segunda-feira, 1 de junho de 2015

O ALBERTÃO, O FRANCISCÃO E O DOMINGÃO


O ALBERTÃO, O FRANCISCÃO E O DOMINGÃO

Conto Infanto / Juvenil por Avómi

(Cremilde Vieira da Cruz)


Encontrei estes três irmãos num dos meus passeios pela floresta africana. Quando me viram, ao contrário do que esperava, dirigiram-se a mim e olharam-me admirados, como que a dizer que o meu lugar não era ali.

Nunca tinha visto veados tão perto e foi uma sorte acontecer naquele dia, pois nos vastos passeios que dei pela floresta com esperança de encontrar estes animais de que tanto me falavam, apenas os tinha avistado a uma distância enorme.

- O que faz aqui uma avozinha solitária? - perguntou o primeiro.
- Gosto dos teus cabelos brancos! - exclamou o segundo.
- Vieste para nos conheceres? - perguntou o terceiro - Tem cuidado! Não devias andar por aqui sozinha.

Então eu disse:
- Em primeiro lugar, gostaria que me dissessem os vossos nomes, pois gosto de tratar os animais, assim como as pessoas, pelos nomes próprios.

- O meu nome é Albertão, este é o Franciscão e aquele o Domingão. - disse o primeiro.
- Muito bem! Têm nomes muito bonitos! Quem escolheu os vossos nomes?

- O meu nome foi escolhido pelo meu pai. Quando nasci era muito grande e o meu pai entendeu que, em vez de me pôr o nome de Alberto que tinha escolhido antes de eu nascer, chamar-me-ia Albertão.

- O meu nome é Franciscão. Foi o meu avô que escolheu. Apesar de eu ter nascido muito pequenino, ele entendeu que eu iria crescer muito e, por isso, achou que não deveria chamar-me Francisco, mas Franciscão.

- Eu sou o Domingão! Foi a minha mãe que escolheu. Como nasci num domingo de Céu azul e Sol radioso e ela achou que tinha sido o domingo mais belo de toda a sua vida, em vez de me chamar Domingo, chamou-me Domingão.

- Não há dúvida que, qualquer de vós é um exemplar imponente! - acrescentei.

Vou então falar-vos de mim:
Chamo-me Avómi, e quem me pôs o nome foi o meu neto, o Tiago que é um menino muito simpático. É pena que não o possa trazer aqui para vos apresentar, pois ele também gosta muito de animais e tenho a certeza que lhe agradaria conhecer-vos.

Tenho vindo aqui dezenas de vezes, sempre só, porque queria ver-vos de perto e falar convosco. Venho sempre só, porque aqueles que poderiam acompanhar-me não acreditam, quando lhes digo que me encontro com os animais e converso com eles. Dizem que sou maluquinha.

- Malucos são eles! - disse o Albertão, erguendo as hastes de que se orgulhava.
- Agradeço o apreço que demonstraste pelos meus cabelos brancos,
Franciscão. Não é vulgar gostar-se de cabelos brancos, sabes? Até há quem os pinte de castanho, de preto, de louro e de outras cores. - disse eu.
- Cada um usa como gosta, não é? - disse o Franciscão - Também há quem não goste das minhas hastes, mas eu gosto e ando sempre de cabeça bem levantada, para que se vejam bem.
- São lindas! - exclamei - Agora que as vi de perto, ainda gosto mais que antes.

Falta responder ao Domingão, o que passarei a fazer:
Agradeço o teu cuidado, Domingão! Tens razão, pois sou um bocado atrevida e desloco-me na floresta como se da minha casa se tratasse. Nunca penso no perigo que isso acarreta. Contudo, tenho tido muita sorte e todos os animais que tenho encontrado têm sido atenciosos e estimam-me bastante.

Há dias, quando vos procurava, dei comigo diante de um leão tão grande, tão grande, que pensei:
Desta vez acontecer-me-á como à Avozinha do "Capuchinho Vermelho". Mas não! O leão foi tão simpático que foi ele próprio a dizer-me que se quisesse encontrar-vos, teria que vir a esta hora.

Acreditei nele e aqui estou, muito contente por estar frente a frente com os veados mais elegantes e agradáveis que jamais tinha imaginado.

1991/10/06

Avómi

(Cremilde Vieira da Cruz)




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