Poesia de Liliana Josué
PEDRO
No meu gemido Universal nasceste
menino robusto e lindo
crucial momento na minha existência
criança adorável em choro de vida
despontou o lírio branco que eu embalei
e amei na solidão do meu mundo
não deixei que te transformassem em nada
não, não deixei
eras meu, estavas em mim
e sendo assim
mais nada contava
querida vozinha em soluço de agradecimento
choravas por causa da música
e brincavas com o reflexo dos espelhos
doce canto, doce pranto
plena certeza de te querer aqui.
22/02/2015
Liliana Josué
GATOS VERDES
Quatro gatos verdes
observavam o seu desventrado quarto.
Gavetas voadoras com línguas de fora;
armários navegando assustados
por ondas de papeis;
leito num furacão
envolto em negras nuvens de pó.
Os gatos... eram gatos?
Sim! Eram gatos! Na certeza da dúvida...
mas tinham cor de papagaios!
Verdes, brilhantes...
talvez fossem... gatos - papagaios!?
Mas não falavam!
Constrangidos
observavam o mundo ressequido
daquele quarto esquizofrénico.
Que ambição dali poderem sair
mas uma despudorada Força contrária
puxava-os e impedia a desejada saída.
A liberdade é só para alguns
ou mesmos nenhuns.
Um dos quatro gatos - papagaios
fixou uma porta abstracta
passou por ela, quis tentar a liberdade.
Os outros três por lá ficaram
no caos das suas vidas
dentro do quarto
sem se atreverem a olhar mais longe.
O gato - papagaio que se soltou
tornou-se azul, brilhante como o céu
e conseguiu cheirar o ar sem mofo.
Seria gato? Seria ave?
Quem o saberia?
Só se comprovaria ser ele lindo.
Do seu futuro
mais ninguém soube.
Será que encontrou a liberdade?
Ou terá morrido na saudade
dos outros três gatos verdes
fechados nas bolorentas paredes?
Liliana Josué
Primavera Branca
Há sol azul
nos olhos do ancião,
metamorfoses de vidas
esvoaçando como tule
adormecem esse olhar
de solidão.
Cabeça pendendo sonhos
recordações
do distante
memórias de luares antigos
polvilhados de emoções
de cor imaculada
e cheiro a ontem.
Tudo é Primavera branca
cabelo, barba, ilusão...
a face nívea desgostos tranca
só os olhos é que não.
Liliana Josué
PEDRO
No meu gemido Universal nasceste
menino robusto e lindo
crucial momento na minha existência
criança adorável em choro de vida
despontou o lírio branco que eu embalei
e amei na solidão do meu mundo
não deixei que te transformassem em nada
não, não deixei
eras meu, estavas em mim
e sendo assim
mais nada contava
querida vozinha em soluço de agradecimento
choravas por causa da música
e brincavas com o reflexo dos espelhos
doce canto, doce pranto
plena certeza de te querer aqui.
22/02/2015
Liliana Josué
GATOS VERDES
Quatro gatos verdes
observavam o seu desventrado quarto.
Gavetas voadoras com línguas de fora;
armários navegando assustados
por ondas de papeis;
leito num furacão
envolto em negras nuvens de pó.
Os gatos... eram gatos?
Sim! Eram gatos! Na certeza da dúvida...
mas tinham cor de papagaios!
Verdes, brilhantes...
talvez fossem... gatos - papagaios!?
Mas não falavam!
Constrangidos
observavam o mundo ressequido
daquele quarto esquizofrénico.
Que ambição dali poderem sair
mas uma despudorada Força contrária
puxava-os e impedia a desejada saída.
A liberdade é só para alguns
ou mesmos nenhuns.
Um dos quatro gatos - papagaios
fixou uma porta abstracta
passou por ela, quis tentar a liberdade.
Os outros três por lá ficaram
no caos das suas vidas
dentro do quarto
sem se atreverem a olhar mais longe.
O gato - papagaio que se soltou
tornou-se azul, brilhante como o céu
e conseguiu cheirar o ar sem mofo.
Seria gato? Seria ave?
Quem o saberia?
Só se comprovaria ser ele lindo.
Do seu futuro
mais ninguém soube.
Será que encontrou a liberdade?
Ou terá morrido na saudade
dos outros três gatos verdes
fechados nas bolorentas paredes?
Liliana Josué
Primavera Branca
Há sol azul
nos olhos do ancião,
metamorfoses de vidas
esvoaçando como tule
adormecem esse olhar
de solidão.
Cabeça pendendo sonhos
recordações
do distante
memórias de luares antigos
polvilhados de emoções
de cor imaculada
e cheiro a ontem.
Tudo é Primavera branca
cabelo, barba, ilusão...
a face nívea desgostos tranca
só os olhos é que não.
Liliana Josué
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