Poesia de Xavier Zarco
A Zeca Afonso; à Graça Soares; hoje sérgio bebi a certeza
A Zeca Afonso
os que comem tudo andam por aqui
zeca voam nas noites e nos dias
do poema concreto que é a vida
no poema em que o belo se reduz
ao horário a cumprir pelos que não
têm nada por vezes penso o como
se esquecem do poema da cantiga
que não dizem nem cantam têm medo
que a migalha de pão que o seu suor
amassou se enamore pelo bico
dos que voam nas noites e nos dias
e não habite a mesa que os aguarda
por vezes zeca sinto que perderam
a semente que espártaco deixou
sentindo-se felizes no sofá
vendo o que só aos outros acontece
sequer sentem que os próximos são eles
e como riem riem zeca escuto
os que andam por aqui e tudo comem
Xavier Zarco
Para a Graça Soares, minha esposa, no dia do seu aniversário: é um poema já com algum tempo, mas que se mantém bem actual.
à Graça Soares
meu amor não me esperes quando a noite
acordar em meu olhar
não me esperes
de nada vale o tempo que gastares
à janela da vida
que só a ti pertence
não te iludas
com as coisas da moral
que os vizinhos costuram nas ombreiras
com as manhãs que dizem que hão-de vir
nevoeiro algum diz do meu regresso
todo o nevoeiro
pronuncia somente o meu partir
nada mais que a minha ausência
por isso parte todas as molduras
todas
rasga as fotografias
apaga os risos
as lágrimas
diz aos filhos que a via é sempre em frente
onde o sol é bandeira desfraldada
com as suas próprias cores
e que rumem rumo ao sonho
porque antes vivê-lo um segundo
que chorá-lo toda a vida
bem sabes que a minha morte
só a mim pertence
e a mais ninguém
Xavier Zarco
hoje sérgio bebi a certeza
hoje sérgio bebi a certeza
num copo de vinho entre amigos
na solidão da casa as cadeiras
vazias mas repletas de memória
hoje recordas é o primeiro
dia dos dias que sobram
como sobra sobre a mesa
esse copo vazio de onde se bebe
a coragem estrume para o dia
que teima lá fora em nascer
Xavier Zarco
A Zeca Afonso; à Graça Soares; hoje sérgio bebi a certeza
A Zeca Afonso
os que comem tudo andam por aqui
zeca voam nas noites e nos dias
do poema concreto que é a vida
no poema em que o belo se reduz
ao horário a cumprir pelos que não
têm nada por vezes penso o como
se esquecem do poema da cantiga
que não dizem nem cantam têm medo
que a migalha de pão que o seu suor
amassou se enamore pelo bico
dos que voam nas noites e nos dias
e não habite a mesa que os aguarda
por vezes zeca sinto que perderam
a semente que espártaco deixou
sentindo-se felizes no sofá
vendo o que só aos outros acontece
sequer sentem que os próximos são eles
e como riem riem zeca escuto
os que andam por aqui e tudo comem
Xavier Zarco
Para a Graça Soares, minha esposa, no dia do seu aniversário: é um poema já com algum tempo, mas que se mantém bem actual.
à Graça Soares
meu amor não me esperes quando a noite
acordar em meu olhar
não me esperes
de nada vale o tempo que gastares
à janela da vida
que só a ti pertence
não te iludas
com as coisas da moral
que os vizinhos costuram nas ombreiras
com as manhãs que dizem que hão-de vir
nevoeiro algum diz do meu regresso
todo o nevoeiro
pronuncia somente o meu partir
nada mais que a minha ausência
por isso parte todas as molduras
todas
rasga as fotografias
apaga os risos
as lágrimas
diz aos filhos que a via é sempre em frente
onde o sol é bandeira desfraldada
com as suas próprias cores
e que rumem rumo ao sonho
porque antes vivê-lo um segundo
que chorá-lo toda a vida
bem sabes que a minha morte
só a mim pertence
e a mais ninguém
Xavier Zarco
hoje sérgio bebi a certeza
hoje sérgio bebi a certeza
num copo de vinho entre amigos
na solidão da casa as cadeiras
vazias mas repletas de memória
hoje recordas é o primeiro
dia dos dias que sobram
como sobra sobre a mesa
esse copo vazio de onde se bebe
a coragem estrume para o dia
que teima lá fora em nascer
Xavier Zarco
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