Poesia de Virgínia Teixeira
A minha casa sonhada
Casa, palavra tão pequenina no seu tamanho
Casa, palavra tão gigante no seu valor
Casa, tão querido esse meu sonho…
Anos longe e ainda no peito o mesmo fervor
A mesma tristeza, a angústia que oprime o coração
O coração estrangulado pela ânsia de regressar
A chaga aberta de quem se sente perdida na imensidão
A dor de todos os dias acordar fora do ninho que continuo a recordar
A vontade, a simples vontade de me aninhar no lar tão almejado
O lar que sonhei em menina, o lar que quis construir já crescida
O país onde nasci e cresci e de onde me roubaram, esse país tão despedaçado…
A sensação de não pertencer aqui nem ali, a sensação de estar perdida
O sonho de, por um momento, para sempre talvez, voltar a sentir-me parte desse país amado
Voltar a sentir-me, por um instante, para sempre talvez, completa!
Alvorada
Tão feia e deserta me pareces nesta noite cruelmente envenenada
A harmonia da tua singular magia já tão maculada pela separação…
Choro baixinho, nesta noite escura e gélida tão tristemente antecipada…
E murmuro uma prece que atrase o clarear baixinho desta tenebrosa escuridão
Como uma criança que de um sonho imenso não quer despertar…
Aguardo silenciosamente pelo clarear do alto da minha torre de cristal
A escutar a ferocidade do mar, que ao longe comigo se parece revoltar
E ao ritmo das marés também eu me abandono a esse anseio visceral…
Envolvo-me cuidadosamente no meu manto carmesim de pura saudade,
Angústia que já me come os ossos como um fado de uma mulher amargurada…
O céu ainda se cobre de negro, mas ao longe espreguiça-se o Sol sem piedade
E eu, uma cigana enraizada, derramo pesadas lágrimas de despedida
Uma por cada tonalidade pintada no céu em largas pinceladas de vida
Enquanto murmuro “Adeus, minha terra tão amada”, ao nascer da alvorada…
Girassóis
Campo imenso de viçosos girassóis dourados
Flores alegres e tão cheias de vida
Ao longe admirado como os mais belos prados
Ao perto adorado com paixão incontida
Campo imenso de viçosos girassóis dourados
Arrancados pela raiz pelo inclemente vendaval
Mãos cruéis que rasgam a terra sem nenhuns cuidados
Tempestades que arrancam cada girassol do seu pedestal
Campo imenso de viçosos girassóis dourados
Onde alguém um dia, quando o vendaval pára de soprar
Cansado de acreditar no ouro dos campos amargurados
Planta com ternura uma túlipa na terra já seca e salgada
Uma túlipa tão delicada e sincera que parece não poder vingar
E a flor desperta viçosa e espreguiça-se ao nascer da alvorada…
A minha casa sonhada
Casa, palavra tão pequenina no seu tamanho
Casa, palavra tão gigante no seu valor
Casa, tão querido esse meu sonho…
Anos longe e ainda no peito o mesmo fervor
A mesma tristeza, a angústia que oprime o coração
O coração estrangulado pela ânsia de regressar
A chaga aberta de quem se sente perdida na imensidão
A dor de todos os dias acordar fora do ninho que continuo a recordar
A vontade, a simples vontade de me aninhar no lar tão almejado
O lar que sonhei em menina, o lar que quis construir já crescida
O país onde nasci e cresci e de onde me roubaram, esse país tão despedaçado…
A sensação de não pertencer aqui nem ali, a sensação de estar perdida
O sonho de, por um momento, para sempre talvez, voltar a sentir-me parte desse país amado
Voltar a sentir-me, por um instante, para sempre talvez, completa!
Alvorada
Tão feia e deserta me pareces nesta noite cruelmente envenenada
A harmonia da tua singular magia já tão maculada pela separação…
Choro baixinho, nesta noite escura e gélida tão tristemente antecipada…
E murmuro uma prece que atrase o clarear baixinho desta tenebrosa escuridão
Como uma criança que de um sonho imenso não quer despertar…
Aguardo silenciosamente pelo clarear do alto da minha torre de cristal
A escutar a ferocidade do mar, que ao longe comigo se parece revoltar
E ao ritmo das marés também eu me abandono a esse anseio visceral…
Envolvo-me cuidadosamente no meu manto carmesim de pura saudade,
Angústia que já me come os ossos como um fado de uma mulher amargurada…
O céu ainda se cobre de negro, mas ao longe espreguiça-se o Sol sem piedade
E eu, uma cigana enraizada, derramo pesadas lágrimas de despedida
Uma por cada tonalidade pintada no céu em largas pinceladas de vida
Enquanto murmuro “Adeus, minha terra tão amada”, ao nascer da alvorada…
Girassóis
Campo imenso de viçosos girassóis dourados
Flores alegres e tão cheias de vida
Ao longe admirado como os mais belos prados
Ao perto adorado com paixão incontida
Campo imenso de viçosos girassóis dourados
Arrancados pela raiz pelo inclemente vendaval
Mãos cruéis que rasgam a terra sem nenhuns cuidados
Tempestades que arrancam cada girassol do seu pedestal
Campo imenso de viçosos girassóis dourados
Onde alguém um dia, quando o vendaval pára de soprar
Cansado de acreditar no ouro dos campos amargurados
Planta com ternura uma túlipa na terra já seca e salgada
Uma túlipa tão delicada e sincera que parece não poder vingar
E a flor desperta viçosa e espreguiça-se ao nascer da alvorada…
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