sábado, 11 de abril de 2015

O Fantasma Caminhante (Conto) - Por Arlete Piedade Louro


O Fantasma Caminhante (Conto)

Por Arlete Piedade Louro

Numa terra muito distante, bem ao norte da velha Escócia, no pico mais alto de uma montanha gasta pelo tempo e erodida pelos temporais que chegavam do mar do Norte, erguia-se um castelo sombrio de torres altaneiras e espectrais.

Não se sabia se o castelo era habitado, nas montanhas em redor não havia ninguém que o pudesse saber, mas velhas lendas passadas por tradição oral de pais para filhos, relatavam que era assombrado por fantasmas como aliás todo o castelo escocês que se preze.

Constava que há centenas de anos, quem sabe até milénios, o castelo era habitado por um orgulhoso conde, senhor de todas as terras em redor, até ao mar a norte, a ocidente e oriente, e até á grande cidade a sul.
 
Dizia-se que ele era rebelde e de cabelos vermelhos, e que os seus antepassados tinham chegado pelo mar, da terra dos Vikings.
Um dia uma princesa infeliz chegou àquelas paragens, para curar seus males de amor e esquecer um casamento imposto por conveniências da corte real e o seu séquito ficou alojado no castelo do nobre senhor.

Seguiram-se passeios e cavalgadas, pelas terras selvagens e cobertas de urzes até ao mar, em que a infeliz princesa era acompanhada pelo Senhor do Castelo, com um pequeno séquito que os seguia até que um dia, o conde dispensou o séquito, alegando que não havia qualquer perigo naquelas paragens solitárias.

Oito meses depois de a princesa ter regressado á corte a chamado do seu marido, o príncipe, nasceu um principezinho, que foi nomeado herdeiro da coroa e a seu tempo foi aclamado rei de todas aquelas nações. O velho senhor do castelo diz-se que desesperado e solitário, cavalgou até ao mar e partiu no seu barco viking para Norte, em direção á terra dos seus antepassados, e nunca mais foi visto.

O rei que alguns diziam muito em segredo, ser filho bastardo do senhor do castelo, um dia passados muitos anos, depois da morte de sua mãe, veio em peregrinação conhecer os locais onde a sua mãe reencontrou a felicidade, mas o castelo estava deserto e só em noites em que a neblina vinda do mar, cobria os vales, se dizia que um fantasma era visto caminhando sobre as névoas em direção ao castelo.

O rei ainda subiu á mais alta penedia, no pico a sul do castelo, numa noite enovoada, o seu cabelo vermelho resplandecendo na escuridão, molhado pelo nevoeiro, mas o fantasma não apareceu.

Todos os anos o rei regressava nas noites de neblina, mas os negócios do reino, eram mais urgentes até que desistiu de encontrar o velho fantasma, que no entanto, dizem os raros habitantes, ainda pode ser visto em certas noites caminhando sobre as névoas.

Arlete Piedade Louro

Portugal.



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