Poesia de Virgínia Teixeira
A vida ao redor
O lago vive, com a sua água calma e morna,
Abraçado pela vida que ao seu redor alimenta
Encantado pela vida que a sua margem adorna
Tranquilamente no seio da floresta onde assenta
O vento sopra ao longe mas ali somente uma brisa vai chegar
As árvores enraizadas nas profundezas da terra húmida
Preparam-se para combater o vento que chega a uivar
Protegendo a placidez do lago que lhes dá vida
Do outro lado da colina, o mar bravio começa a vociferar
O vendaval cresce ferozmente e começa a fustigar a areia dourada
O mar vê-o chegar, esse remoinho de destruição, e prepara-se para lutar
Desembainha a espada, guerreiro, para salvar a vida por ele alimentada
O lago de águas mornas e tranquilas ondula devagarinho
Saboreando a brisa doce que as árvores não puderam controlar
Rejubilando na certeza do hoje e do amanhã no seu cantinho
O mar de águas ferozes e revoltas faz nascer ondas gigantes
Que morrem na areia sem tristeza, renascidas em instantes
Revoltado e profundo, sem certezas senão a de vingar!
Estranho Marinheiro
Homem sem beleza usual, estranho marinheiro,
Olhos negros, tenebrosas grutas nesse poderoso olhar,
Marinheiro que traz no corpo o singular cheiro
Á quente canela, pó sensual, e ao mar…
Esse mar que navega, incapaz de ficar,
O mar que o leva sem correntes
Porque há seres que não pertencem a nenhum lugar,
E esse tem uma ânsia pela liberdade que sei que já sentes
E que te aterroriza porque é impossível que já não o sintas…
Quando o fitaste ficaste completamente perdida,
És dele, inteiramente entregue à sede de o seguir…
E esse cárcere vai tomar-te para toda a vida,
Ainda que ainda não o saibas, esse marinheiro errante
Vai (como a mim!) povoar-te o pensamento todo o dia, tão ansiado amante…
Despedaçada
Não sei esconder nem por um instante mais,
Não quero calar mais um segundo que seja,
Vou gritar até me doer a voz enquanto tu vais,
Implorar-te sem pudor que fiques onde quer que eu esteja.
Porque tu és parte de mim mesma, és mais Eu que Eu,
És uma pele que me cobre num abraço de falcão,
A manta que me protege sem a ternura de um véu,
A carne que se despedaça com todos aqueles que se vão,
Com todos os que me abandonam à minha sorte,
Sem compreender que na realidade me deixam à morte,
Lívida e plácida como o espectro que te anseia.
Já fui mulher e quis-te como demente,
Agora sou apenas um resto, um cadáver, uma carcaça feia
E quero-te, a esse Eu que fugiu sem deixar para o mundo, sequer um sonho, uma semente…
A vida ao redor
O lago vive, com a sua água calma e morna,
Abraçado pela vida que ao seu redor alimenta
Encantado pela vida que a sua margem adorna
Tranquilamente no seio da floresta onde assenta
O vento sopra ao longe mas ali somente uma brisa vai chegar
As árvores enraizadas nas profundezas da terra húmida
Preparam-se para combater o vento que chega a uivar
Protegendo a placidez do lago que lhes dá vida
Do outro lado da colina, o mar bravio começa a vociferar
O vendaval cresce ferozmente e começa a fustigar a areia dourada
O mar vê-o chegar, esse remoinho de destruição, e prepara-se para lutar
Desembainha a espada, guerreiro, para salvar a vida por ele alimentada
O lago de águas mornas e tranquilas ondula devagarinho
Saboreando a brisa doce que as árvores não puderam controlar
Rejubilando na certeza do hoje e do amanhã no seu cantinho
O mar de águas ferozes e revoltas faz nascer ondas gigantes
Que morrem na areia sem tristeza, renascidas em instantes
Revoltado e profundo, sem certezas senão a de vingar!
Estranho Marinheiro
Homem sem beleza usual, estranho marinheiro,
Olhos negros, tenebrosas grutas nesse poderoso olhar,
Marinheiro que traz no corpo o singular cheiro
Á quente canela, pó sensual, e ao mar…
Esse mar que navega, incapaz de ficar,
O mar que o leva sem correntes
Porque há seres que não pertencem a nenhum lugar,
E esse tem uma ânsia pela liberdade que sei que já sentes
E que te aterroriza porque é impossível que já não o sintas…
Quando o fitaste ficaste completamente perdida,
És dele, inteiramente entregue à sede de o seguir…
E esse cárcere vai tomar-te para toda a vida,
Ainda que ainda não o saibas, esse marinheiro errante
Vai (como a mim!) povoar-te o pensamento todo o dia, tão ansiado amante…
Despedaçada
Não sei esconder nem por um instante mais,
Não quero calar mais um segundo que seja,
Vou gritar até me doer a voz enquanto tu vais,
Implorar-te sem pudor que fiques onde quer que eu esteja.
Porque tu és parte de mim mesma, és mais Eu que Eu,
És uma pele que me cobre num abraço de falcão,
A manta que me protege sem a ternura de um véu,
A carne que se despedaça com todos aqueles que se vão,
Com todos os que me abandonam à minha sorte,
Sem compreender que na realidade me deixam à morte,
Lívida e plácida como o espectro que te anseia.
Já fui mulher e quis-te como demente,
Agora sou apenas um resto, um cadáver, uma carcaça feia
E quero-te, a esse Eu que fugiu sem deixar para o mundo, sequer um sonho, uma semente…
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