O VERBO ESCREVER
Por Miriam de Sales Oliveira
http://miriamdesalesoliveira.blogspot.pt/2015/04/o-blog-de-marcoabril2015-um-blog.html?spref=fb
Olha a página em branco e fico pensando o que escrever sobre o verbo escrever; sei que vem do infinitivo scribere,latim, é um verbo transitivo,irregular –para o dicionário,já que para mim é mais que regular,pois,regula minha vida e me põe aqui sentada neste computador todas as manhãs,religiosamente,tentando tirar ideias da memória e passá-las adiante,sem ao menos saber se alguém se interessará por elas –
Escreve-se muita coisa ou grafa ,ou redige-se ,tudo sinônimo do mesmo verbo,intransitivo e intransigente; no tempo presente,digita-se,já que datilografar ,como era no meu tempo,é como eu mesma,coisa do passado.
Podemos escrever a nota do mercado, que alimentará a família,ou notas sobre alguém - favoráveis ou não - elevando ou destruindo reputações ou escrever versos com a maestria dos grandes poetas ou livros que marcaram a humanidade e influenciaram gerações.
Para alguns,escrever é uma necessidade; para outros,compulsão.Digo isso porque vejo o desespero de algumas pessoas que se entocam,perdem os bons momentos da vida,rebuscando textos,modificando suas próprias ideias,ouvindo opiniões críticas,preocupando-se com sinais ortográficos,como se o ato de escrever fosse uma prisão em vez de uma alegria ou expressão de si mesmo.Para mim,isso se parece com prisão de ventre:dolorosa e incomodativa,além de anti – natural,claro.Não creio que escrevam por prazer,mas,como disse uma certa mocinha a um grande escritor meu amigo,ele mesmo ,um mestre na arte da escrita:
-Escrevo preocupada com o mercado,perco noites pensando se o livro vai vender,quero ficar rica e famosa.
Meu amigo que,como eu ,nunca se preocupou com essas firulas e escreve por prazer,ficou um pouco chocado,com as opiniões dessa” cultural climber”,alpinista social,que,jamais chegará onde quer, porque,o ato de escrever é místico,tem que fluir,é como fazer xixi,como dizia outro mestre ,Lobato,que sabia que livro muitas vezes mexido e consertado,desanda como doce de leite e não consegue passar emoção,pois,o autor está preso a regras e convenções,além de falsas esperanças.
Escrever é uma necessidade que,nem sempre supre nossas necessidades básicas,pois,uma carreira literária constrói-se ao longo de vinte anos ou mais,alguns como Melville,morrem sem ter alcançado a fama,mulherzinha venal e caprichosa ,que anda sempre rondando a “Deusa Cadela”,como D. H. Lawrence,se referia á Literatura.
Está claro ,para mim,uma coisa: escreva claro e ponha emoção no que faz,esse é o segredo da escrita.E,acima de tudo,não escreva para os outros; para mim,escrever é um diálogo do escritor consigo mesmo,pois trás para o presente a sabedoria que se aprendeu durante a vida.
Se Deus escreve certo por linhas tortas,porque devemos nos preocupar tanto com acentos,ortografias, porque ter medo de neologismos,brilhantemente criados por Guimarães Rosa,se a língua é móvel,como as mulheres,aliás é a língua,notou, e o povo é seu único dono e senhor?
Do latim castrense, falado errado nos quartéis,nasceu o português,nossa língua ,última flor do Lácio,inculta e bela ,como disse Bilac.
Por Miriam de Sales Oliveira
http://miriamdesalesoliveira.blogspot.pt/2015/04/o-blog-de-marcoabril2015-um-blog.html?spref=fb
Olha a página em branco e fico pensando o que escrever sobre o verbo escrever; sei que vem do infinitivo scribere,latim, é um verbo transitivo,irregular –para o dicionário,já que para mim é mais que regular,pois,regula minha vida e me põe aqui sentada neste computador todas as manhãs,religiosamente,tentando tirar ideias da memória e passá-las adiante,sem ao menos saber se alguém se interessará por elas –
Escreve-se muita coisa ou grafa ,ou redige-se ,tudo sinônimo do mesmo verbo,intransitivo e intransigente; no tempo presente,digita-se,já que datilografar ,como era no meu tempo,é como eu mesma,coisa do passado.
Podemos escrever a nota do mercado, que alimentará a família,ou notas sobre alguém - favoráveis ou não - elevando ou destruindo reputações ou escrever versos com a maestria dos grandes poetas ou livros que marcaram a humanidade e influenciaram gerações.
Para alguns,escrever é uma necessidade; para outros,compulsão.Digo isso porque vejo o desespero de algumas pessoas que se entocam,perdem os bons momentos da vida,rebuscando textos,modificando suas próprias ideias,ouvindo opiniões críticas,preocupando-se com sinais ortográficos,como se o ato de escrever fosse uma prisão em vez de uma alegria ou expressão de si mesmo.Para mim,isso se parece com prisão de ventre:dolorosa e incomodativa,além de anti – natural,claro.Não creio que escrevam por prazer,mas,como disse uma certa mocinha a um grande escritor meu amigo,ele mesmo ,um mestre na arte da escrita:
-Escrevo preocupada com o mercado,perco noites pensando se o livro vai vender,quero ficar rica e famosa.
Meu amigo que,como eu ,nunca se preocupou com essas firulas e escreve por prazer,ficou um pouco chocado,com as opiniões dessa” cultural climber”,alpinista social,que,jamais chegará onde quer, porque,o ato de escrever é místico,tem que fluir,é como fazer xixi,como dizia outro mestre ,Lobato,que sabia que livro muitas vezes mexido e consertado,desanda como doce de leite e não consegue passar emoção,pois,o autor está preso a regras e convenções,além de falsas esperanças.
Escrever é uma necessidade que,nem sempre supre nossas necessidades básicas,pois,uma carreira literária constrói-se ao longo de vinte anos ou mais,alguns como Melville,morrem sem ter alcançado a fama,mulherzinha venal e caprichosa ,que anda sempre rondando a “Deusa Cadela”,como D. H. Lawrence,se referia á Literatura.
Está claro ,para mim,uma coisa: escreva claro e ponha emoção no que faz,esse é o segredo da escrita.E,acima de tudo,não escreva para os outros; para mim,escrever é um diálogo do escritor consigo mesmo,pois trás para o presente a sabedoria que se aprendeu durante a vida.
Se Deus escreve certo por linhas tortas,porque devemos nos preocupar tanto com acentos,ortografias, porque ter medo de neologismos,brilhantemente criados por Guimarães Rosa,se a língua é móvel,como as mulheres,aliás é a língua,notou, e o povo é seu único dono e senhor?
Do latim castrense, falado errado nos quartéis,nasceu o português,nossa língua ,última flor do Lácio,inculta e bela ,como disse Bilac.
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