quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Dois Poemas de Mário Matta e Silva


Dois Poemas de Mário Matta e Silva


NAS VOLTAS DA VIDA

Uma volta, outra volta
Nas voltas que o Mundo dá
Vou lutando em cada volta
E a volta não pára já.
Volta certa, volta e meia
Revolta sempre a voltar
Vai na volta o tempo anda
Na forma de se animar.
Anda à volta, volteando
Nas voltas deste viver
Cada volta que se dá
A vida passa a correr.
Volta à esquerda e à direita
Volteio de carrossel
Vai longe a volta que dou
No cavalo cor de mel.
São voltas que tu me dás
Meio loucas, desvairadas
Já nada volta pr’a trás
Nestas longas caminhadas.
Até quando andar à volta
Da onda, do sol, da lua
Dê eu as voltas que der
Volto a ter-te bela e nua.
Nas voltas do teu rosário
Ando voltando ao pecado
Sentindo que em cada volta
Eu canto meu triste fado.
Vai na volta, vou na volta
Destes dias turbulentos
Com remoinhos à volta
Da pobreza, sofrimentos.
Reviravolta sangrenta
Ais de choro, gritaria
Em cada volta que damos
Quero que a Paz nos sorria.
Ao voltar à engrenagem
Das rodas que o tempo tem
Ando à volta na viagem
Do tempo que vai e vem.
Até quando vou voltar
À espera desse futuro
Cada dia há-de avançar
Do claro para o escuro
Até me sentir definhar
Toca a rodar, a rodar.

25 de Janeiro de 2015

MÁRIO MATTA E SILVA


O SANGUE ESCORRE EM PARIS

Paris. Viagem calma pelo Sena
Por onde voam andorinhas
A aragem é suave, amena
As nuvens vão cinzentas, baixinhas.
Com Notre – Dame, Gótico antigo
Tenho o cântico-chão como abrigo.
Paris. Nos três gritos, fronte erguida
Liberdade, igualdade, fraternidade
Revolução de furores tão destemida
Tão viril, tão gentil, de tanta idade.
Solene Arco do Triunfo, erguido e forte
Contra o nazismo, vencendo a morte.
Paris. Coração a bater pela Europa
Charles de Gaulle, feito vitória
Vaga que se ergue na popa
A banhar França com sua História.
Avanços hábeis na modernidade
Berço de emigrados a gritar saudade.
Paris. Do cume mais alto, a tocar estrelas
Torre Eiffel no ferro emaranhado
Campos Elisios, suas coisas belas
Paz feita no apogeu do Mundo alterado.
Na cultura assenta fórmulas de poetas
Baudelaire. em flores do mal, é rei de profetas.
Paris. De Charlie Hebdo, reduto caricatural
Expressão em desenhos feita liberdade
Sem mancha de prosa, sem texto formal
Vê mensagens bramidas p’la religiosidade.
Jihadismo pressegue, mata atrozmente
Em no nome de Alá, ceifando inocentes.
Paris. Cidade bela tão violentada
Por terrorismo louco, em sangue desfeito
Com gente de máscara e arma apontada
Magoada a Europa, chora no seu peito.
Numa falsa Fé, num atraiçoado Islão
Faz escorrer sangue p’lo Mundo Cristão!

3 de Fevereiro de 2015

MÁRIO MATTA E SILVA




Sem comentários:

Enviar um comentário