quinta-feira, 30 de abril de 2015

Poesia de Ilona Bastos


Poesia de Ilona Bastos

 

Dançante o meu olhar, que é Céu;  Quando a noite está quente; Versos em fuga    



Dançante o meu olhar, que é Céu;


 As nuvens viajam no céu.
 São brancas, às ondas, redondas,
 São leves, etéreas, oblongas,
 São ledas, suaves, serenas,
 São velas, veleiro, singrando
 Cordato, no mar infinito.

 O vento que sopra as encanta,
 O vento gentil as desmancha,
 O vento as estende, transforma,
 Subtil, envolvente, as seduz,
 E faz, desfazendo-as, ceder,
 Em gotas de água, sublime prazer.

 As árvores longínquas, frondosas,
 Verdes, brilhantes, harmoniosas,
 Ao jorro da chuva se animam,
 Ao sopro da brisa balançam,
 Bailarinas inspiradas, em aplauso
 Aclamadas pelos arbustos em flor.

 E, dançante, o meu olhar, que é céu,
 Que é vento e chuva, árvore e flor,
 Pela sala voa, música vibrante,
 Os vidros atravessa, confiante,
 Se entrega à vista bela, além janela,
 Feliz, enfim, confunde-se com ela.

 

 Quando a noite está quente


 Quando a noite está quente
 e o coração saciado de amor,
 sentada para escrever,
 a música a ditar o meu sentir,
 é poesia que me sai das mãos,
 como renda preciosa
 ou bordado mimoso,
 como doce apetecível
 ou afago carinhoso.

 Os sons longínquos
 não perturbam a paz,
 e o sono brando do cão,
 amável companhia,
 é conforto e tranquilidade.

 Embarco nos acordes
e na melodia,
brisa refrescante
 a enfunar as velas
do meu pensamento.
 E navego mar afora,
 cortando velozmente a água
 inventando um rasto de espuma,
 sonhos e palavras
 que compõem este poema.

 

 Versos em fuga


 Afastam-se, voando,
 as palavras em verso
que na noite murmuro
 (incessante balbucio, por
 entre sonhos turbulentos).

 Digo e repito as ideias
 pois temo perdê-las.
 Retenho detalhes,
 decoro-lhes formas
 de oração a não esquecer.

 Pela manhã, estou só,
 desse canto, o que ficou?
 Vagas impressões
 de ladainha abandonada
 pelas trevas, pelo vento…

Ou seja, nada! Tudo se foi!
 Resta-me este rasto triste,
 do que julguei encontrar
 mas me fugiu dos lábios
 com o sopro da alvorada!





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