quarta-feira, 29 de abril de 2015

NOMES... - Por Miriam de Sales Oliveira


NOMES...

Por Miriam de Sales Oliveira

“Cada homem tem um nome
Dado a ele por  Deus
E dado a ele por seu pai e sua mãe”

Assim começa um belo poema israelita que descobri há  poucos dias.Verdade,nomear alguém é a primeira coisa que se cuida.Muitos nomes são escolhidos antes das crianças nascerem e podem ser para homenagear alguém ,um ancestral ou um ídolo ou nomes bíblicos,e já conheci ou soube de  pessoas com nomes de remédio,como Renagel ou estrambóticos ,como Hiena ou inventados  mesclando os nomes do pai e da mãe.

O certo é que tendo recebido o nome  a gente tem  que cuidar dele.Só teremos um ,do nascimento á morte e temos que mantê-lo honrado e respeitado.Não podemos transformar nosso nome em palavrão.

“Cada homem tem um nome
Dado a ele por sua altura e pelo jeito de andar
E dado a ele pela roupa(...)”

São os apelidos carinhosos ou não,que acompanham ou substituem o nome,seja um local de nascimento (Irmã Dulce da Bahia) ou um diminutivo (Mirinha,Jorginho,Gigi  etc) ou uma qualidade,boa ou duvidosa (João Valentão,Fio Maravilha,João de Deus,João Dólar)...

E,como a humanidade é crítica e cruel  vale-se de uma deficiência física ou moral para humilhar o oitado: Baixinho, Feioso, Coxinho, Lourinho, Jamanta ...

A altura,a cor dos cabelos,o jeito de andar e a maneira de vestir fazem parte da personalidade do indivíduo, do seu todo e contam muito quem ele é,no que acredita e como pensa.Nós somos únicos; nem gêmeos  univitelinos  são totalmente iguais.Fisicamente até somos parecidos,mas,o jeito de ser é diferente.

“Cada homem  tem um nome
Dado a ele por seus pecados
E dado a ele pelos seus anseios “

Nossos sonhos e desejos somos nós;nossas expectativas,nossas esperanças nossa régua e nosso compasso, somos nós.Nossa compreensão,nossa bondade,nosso discernimento,nossas crenças e nossas obras, nosso crescimento social.

Nossos pecados, também,assumidos ,conhecidos ou ignorados são nossos:a inveja, a maldade, a destruição,a dor que causamos,o desrespeito e seu filho mais violento,o preconceito e sua irmã,a intolerância,também,são nossos.Fazem parte do nosso caráter ou provam a falta dele.E, a nossa consciência se ressente.Se não estamos bem conosco não estaremos bem com o mundo.Pois a consciência nada mais é que a voz de Deus sussurrando nos nossos ouvidos.

“Cada homem tem um nome
Dado a ele pelo mar
E dado a ele por sua morte.”

Poema de Zelda Schneersohn – Mishkovsky

O belo poema da Zelda que descobri através do livro de Amós Oz “O Judeu e as Palavras”,em parceria com sua filha, Fania Oz Salzberger,  fala da vida e da morte. E estabelece que o modo que nos portamos na vida determina como seremos lembrados após a morte.

Como as pessoas tendem a lembrar  o lado pior sempre seremos mais lembrados pelas maldades cometidas do que pelo bem que espalharmos.Apesar de nos sepulcros só serem gravados elogios.

E ai me vem a reflexão: se tudo acaba,se a morte é democrática e dela ninguém escapa,nem o rei,nem o bispo nem o Papa e, se do mundo nada levamos,porque conspurcar nossa breve passagem por aqui, roubando, matando, prejudicando, corrompendo ou se permitindo ser corrompido,invejando,destruindo, prejudicando alguém se é assim que um dia seremos lembrados?

Eu sempre pensei que estamos aqui em viagem de turismo voltado para a aprendizagem e aprimoramento espiritual. O que significa os anos que passamos neste vale de lágrimas diante da Eternidade? Para que acumular coisas que não levaremos, dinheiro que não gastaremos, roupas que não usaremos mais?

Sugiro acumular bondades e sabedoria.

É por elas que deveríamos ser lembrados.




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