e outras coisas é o símbolo do nosso quase desinteresse: afinal, uma coisa tão pequenina, uma pilha, a mais ou a menos, a derramar-se no solo é uma gota de água comparada com as toneladas de CO2 que debitamos para a atmosfera devido a a este nosso mau hábito de tomar banho.






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