quinta-feira, 5 de março de 2015

Amanhã poderá ser tarde demais - Texto de Sá de Freitas


Amanhã poderá ser tarde demais - Texto de Sá de Freitas



(Texto escrito sem a consoante "Q")

 (O meu maior respeito às idéias não concordantes com a minha.)

 Sem dúvida todos trazemos, nas dobras da consciência, crostas e mais crostas pegajosas e virulentas de remorsos, formadas por erros cometidos voluntária ou involuntariamente, ao longo dessa vida ou de outras passadas.

Nessas crostas, muitas virtudes ficam retidas a espera da desobstrução a fim de se manifestarem no terreno de realizações mais edificantes.

Não há ninguém sem defeitos e ninguém sem virtudes. O nosso íntimo traz um misto de bondade e de maldade; de amor e de ódio; de alegria e de tristeza .

Na verdade, não passamos de frágeis e imperitos navegadores, reunidos no barco dessa existência e expostos ao mar furioso do mundo.

Conhecedores disso, não podemos nos deter nas curvas das lamentações, da autoculpabilidade e das preocupações exageradas, em relação a matéria, perdendo o tempo precioso e disponível à nossa regeneração, em benefício da nossa ascensão em direção a Deus.

O arrependimento, em si, demonstra a nossa vontade de mudança, mas não apaga os erros, pois as sementes plantadas germinarão e a colheita será inevitável, com atenuantes ou não.

Se esperarmos ser perfeitos para depois servirmos, nunca praticaremos a caridade, pois é a caridade o caminho único para buscarmos o nosso aperfeiçoamento. Fora dela, como disse Kardec, «não haverá salvação».

Muitas vezes a porta, a conduzir-nos a elevados ideais, fica emperrada pela ferrugem do egocentrismo, dificultando o nosso avanço em direção ao engrandecimento espiritual, onde há muito para se aprender e praticar. Se não arregaçarmos as mangas e não partirmos dispostos a escalar as montanhas das realizações beneméritas, jamais atingiremos o cume desejado dessa necessária elevação.

 Efeitos nulos terão nossas rezas, orações, preces e as nossas idas às Igrejas, se não cumprirmos o mais valioso de todos os Mandamentos: «Amai a Deus acima de tudo e ao próximo como a vós mesmos», pois religião alguma, sem boas obras, poderá levar alguém a um Plano melhor.

No Universo tudo se encadeia, tudo se completa, tudo se interdepende, no percurso da evolução do nosso mundo e dos seres. Todos os elementos cósmicos e terrestres, com a ação do tempo, se entrelaçam e misturam-se, num só amplexo , para o avanço inexorável do(ao) progresso. Sem essa coesão constante e ininterrupta de seres, elementos, ações e tempo, nada teria saído do seu estado embrionário.

 Contudo, o ser humano apenas vislumbra a sombra de um ideal maior, relacionado à espiritualidade, por estar com os olhos voltados exclusivamente aos interesses do desenvolvimento material, a visar tão somente a casa confortável, o emprego rentável, o veículo importado e a farta mesa, não se falando do conhecido «bem gozar a vida».

Não estamos no mundo para ficar eternamente. Nossas passagens já estão reservadas para a grande viagem, cujos dia e hora ignoramos. Com esse procedimento materialista, passamos a Vida Eterna a segundo plano. «Amanhã- pensam muitos - cuidarei da minha alma. Meu corpo tem prioridades, não estou ainda preparado para prestar a devida caridade. Preciso aumentar o meu capital para ter base sólida e aí então farei grandes obras em socorro aos necessitados.

Por ora a minha família está em primeiro lugar. Além disso preciso ser mais religioso, seguir um caminho certo, ser mais solidário, mais puro em minhas ações e isso farei somente depois de preparar o futuro dos meus filhos, da minha esposa e o meu também.»

Entretanto, nossas passagens estão reservadas, o transporte chegará inesperadamente , não temos bagagem e não há como adiarmos a partida. Tudo deixaremos na Terra, inclusive o nosso corpo. E agora? Tarde demais para o nosso espírito lamentar o tempo perdido e.....

SEM DUVIDA, VOLTAREMOS PARA NOVAS LUTAS, PARA OUTROS SOFRIMENTOS E APRENDIZADOS.




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