Poesia de Cremilde Vieira da Cruz
TEU NOME
O sopro do vento,
A paisagem,
Os fenos estendidos que chamam,
Os segredos que se omitem,
A verdade aberta que as marés clamam.
A paisagem vai e vem,
Agita-se
Como se quisesse falar com alguém
Sem corpo,
Ou como se quisesse precipitar-se
Para lá dos montes,
Para lá do além.
Não há vagas entre os dedos das ervas.
Não há fogo nem porta aberta
Onde resvalam as pedras
No rumor de águas escorridas.
Sem braços que procurem,
Soltam-se à deriva sem desejos,
O mar no meio,
Páginas sem teto,
Paisagem irrequieta sem folhagem.
Quantas páginas precisarei
Para escrever teu nome?
Basta um sopro do vento.
Eu sei!
A quietude do peito,
Teu nome...
Não há mais sílabas nem rumor.
Como tu queiras.
Não tenho membros,
Não tenho nada,
Apenas aquele amor,
Fixado pelo sopro do vento,
Na distância do mar.
Cremilde Vieira da Cruz
METAMORFOSE
Doem-me os braços se escrevo,
Doem-me os olhos se leio,
Dói-me a vida
De angústia envolvida,
Dói-me a alma,
Dói-me a boca.
Dou um ai,
Ninguém o ouve,
E quase me sinto louca.
Também o longe me dói.
Dói-me a monotonia do tempo,
Dói-me se me fala o vento.
Às vezes dói-me a presença.
Dói-me quando a noite cai,
Doem-me as horas que espero,
Dói-me tanto desespero.
Dói-me quando abro a porta,
Se a fecho também me dói.
Dói-me o peso do silêncio,
Dói-me tudo quanto penso,
Dói-me a mudez das paredes,
Dói-me o silêncio das pedras,
Dói-me tudo sem reservas,
Dói-me o nevoeiro denso,
A lonjura do horizonte imenso,
Dói-me o mar se grita às vezes,
Ou se me embrulha nas redes
De tudo quanto me dói.
Cremilde Vieira da Cruz
TEU NOME
O sopro do vento,
A paisagem,
Os fenos estendidos que chamam,
Os segredos que se omitem,
A verdade aberta que as marés clamam.
A paisagem vai e vem,
Agita-se
Como se quisesse falar com alguém
Sem corpo,
Ou como se quisesse precipitar-se
Para lá dos montes,
Para lá do além.
Não há vagas entre os dedos das ervas.
Não há fogo nem porta aberta
Onde resvalam as pedras
No rumor de águas escorridas.
Sem braços que procurem,
Soltam-se à deriva sem desejos,
O mar no meio,
Páginas sem teto,
Paisagem irrequieta sem folhagem.
Quantas páginas precisarei
Para escrever teu nome?
Basta um sopro do vento.
Eu sei!
A quietude do peito,
Teu nome...
Não há mais sílabas nem rumor.
Como tu queiras.
Não tenho membros,
Não tenho nada,
Apenas aquele amor,
Fixado pelo sopro do vento,
Na distância do mar.
Cremilde Vieira da Cruz
METAMORFOSE
Doem-me os braços se escrevo,
Doem-me os olhos se leio,
Dói-me a vida
De angústia envolvida,
Dói-me a alma,
Dói-me a boca.
Dou um ai,
Ninguém o ouve,
E quase me sinto louca.
Também o longe me dói.
Dói-me a monotonia do tempo,
Dói-me se me fala o vento.
Às vezes dói-me a presença.
Dói-me quando a noite cai,
Doem-me as horas que espero,
Dói-me tanto desespero.
Dói-me quando abro a porta,
Se a fecho também me dói.
Dói-me o peso do silêncio,
Dói-me tudo quanto penso,
Dói-me a mudez das paredes,
Dói-me o silêncio das pedras,
Dói-me tudo sem reservas,
Dói-me o nevoeiro denso,
A lonjura do horizonte imenso,
Dói-me o mar se grita às vezes,
Ou se me embrulha nas redes
De tudo quanto me dói.
Cremilde Vieira da Cruz
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