Poemas de Patrícia Neme
FUGA
O que existe em você, que me agita, incomoda...
E desperta em meu ser emoções escondidas?
Em meu corpo, minh'alma não mais se acomoda...
E eu vagueio num mar de ilusões proibidas.
Já não sei mais de mim, a cabeça anda em roda...
Tive as minhas defesas, sem dó, invadidas...
E você nem cogita que tanto incomoda,
nem supõe, em meu peito, as candentes batidas.
E eu me escondo, eu me guardo, não sei o que faço
- quanto anseio sentir o seu beijo, um abraço -,
O meu tempo passou... Nada mais a sonhar.
Nada mais... Como pode tal fado, ferino,
me falar de você e marcar-me o destino
de fugir, e fugir, e fugir... Sem parar?
Soneto da Saudade
O céu desperta triste, em tom cinzento,
qual lhe fora penoso um novo dia;
aos poucos, verte, em gotas, seu lamento...
Um pranto ensimesmado, de agonia.
Um rouco trovejar, pesado, lento,
parece suplicar por alforria,
num rogo já exangue, sem alento...
A chuva... O cinza... A dor... A nostalgia...
O céu despertou triste... O céu sou eu,
perdida num sonhar que feneceu,
sou prisioneira à espera de mercê.
Sonhando conquistar a liberdade
desta prisão, que existe na saudade...
Saudade, tanta, tanta... De você!
Estupidez
No circo armado na praça,
grita alucinada massa,
sem algo de humanidade.
Chega o homem prepotente,
embrulhado pra presente,
com olhar de crueldade.
Bandeirolas enfeitadas,
prontas pra serem fincadas
no que, de mal, nada fez.
O portão escancarado,
o touro vê-se empurrado
à sanha da estupidez.
E a turba grita excitada,
quer vida sacrificada,
quer sangue banhando o chão.
E baila, dança o toureiro,
ante o indefeso cordeiro,
num rito fútil, pagão.
Até que o corpo ferido,
sem vida, jaz consumido...
Pela civilização!
FUGA
O que existe em você, que me agita, incomoda...
E desperta em meu ser emoções escondidas?
Em meu corpo, minh'alma não mais se acomoda...
E eu vagueio num mar de ilusões proibidas.
Já não sei mais de mim, a cabeça anda em roda...
Tive as minhas defesas, sem dó, invadidas...
E você nem cogita que tanto incomoda,
nem supõe, em meu peito, as candentes batidas.
E eu me escondo, eu me guardo, não sei o que faço
- quanto anseio sentir o seu beijo, um abraço -,
O meu tempo passou... Nada mais a sonhar.
Nada mais... Como pode tal fado, ferino,
me falar de você e marcar-me o destino
de fugir, e fugir, e fugir... Sem parar?
Soneto da Saudade
O céu desperta triste, em tom cinzento,
qual lhe fora penoso um novo dia;
aos poucos, verte, em gotas, seu lamento...
Um pranto ensimesmado, de agonia.
Um rouco trovejar, pesado, lento,
parece suplicar por alforria,
num rogo já exangue, sem alento...
A chuva... O cinza... A dor... A nostalgia...
O céu despertou triste... O céu sou eu,
perdida num sonhar que feneceu,
sou prisioneira à espera de mercê.
Sonhando conquistar a liberdade
desta prisão, que existe na saudade...
Saudade, tanta, tanta... De você!
Estupidez
No circo armado na praça,
grita alucinada massa,
sem algo de humanidade.
Chega o homem prepotente,
embrulhado pra presente,
com olhar de crueldade.
Bandeirolas enfeitadas,
prontas pra serem fincadas
no que, de mal, nada fez.
O portão escancarado,
o touro vê-se empurrado
à sanha da estupidez.
E a turba grita excitada,
quer vida sacrificada,
quer sangue banhando o chão.
E baila, dança o toureiro,
ante o indefeso cordeiro,
num rito fútil, pagão.
Até que o corpo ferido,
sem vida, jaz consumido...
Pela civilização!
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