Retirado de Cineclube de Faro
PASOLINI
Abel
Ferrara, França, 2013, 86’, M/18
FICHA TÉCNICA
Título Original: Pasolini
Realização: Abel Ferrara
Argumento: Maurizio Braucci e Abel Ferrara uma ideia
de Nicola Tranquillino e Abel Ferrara
Montagem: Fabio Nunziata
Fotografia: Stefano Falivene
Interpretação: Willem Dafoe, Riccardo Scamarcio, Ninetto
Davoli, Maria de Medeiros
Ano: 2013
Origem: França
Duração : 86´
Origem: França
Duração : 86´
Um dia, uma vida. Roma, na noite de 2 de Novembro de 1975... O grande poeta e cineasta italiano Pier Paolo Pasolini é assassinado. Pasolini é um símbolo de uma arte que batalha contra o poder. Os seus escritos são escandalosos, os seus filmes são perseguidos pelos censores, muita gente o ama e muitos o odeiam.
No dia da sua morte, Pasolini passa as últimas horas com a sua amada mãe e mais tarde com os amigos mais próximos, e finalmente sai para a noite no seu Alfa Romeo em busca de aventura na cidade eterna. Pela aurora, Pasolini é encontrado morto numa praia em Ostia nos arredores da cidade. Num filme flutuante e visionário, uma mistura de realidade e imaginação, Abel Ferrara reconstrói o ultimo dia do grande poeta.
No dia da sua morte, Pasolini passa as últimas horas com a sua amada mãe e mais tarde com os amigos mais próximos, e finalmente sai para a noite no seu Alfa Romeo em busca de aventura na cidade eterna. Pela aurora, Pasolini é encontrado morto numa praia em Ostia nos arredores da cidade. Num filme flutuante e visionário, uma mistura de realidade e imaginação, Abel Ferrara reconstrói o ultimo dia do grande poeta.
CRÍTICA
Figura essencial na história do moderno
cinema italiano, Pier Paolo Pasolini (1922-1975) surge, agora, como personagem
central de um filme assinado pelo americano Abel Ferrara — um retrato notável,
centrado numa magnífica interpretação de Willem Dafoe.
Escusado será dizer que nunca seria simples revisitar, em filme, a vida de uma personalidade tão fascinante, e também tão cheia de contrastes, como Pier Paolo Pasolini.
O autor de filmes como "O Evangelho Segundo São Mateus" (1964), "Decameron" (1971) ou "Salò ou os 120 Dias de Sodoma" (1975) foi, afinal, um criador tão ousado no plano temático como inventivo no domínio das linguagens — e, convém não esquecer, como cineasta, mas também enquanto escritor.
Ao abordar a figura de Pasolini, o americano Abel Ferrara resiste a qualquer caracterização banalmente biográfica, muito menos determinista. Aliás, o seu "Pasolini" começa por se distinguir pelo arco temporal que escolhe — trata-se de revisitar apenas o derradeiro dia de vida do cineasta (2 de Novembro de 1975), quando foi assassinado numa praia de Ostia, nos arredores de Roma.
Não estamos, assim, perante uma
"evocação" tradicional. Por um lado, o filme mostra-nos um Pasolini
empenhado no lançamento daquele que seria o seu derradeiro filme
("Salò"), ao mesmo tempo que se mantém uma voz activa na discussão da
situação política em Itália; por outro lado, através da contaminação de
diversos elementos (em particular a escrita de um argumento que deixaria
inacabado), deparamos com um criador reflectido no espelho dos seus fantasmas,
afinal discutindo sempre os
sentidos da sua intervenção pública.
Para a vibração emocional dos resultados, é obviamente essencial a composição de Willem Dafoe. Ferrara dirige-o muito para além de qualquer lógica "ilustrativa", pedindo-lhe antes a definição de uma personagem envolvida num turbilhão de desejos e ideias que, em última instância, nos conduzem à discussão do próprio lugar social do artista. Nesta perspectiva, para além da sua visão dialéctica de Pasolini, o filme "Pasolini" pode ser também uma sugestiva porta de entrada no seu universo literário e cinematográfico.
João
Lopes,
rtp.pt/cinemax
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