sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Crónicas e ficções soltas - Alcoutim - Recordações XXII - Por Daniel Teixeira - Pão nosso de cada dia



Crónicas e ficções soltas - Alcoutim - Recordações XXII - Por Daniel Teixeira - Pão nosso de cada dia 
Em Alcaria Alta e penso que nos Montes todos pelo menos do Concelho havia uma largo consumo de pão. Hoje em dia com as manutenções de linhas estreitas  de  senhoras e senhores, os controles de colesterol e algumas doenças que requerem consumos reduzidos de gorduras e hidratos de carbono, o montanheiro típico, de raiz, não se safava mesmo.

Não me lembro exactamente quantos fornos haviam no Monte mas eram muitos na sua relação com a população sendo alguns deles semi-privados: na Portelinha, por exemplo, morava uma só família, todos meus primos e tios avós, com todas as suas ramificações e tinham um forno que era praticamente deles: no Além, por aquilo que me lembro (ia lá pouco) havia três; na Praça havia dois: a minha Tia Bia que morava na Praça tinha um forno no quintal o que faz três pelo menos. No Castelo havia dois mais dois (privados estes últimos). Enfim, em média talvez houvesse um forno por três / quatro famílias o que fazia com que estivessem inactivos muito tempo, mesmo os mais utilizados.

Os pastores, por exemplo, talvez os maiores consumidores de pão na proporção da sua alimentação total, mesmo os não assalariados, chegavam ao Monte, carregavam dois ou três pães, uma mão cheia larga de azeitonas, um naco de presunto, por vezes algum tomate rijo mas para consumo rápido, algum grão e partiam de novo tratar das ovelhas presas durante esse tempo em curral. Por isso havia muitos currais aparentemente abandonados mas que serviam de pouso temporário para estas ocasiões.

Não raras vezes ia-se levar um «jantar» e abastecimento de pão ao pastor quando se tinha conhecimento  de que ele andava por ali (ali quer dizer a uns cinco, seis quilómetros de terra a bater) com o gado. Mas isso era uma vez ou duas por acaso.




Sem comentários:

Enviar um comentário