terça-feira, 14 de julho de 2015

Crónicas do Oriente - Por: António Cambeta - Macau / Tailândia


Crónicas do Oriente -  Por: António Cambeta -  Macau / Tailândia

 SUTHORN PHU - O «Camões» Tailandês


O mais famoso poeta e o mais amado pelo povo tailandês, foi SUTHORN PHU

 No quinto ano do reinado do Rei Rama I, nascia no dia 26 de Junho de 1786, em Bangkok-noi, por detrás do palácio onde hoje se situa a estação de caminhos de ferro, um jovem a quem puseram o nome de PHU.

 Seu pai era natural da província de Rayong. Sua mãe era de outra província. Sunthorn Phu nasceu pouco depois de ter sido estabelecida a cidade de Bangkok (1782), volvido pouco tempo seus pais se divorciaram, tendo seu pai regressado à sua terra de origem, Muang Klaeng, Rayong, onde entrou para um mosteiro tornando-se monje budista.

 A sua mãe voltou a casar-se, passando a servir no Palácio Real. O jovem Phu foi educado no Wat (mosteiro) Sri Sudaram que se situava em Klong, Bangkok-noi, tendo abandonado os estudos para exercer o cargo de escriturário do governo, no palácio real, porém o que lhe agradava mais fazer era escrever poemas, tendo composto um longo poema baseado na história de Khobutra, o qual não chegou a completar.

Sendo uma pessoa muito independente e com um espírito muito curioso, criou uma série de conflitos, entre eles e o mais grave foi ter-se apaixonado por uma dama, ligada à realeza, de apelido Chan (ou Jun), dama essa que exerceu uma enorme influência no trabalho poético que Phu realizou. Phu foi punido e preso, por desrespeitar e violar a tradição monárquica.

 Após o indulto, e já com 21 anos de idade Sunthorn Phu, resolveu sair de Bangkok, indo visitar seu pai, que vivia na província de Rayong. Durante a longa viagem que durou um mês, o poético rapaz escreveu o seu primeiro poema chamado «Nirat Muang Laeng» poema esse que descreve a viagem com grande detalhe e sua grande paixão e saudade pela dama Chan, isto no ano de 1807.


 Regressado a Bangkok com ela contraiu matrimónio, desse enlace nasceu um filho chamado «Pat» que na idade adulta foi nomeado Juiz. O Phu entretanto tornou-se um alcoólatra, arranjando sempre conflitos com sua esposa, por esta foi abandonado. No ano de 1821, foi preso por se ter envolvido numa briga.

 O casal Phu estava casado ainda há pouco tempo, e foi por essa altura que Phu se envolveu em amores com outra senhora, o que levou a ter que se divorciar. Este foi o primeiro de muitos casamentos que contraiu e que terminaram em divórcio. Porém, a mulher que ele mais amou foi a Jun. No ano de 1809 morre o Rei Rama I, sucedendo-lhe no trono o Rei Rama II, este um poeta de génio, tendo visto Sunthorn Phu chamou-o para junto de si .

 O Rei quando escreveu o seu livro Ramakien, muitas vezes consultou o poeta Phu, tendo encontrado nele sempre uma metrificação, tendo sempre uma resposta sábia para os assuntos que o Rei indagava. Tão satisfeito ficou que lhe concedeu o título de Khun (Sir) Sunthorn Voharn.

 O poeta continuava a beber e a arranjar atritos, e um dia entrou em vias de facto com um tio de sua majestade, sendo por isso preso.

 A prisão serviu para o poeta como uma bênção , visto que foi durante a sua estadia na prisão, que concebeu a ideia de escrever um longo romance, onde narrava as aventuras vividas por dois irmãos, num mundo cheio de magia e encantos. Foi esta escrita imaginativa, uma das maiores obras literárias que se tornou famosa sendo seu título Phra Abhai Mani.

 Esta obra só foi concluída quando o poeta atingiu a meia idade, tendo-a publicado em capítulos e ganho algum dinheiro com isso, e tendo-se tornado famoso. Não ficou muitos anos preso, visto sua majestade lhe ter concedido perdão e lhe dar o posto de professor régio, tendo ensinados os príncipes e sendo conselheiro literário do Rei.

 Foi nesta qualidade de conselheiro literário do Rei que ele incorreu na ira do filho mais velho do Rei, Príncipe Jesdabodindra, também um ilustre poeta, que Phu se aventurou a fazer criticas públicas de algumas linhas escritas pelo Príncipe, ao ponto de corrigir e alterar a sua escrita. O Príncipe tomou isso como uma ofensa pessoal e, infelizmente para o poeta ele nunca mais o esqueceu e jamais o perdoou por isso.

 Em 1824, o grande patrono do poeta , o Rei Rama II, faleceu, tendo subido ao trono o Príncipe Jesdabodindra, tendo retirado ao poeta o título de Kun (Sir) , perdendo este igualmente o seu posto no palácio, saiu da capital e se dedicou à agricultura, porém por pouco tempo tendo se refugiado num mosteiro, onde permaneceu 18 anos tendo escrito vários poemas, o mais notável Nirat Suphan e Nirat Wat Chao Fa, obras estas escritas durante as suas viagens e em lugares diferentes, tendo saído do mosteiro para se tornar comerciante.

 No ano de 1832, o Príncipe Lakhananukhun, filho do Rei Rama III, teve o prazer de ler os poemas de Phu, adorou a sua escrita, tendo-o chamado para junto de si, tendo Phu escrito para o seu patrono alguns poemas.

Mas o poeta obstinado e criando sempre problemas, quando o seu patrono morre no ano de 1835, tornou a ser expulso do palácio, tendo passado a vaguear de lugar para lugar usando um barco que lhe servia de habitação e vendendo seus poemas, sempre que podia.

 Porém um grande poeta como era o Phu não podia continuar vivendo na obscuridade, foi então que o Príncipe Isaresrangsan, outro filho do Rei Rama II, o mandou chamar ficando o poeta aos seu serviço.

 Este Príncipe era o irmão querido do Príncipe Mongkut, assim que seu irmão subiu ao trono como Rei Rama IV, concedeu ao poeta o título de Phra Sunthorn Voharn, tendo passado o restos de seus dias vivendo em paz até que faleceu em 1885.

 Ele deixou para trás um legado de poemas que se tornaram famosos ao longo do tempo, porque eles descrevem a história da Tailândia.

 Os seus poemas são ensinados nas escolas tailandesas, tal como o Lusíadas em Portugal, ficando assim a saber - se a história de seu Tailândia.

 As suas obras poéticas foram homenageadas pela UNESCO. Ele começou o poema épico, Phra Aphai Mani na prisão, e publicou-o em parcelas ao longo de 20 anos. Durante o período de 1824 a 1851, sendo Rei Rama III, o poeta por ter sido por ele criticado pela forma forma como escrevia e por ter por ele sido punido, pouco mais escreveu.

 

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