Poesia de India Libriana
LAMENTOS; AO TEMPO QUE FOSTE; HABEAS CORPUS
LAMENTOS
Parto sim, do jovem aconchego desse olhar
que não retocará a sua fantasia primeira
e só há bilhete para Lugar Nenhum a cobrar
nesta Estação ubi cheguei tarde à bilheteira...
Parto sim – de tudo – e parto suas promessas
abandono o tango e volto ao crepúsculo da solidão
e fragmento noites e vicio madrugadas travessas,
no pranto do fadista há lamentos sentidos em vão...
Em meu retorno ao calabouço do frio espectro
há portas hipócritas abertas a festejar
abanando convites para entrar e chorar na ruela
Há lágrimas de reencontro e desencontro
e há queixumes de paredes a atormentar
com boas vindas cantadas a solo e a capela
AO TEMPO QUE FOSTE
Es (és) de um tempo que foi e que já não dói
em que eram tuas minhas ruas
por onde passava e passeava
copioso teu olhar, uma dor de amar;
Eras caloroso espaço, regaço
de maciez sedosa, tez preciosa
cheirando a flores, dando calores
aos sentidos e ruídos contidos;
Es (és) da Imagem que foste, Cópia inópia
poesia sem sentimento, o pejo do beijo
que habitou o meu intenso silêncio
de todas as horas em que te amava nas demoras;
Es (és) saudade ausente, toque sem choque
do exaurido perfume sem ciúme,
da Ideia do inteligível no sensível
do tempo que foste, passado sem enfado;
Eras do tempo que eras e foram eras
de muitas promessas, louças essas já partidas
hoje nem saudades amenas, fóssil apenas
de tão remoto na minha memória sem glória.
HABEAS CORPUS
Vim para soltar da garganta o verbo
o grito que te sufoca e te prende no papel
pois é este teu medo de alforria que te dá tropel
Mas cautela! Nada de estar em assoberbo...
Vim desatar o nó do laço que te aperta forte,
fazer desaparecer dele medos e dores,
fluir das suas entranhas flores e amores
e fazer-te largar para os mares do norte...
Que a tua voz se erga bem alto
A altitude dos que esperam te ouvir
E dos que te desconheçam deste asfalto!
Esquece tudo o que antes te foi torpe,
que na nova via seja de maiêutica teu esculpir.
Estás solto dos teus grilhões. Que tenhas corpo!!!
India Libriana
LAMENTOS; AO TEMPO QUE FOSTE; HABEAS CORPUS
LAMENTOS
Parto sim, do jovem aconchego desse olhar
que não retocará a sua fantasia primeira
e só há bilhete para Lugar Nenhum a cobrar
nesta Estação ubi cheguei tarde à bilheteira...
Parto sim – de tudo – e parto suas promessas
abandono o tango e volto ao crepúsculo da solidão
e fragmento noites e vicio madrugadas travessas,
no pranto do fadista há lamentos sentidos em vão...
Em meu retorno ao calabouço do frio espectro
há portas hipócritas abertas a festejar
abanando convites para entrar e chorar na ruela
Há lágrimas de reencontro e desencontro
e há queixumes de paredes a atormentar
com boas vindas cantadas a solo e a capela
AO TEMPO QUE FOSTE
Es (és) de um tempo que foi e que já não dói
em que eram tuas minhas ruas
por onde passava e passeava
copioso teu olhar, uma dor de amar;
Eras caloroso espaço, regaço
de maciez sedosa, tez preciosa
cheirando a flores, dando calores
aos sentidos e ruídos contidos;
Es (és) da Imagem que foste, Cópia inópia
poesia sem sentimento, o pejo do beijo
que habitou o meu intenso silêncio
de todas as horas em que te amava nas demoras;
Es (és) saudade ausente, toque sem choque
do exaurido perfume sem ciúme,
da Ideia do inteligível no sensível
do tempo que foste, passado sem enfado;
Eras do tempo que eras e foram eras
de muitas promessas, louças essas já partidas
hoje nem saudades amenas, fóssil apenas
de tão remoto na minha memória sem glória.
HABEAS CORPUS
Vim para soltar da garganta o verbo
o grito que te sufoca e te prende no papel
pois é este teu medo de alforria que te dá tropel
Mas cautela! Nada de estar em assoberbo...
Vim desatar o nó do laço que te aperta forte,
fazer desaparecer dele medos e dores,
fluir das suas entranhas flores e amores
e fazer-te largar para os mares do norte...
Que a tua voz se erga bem alto
A altitude dos que esperam te ouvir
E dos que te desconheçam deste asfalto!
Esquece tudo o que antes te foi torpe,
que na nova via seja de maiêutica teu esculpir.
Estás solto dos teus grilhões. Que tenhas corpo!!!
India Libriana
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