domingo, 12 de julho de 2015

COLUNA POÉTICA DE MARIA PETRONILHO


COLUNA POÉTICA DE MARIA PETRONILHO



 Preciso a vela de um barco; Em busca de uma centelha; Envelhecendo 

 

 Preciso a vela de um barco

 Uma vela larga e branca

 Habituada à salmoura

 Preciso secar o pranto

 Levar para longe a tristeza

 Vagueio só à deriva

 Sou a naufraga da vida

 Nada vislumbro no céu

 Tragam-me a vela de um barco

 Aonde sufoque o pranto

 E me leve para longe

 Do rasto deste momento

 Que me traz em desalento

 ... Preciso as asas de um anjo!

 



 Em busca de uma centelha

Mariposa que se lança

 Desvairada contra a chama

 Que o sentido lhe alucina

 Pássaro que o surto olvida

 Ao magnetismo da cobra

 Sem cuidar que perde a vida

 Assim tomba a minha alma

 Qual nuvem na trovoada

 Que pelo chão se derrama

 De si mesma compungida

 Procurando na negrura

 Sobras da própria centelha


 
 Envelhecendo


 Envelheço, sim, com orgulho!

 Que quererias?!

 Que pedisse emprestadas horas

 às gerações vindouras,

 Eu, que findo?!

 Cabe-me olhar amplo,

 Que já vi tanto

 E resisti de sobejo.

 Cabe-me ser tronco,

 Que não ramo prometendo

 Florir sem fruto.

 Cabe-me ser esteio

 Aos que no vento se arrojam.

 Serenamente aguardo o sagrado limbo

 De onde emergi e onde mergulharei

 Atavicamente

 De novo.





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