sábado, 4 de fevereiro de 2012

BOBO E SUA CORTE - Marcelo Sguassábia



BOBO E SUA CORTE - Marcelo Sguassábia
Já reparou como os termos «Bobo» e «Tolo» têm sinônimos? Dentre tantos, «Doidivanas» sempre me chamou a atenção. Acho que foi lendo algum romance de cavalaria ou livro de Julio Diniz que vi a palavra pela primeira vez. Recorri a um pequeno e nada confiável dicionário e encontrei lá: «Doidivanas: o mesmo que Estouvado». Fui em «Estouvado» e li: o mesmo que Doidivanas. Ou seja, o pai dos burros me fez de bobo.

Ser bobo vai além de ser otário. Tem também o sentido de ignorante, que contempla como sinônimos uma extensa família de quadrúpedes: besta, asno, jerico, jumento, jegue e simpatizantes. Sem falar da anta e da toupeira.

Fora do reino animal, um dos meus favoritos é «Bocó», quase um arcaísmo atualmente. Melhor ainda é «Bocó de Mola», que sugere um upgrade na acepção original (ou um downgrade, no caso).

Igualmente em desuso está o «Monte». Largamente empregado na zona rural de São João da Boa Vista e adjacências nos anos 70, o vocábulo com toda certeza é oriundo do sul de Minas. Não sei se continua vigendo. Monte é, basicamente, o mala de hoje. Tem o significado de empecilho, estorvo que fica no meio, atrapalhando tudo e empatando a f...

Vamos ao «Tonto». Ele é parecido com o bobo, mas não é a mesma coisa. O bobo é menos bobo que o tonto. Historicamente o bobo tem ofício definido. Como todos sabem, era ele quem divertia os reis nas cortes medievais. O tonto, por sua vez, é um Mane-Quarqué (que me perdoem meus leitores Manoéis ou Manuéis), um «Girolas» inofensivo. Por falar em Mané, há que se mencionar aqui os derivativos «Mané-Coco» e «Mané-Jacá», além do conhecidíssimo «Mané-Patola», a quem algumas populações ribeirinhas denominam simplesmente de «Patola».




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