Poesia de Mário Matta e Silva
NO SONHO DO BEM-ME-QUER
Vou na amplitude da tarde
colher a vastidão das planícies
ofuscar-me nos brilhos do sol
derramar por aí o meu próprio eu
tão insolente e tão irrequieto
no extravasar desse imenso rol
de deusas e de musas que caem do céu
aos trambolhões, em queda-livre
sobre o amontoado de fantasias
que vou construindo sem regras
nem preceitos, nem esquadros
dicionários, guias, mapas ou tratados
mas que guardo para mim ao fim dos dias
que se vêm misturar ao sono perturbado
para que nessas planícies feitas
de libertinagem, tenha por companhia
essa luz uniforme e cálida do dia
com os seus matizes e os seus perfumes
prenhes de papoilas e mal-me-queres
ensopados de ácidos estrumes
com raiva depositados no ventre terra
e a partir dela desabrocha a natureza
tão meiga, tão generosa, tão aveludada
que tanto se deseja e tanto se quer
pelo restolho árido de cada madrugada
febril a mitigar a sede em riacho puro
até que pela noite ribombe o escuro
num sonho morno feito de bem-me-quer.
5 de Agosto de 2014
MÁRIO MATTA E SILVA
BATIAM AS SEIS DA TARDE
Batiam a seis da tarde
Numa recepção à lua
Tarde fria de luz crua
Na despedida do sol
Vem outra noite a rebol
Batiam as seis da tarde.
NO SONHO DO BEM-ME-QUER
Vou na amplitude da tarde
colher a vastidão das planícies
ofuscar-me nos brilhos do sol
derramar por aí o meu próprio eu
tão insolente e tão irrequieto
no extravasar desse imenso rol
de deusas e de musas que caem do céu
aos trambolhões, em queda-livre
sobre o amontoado de fantasias
que vou construindo sem regras
nem preceitos, nem esquadros
dicionários, guias, mapas ou tratados
mas que guardo para mim ao fim dos dias
que se vêm misturar ao sono perturbado
para que nessas planícies feitas
de libertinagem, tenha por companhia
essa luz uniforme e cálida do dia
com os seus matizes e os seus perfumes
prenhes de papoilas e mal-me-queres
ensopados de ácidos estrumes
com raiva depositados no ventre terra
e a partir dela desabrocha a natureza
tão meiga, tão generosa, tão aveludada
que tanto se deseja e tanto se quer
pelo restolho árido de cada madrugada
febril a mitigar a sede em riacho puro
até que pela noite ribombe o escuro
num sonho morno feito de bem-me-quer.
5 de Agosto de 2014
MÁRIO MATTA E SILVA
BATIAM AS SEIS DA TARDE
Batiam a seis da tarde
Numa recepção à lua
Tarde fria de luz crua
Na despedida do sol
Vem outra noite a rebol
Batiam as seis da tarde.
Batiam as seis da tarde
Ténue tom crepuscular
Vem a noite pra te amar
Tão solene e tão vilã
Mesclado de romã
Batiam as seis da tarde.
Ténue tom crepuscular
Vem a noite pra te amar
Tão solene e tão vilã
Mesclado de romã
Batiam as seis da tarde.
Batiam as seis da tarde
No campanário sombrio
Vai de manso água do rio
Nas sombras do arvoredo
Cresce o pranto, cresce o medo
Batiam as seis da tarde.
No campanário sombrio
Vai de manso água do rio
Nas sombras do arvoredo
Cresce o pranto, cresce o medo
Batiam as seis da tarde.
Batiam as seis da tarde
Foi-se o dia radioso
Em teu corpo esplendoroso
Chora a criança num pranto
Sofrem velhos sem encanto
Batiam as seis da tarde.
Foi-se o dia radioso
Em teu corpo esplendoroso
Chora a criança num pranto
Sofrem velhos sem encanto
Batiam as seis da tarde.
Batiam as seis da tarde
Há um crime, uma traição
Acelera um coração
No amor, na euforia
Da praia vem maresia
Batiam as seis da tarde.
Há um crime, uma traição
Acelera um coração
No amor, na euforia
Da praia vem maresia
Batiam as seis da tarde.
Batiam as seis da tarde
Ouvem-se tiros estridentes
Morrem à fome inocentes
E tudo cega o olhar
Perfumes, peitos a arfar
Batiam as seis da tarde.
Ouvem-se tiros estridentes
Morrem à fome inocentes
E tudo cega o olhar
Perfumes, peitos a arfar
Batiam as seis da tarde.
Batiam as seis da tarde
Numa luta de emoções
Canalhas, agiotas, aldrabões
Declarações apaixonadas
Na espera das alvoradas
Batiam as seis da tarde.
22 de Janeiro de 2015
Mário Matta e Silva
Numa luta de emoções
Canalhas, agiotas, aldrabões
Declarações apaixonadas
Na espera das alvoradas
Batiam as seis da tarde.
22 de Janeiro de 2015
Mário Matta e Silva
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